metropoles.com

Gorda? Paolla Oliveira vira musa empoderada ao assumir celulites

Críticas ao corpo natural da atriz suscitaram reflexões sobre padrão feminino, corpos naturais e cobrança estética para mulheres

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/Instagram
Paolla Oliveira
1 de 1 Paolla Oliveira - Foto: Reprodução/Instagram

Imagine a situação: você está na praia, usando, obviamente, roupas de banho. Um fotógrafo se aproxima, clica a cena, posta nas redes e, em poucas horas, milhares de pessoas estão falando sobre gordurinhas, celulites e estrias que, talvez, você nem havia se dado conta de que estavam ali. Ou sabia que existiam, mas não se importava. Se a situação pareceu assustadora e improvável, saiba que ela é frequente na vida de pessoas que vivem sob os holofotes.

Nesta semana, Paolla Oliveira, de 37 anos, sofreu críticas sobre seu corpo após fotos de cenas finais de “A Dona do Pedaço”, gravadas na praia, vazarem na internet. O mesmo ocorreu com a atriz hollywoodiana Scarlett Johansson, também flagrada de biquíni.

No entanto, à medida que os dois casos se misturavam nas redes sociais e mais pessoas tomavam conhecimento do fato, a discussão ganhou outro foco e muitas mulheres começaram a se perguntar: como duas artistas consideradas sex symbols por anos podem estar à margem dos atuais padrões da sociedade?

Para muitas mulheres, a reflexão foi seguida por alívio. “Vocês que acham que Paolla Oliveira está fora dos padrões, em que mundo vivem?”, escreveu uma usuária do Instagram. “Que sirva de lição, mulherada. Nossos esforços nunca serão suficientes. Vamos parar de tentar agradar e fazer sacrifícios malucos em prol desse padrão de beleza surreal”, comentou outra.

5 imagens
Ela estava gravando para A Dona do Pedaço
No Twitter, o assunto rendeu polêmica
Paolla Oliveira e Sergio Guizé
1 de 5

Paolla Oliveira teve o corpo criticado

Reprodução/Twitter
2 de 5

Ela estava gravando para A Dona do Pedaço

Reprodução/Twitter
3 de 5

No Twitter, o assunto rendeu polêmica

Reprodução/Twitter
4 de 5

Reprodução/Twitter
5 de 5

Paolla Oliveira e Sergio Guizé

AgNews
Representatividade

Na opinião da ativista Vanessa Campos, que atua nas redes sociais levando conceitos body positive para suas seguidoras, essa constante objetificação de corpos femininos tem feito as mulheres se darem conta sobre o caráter intangível e subjetivo do atual padrão de beleza da sociedade.

“A Paolla já foi elogiada pelo corpo, depois criticada como se estivesse vendendo uma imagem mentirosa, como se não pudesse ter um corpo normal e continuar sendo gostosa. Somos objetificadas a todo momento, o que gera uma busca desenfreada pelo pertencimento, por um padrão muito difícil de alcançar sem adoecimento físico e mental”, explica.

Segundo Vanessa, é necessário exercitar o amor próprio para evitar esse tipo de cobrança. “Todas nós sofremos pressão estética para caber num padrão, as gordas, além disso, podem sofrer processos de gordofobia, que é algo bem diferente. Mas todas vivemos numa sociedade gordofóbica em que ter uma silhueta maior, barriga, braço grande, coxa grossa, celulite e estria, peito caído é pecado.”

Para ela, criticada por suas curvas reais assim como as atrizes, a discussão vai além de cuidados e hábitos alimentares “Hoje, tenho acompanhamento nutricional, não como alimentos processados, pratico yoga e meditação, tive alta da terapia que me ajudou a entender tudo isso, mas também falo de um lugar de mulher classe média, branca, privilegiada, e que pode comprar orgânicos ou roupas pela internet em lojas especializadas”, pontua.

“A mudança que percebemos em algumas falas e comportamentos também é classista. Mulheres como Preta Rara, MC Carol de Niterói e Tais Carla são atacadas todo santo dia também por outras mulheres que projetam ali a sombra delas. Acredito nessa mudança, mas acredito bem mais que ela está em curso e que todas nós a construímos quando nos posicionamos com afeto por quem somos”, finaliza.

Confira o texto postado por Vanessa nas redes sociais:

View this post on Instagram

Esse é o meu corpo aos 40 anos. Com estrias, tatuagens, músculos, celulites e toda a minha história contada nessas curvas e dobras. Essa foto faz parte de uma série de cliques feito pela @lainha_loiola para a minha collab com a @lojaboh, pensamos nelas para falar sobre nossa relação com nossos corpos, já que batizamos esse projeto de CORPO AFETO. Recebo aqui, e recebemos por lá (por favor visitem o perfil da @lojaboh e participem dos posts sobre esse trabalho, tem sido importante demais nessa nossa construção), muitas mensagens por direct que contam isso e foi bonito de ler mulheres contando sobre a potência dos seus corpos quando foram mães ou como a relação com o corpo vem amadurecendo a partir de um olhar mais generoso sobre si. Porém, a maioria dos depoimentos fala do quanto é sofrido se ver no espelho, do ódio da barriga de avental, da vergonha dos braços de biscoiteira, da trava em ficar nua na frente dos crushs, de muitos e muitos gatilhos emocionais que nos fazem ter a crença de que nossos corpos não são suficientemente bonitos ou desejáveis. Lendo os depoimentos e vendo as minhas fotos sinto toda essa dor também porque já estive nesse lugar e em alguns dias o revisito. Atribuir valor às mulheres de acordo com a aparência serve a um projeto econômico (o mercado e a indústria esperam lucrar quando odiamos nossos corpos e tentamos mudar a aparência) e político (enfraquecer as mulheres na representação política, controlar suas relações e posições no mercado de trabalho). Ainda que estejamos constantemente discutindo sobre a aparência, a pressão estética está aqui, comendo no centro e padronizando nossos comportamentos, comprometendo nossa autoestima e dispersando movimentos de mulheres ao mesmo tempo em que nos subjugam ao domínio patriarcal. Por que não podemos escolher nossa aparência em vez de obedecer ao que impõem as forças do mercado e a indústria multibilionária da propaganda? A quem servimos quando tentamos nos encaixar nesse padrão impossível? Vamos mais uma vez permitir que ideais de beleza definam quem somos, nosso valor?

A post shared by Vanessa Campos (@blogueirafail) on

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comVida & Estilo

Você quer ficar por dentro das notícias de vida & estilo e receber notificações em tempo real?