Fundador da página “Humans of New York” critica Donald Trump em carta aberta no Facebook
Jornalista Brandon Stanton, dono da página que tem mais de 17 milhões de fãs, fez uma rara aparição na rede social para se posicional contra pré-candidato republicano
atualizado
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Brandon Stanton, fundador da página Humans of New York, no Facebook, que conta a história de pessoas que moram e passam pela cidade e já acumula mais de 17 milhões de fãs, não é muito de aparecer. Geralmente, são seus personagens, pessoas de todas as raças, estilos e classes sociais, que falam mais alto. Mas, nesta segunda-feira (14/3), ele usou o espaço para mandar um recado ao pré-candidato à presidência dos EUA Donald Trump.
Na carta aberta, Stanton diz que se esforça muito para não ser político no espaço, e que inclusive já se recusou algumas vezes a entrevistar outros candidatos, mas que chegou à conclusão de que “não existe tempo certo para se opor à violência e ao preconceito” e que se opor ao candidato não é, na verdade, uma decisão política. Mas sim moral.
“Eu assisti você retuitar imagens racistas. Vi você retuitar mentiras racistas. Vi você levar 48 horas para negar a supremacia branca. Assisti você encorajar alegremente a violência e prometer pagar as ‘taxas legais’ por quem cometesse violência em seu nome. Vi você defender o uso de tortura e o assassinato de famílias de terroristas. Vi você contar, feliz, histórias de assassinatos de muçulmanos com balas mergulhadas em sangue de porco. Vi você comparar refugiados a ‘cobras’ e dizer que o ‘Islã nos odeia'”, lista Stanton, na carta.
Quatro horas depois de ser publicada, a mensagem já tinha mais de 900 mil curtidas. Nos comentários, as pessoas reagiram. A maioria, apoiando o jornalista.
Com afirmações e propostas polêmicas desde que anunciou que seria pré-candidato pelo Partido Republicano, Trump vem surpreendendo nas prévias, vencendo a disputa em estados importantes. No decorrer da campanha, ele passou a moderar o discurso, mas entre suas propostas polêmicas já estiveram coisas como manter as mesquitas em solo americano vigiadas pelos serviços de inteligência e a construção de um muro para separar os Estados Unidos do México.
Confira a íntegra da carta de Stanton publicada no Humans of New York:
Uma carta aberta a Donald Trump:
Sr. Trump,
Eu faço o que posso para não ser político. Eu me recusei a entrevistar muitos dos seus colegas candidatos. Eu não queria arriscar nenhuma boa vontade ao aparecer tomando lados em uma eleição tão controversa. Eu pensei: ‘talvez o tempo não esteja correto’. Mas eu percebo agora que não exixte tempo certo para combater a violência e o preconceito. O tempo é sempre agora. POrque junto com milhões de americanos, eu percebei que me opor a você não é mais uma decisão política. É moral.
Eu assisti você retuitar imagens racistas. Vi você retuitar mentiras racistas. Vi você levar 48 horas para negar a supremacia branca. Assisti você encorajar alegremente a violência e prometer pagar as ‘taxas legais’ por quem cometesse violência em seu nome. Vi você defender o uso de tortura e o assassinato de famílias de terroristas. Vi você contar, feliz, histórias de assassinatos de mulçumanos com balas mergulhadas em sangue de porco. Vi você comparar refugiados a ‘cobras’ e dizer que o ‘Islã nos odeia’
Eu sou jornalista, sr. Trump. E ao longo dos últimos dois anos, conduzi extensas entrevistas com milhares de muçulmanos, escolhidos ao acaso, nas ruas do Irã, Iraque e Paquistão. Eu ainda entrevistei milhares de refugiados sírios e iraquianos em sete países diferentes. E posso confirmar – quem tem ódio aqui é você.
Aqueles de nós que têm prestado atenção não vão permitir que você troque de rótulo. Você não é um ‘unificador’. Você não é ‘presidenciável’. Você não é ‘vítima’ de toda a raiva que inflamou por meses. Você é um homem que encorajou o preconceito e a violência na perseguição de poder pessoal. E mesmo que suas palavras mudem nos próximos meses, você sempre será quem é.
Sinceramente,
Brandon Stanton