Fabricar produtos de limpeza em casa é aposta para produzir menos lixo
A prática também ajuda a economizar e pode ser um passatempo ecológico
atualizado
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Água, álcool e cascas de limão viram desinfetante. A mesma base, tirando o limão e adicionando sabão de coco e bicarbonato, resulta em sabonete líquido. Aos poucos, com uma boa dose de tutoriais do YouTube, a dispensa de algumas pessoas está começando a ter uma cara bem diferente, ecológica, vegana e caseira.
Isso é resultado da consciência ambiental, que chegou com força no Brasil em 2018, impulsionada pela geração millennial. A educação sobre temas de ecologia ficou mais acessível com as redes sociais e resultou em um boom que lembra um retorno ao passado, no qual as compras do mercado eram feitas a granel e a maioria dos produtos tinha produção feita em casa.
Para Thaissa Beutel, 33 anos, a mudança é recente. Quando uma colega começou a vender canudos de inox, a autônoma procurou mais informações a respeito do tema e descobriu a quantidade de lixo que produzia comprando embalagens do mercado. Além disso, o descarte de produtos químicos também agride o meio ambiente.
“Aderi, inicialmente, pela questão ambiental, mas percebi que era uma forma de economizar dinheiro. Produzo multiuso, sabão em pó e desengordurante para o fogão”, conta. “Aprendi tudo no YouTube”, afirma. Os próximos itens que Thaissa pretende fabricar em casa são desodorante e pasta de dente – as receitas já estão separadas.
Quanto à qualidade dos novos parceiros de limpeza, a autônoma garante que não perdem em nada para os vendidos no mercado. “O multiuso, por exemplo, é ótimo para louças, móveis e chão, mas não estava funcionando no fogão. Por isso, passei a manipular um desengordurante específico”, fala.
Thaissa diz que está tentando ao máximo fazer sua parte e que sim, é preciso planejamento para organizar a rotina da produção. “É complexo, ainda mais aqui em casa com duas crianças. Um ponto alto da experiência tem sido ter menos produtos em casa, porque a maioria pode ser usado em diversas superfícies”, compartilha.
Já Maria Filomena Tôrres, 60 anos, apostou na fabricação caseira há algum tempo. A professora aposentada fez um curso de agroecologia e atualmente troca receitas com as amigas. “Além de reaproveitar, reutilizar e reciclar, eu ainda economizo dinheiro e ocupo meu tempo. É muito prazeroso usar um produto feito por mim”, afirma.
Na pia, o sabão em pedra com óleo reutilizado não pode faltar. O sabonete líquido é fabricado por ela e, para amaciar as roupas, a aposentada usa vinagre. “Fica bem mais barato do que ir aos mercados, onde são vendidos milhares de produtos de limpeza que agridem o meio ambiente”, compara.
Precauções
Apesar do impacto ambiental, o engenheiro químico Juraci Silva garante que as opções industrializadas disponíveis são seguras. “Os diversos produtos de limpeza existentes são resultado de pesquisas e testes para comprovar performance, compatibilidade e estabilidade”, explica.
O especialista não recomenda a produção de qualquer mistura em casa. Ele alerta para algumas combinações, principalmente água sanitária com amaciante e vinagre com bicarbonato de sódio, que podem trazer riscos para a saúde. “Elas possuem riscos de levar à irritação, sensibilidade e problemas respiratórios”, adverte.