Estudante transexual que ganhou direito de usar nome social na UnB se forma e faz discurso provocador
Marcelo Caetano entrou com um pedido na Universidade de Brasília em 2012 para que fosse tratado pelo nome de homem em documentos da instituição
atualizado
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Em 2012, o transexual Marcelo Caetano, então estudante do segundo semestre do curso de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), virou notícia ao conseguir que a instituição usasse nos documentos internos seu nome social, em vez do de batismo.
A decisão era apenas para documentos como crachás e etiquetas – nos documentos públicos, como diploma, ainda consta o nome de nascimento de Marcelo -, mas foi importante porque foi o primeiro pedido institucionalizado e abriu caminho para que outros fossem aceitos mais facilmente.
Na época, Marcelo havia trancado quatro das sete matérias em que estava matriculado porque os professores se recusavam a chamá-lo pelo nome de homem. Insistiam em seguir a chamada, que tinha o nome de mulher de Marcelo, e chegaram a sugerir que ele “procurasse seus direitos”.
Na noite de quinta-feira (18/2), ele fechou esse ciclo com um belo discurso de formatura na colação de grau do curso, no Centro Comunitário da UnB. No Facebook, ele também comemorou a conquista.
Tenho ainda muitas coisas pra pensar e pra dizer sobre o que é olhar pro lado e não enxergar nenhum rosto negro junto aos seus colegas; saber-se a única pessoa trans a ter tido a oportunidade de falar naquele púlpito; talvez, a primeira pessoa trans a discursar em uma graduação de universidade pública. Há ainda muito a se pensar, um outro tanto a se fazer”, escreveu.
Ainda aguardamos pelo dia em que o preto estará no rosto, mais do que nas becas. Em que as travestis estarão na escola, mais do que na esquina. Se esse dia não chega, a gente toma! Nada nunca foi dado, por que agora seria? Mas ainda vai chegar o dia em que outros tantos como eu, estarão aqui e poderão dizer: Tudo nosso, nada deles!
Marcelo Caetano, no seu discurso de formatura