Entenda por que as famosas estão desfazendo procedimentos estéticos
Kim Kardashian, Flávia Pavanelli e até Gabi Martins: especialistas explicam as questões sociais por trás desse fenômeno de reversão
atualizado
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Por mais que, vez ou outra, uma celebridade revele que se submeteu a algum procedimento estético, existe uma tendência em crescimento que vai justamente na corrente contrária. Cada vez mais, famosas estão revertendo cirurgias plásticas e intervenções estéticas.
Os procedimentos de “restituição” vão desde retiradas de preenchimentos, caso da influenciadora Flávia Pavanelli, que causou nas redes ao remover o ácido hialurônico dos lábios, até explantes de silicone.
Mas não são só as brasileiras que estão voltando atrás nas intervenções estéticas. As Kardashians também tem dado o que falar ultimamente por causa das reversões.
As socialites são a maior referência de beleza da atualidade e apareceram, recentemente, com suas curvas menos acentuadas. Até mesmo o bumbum de Kim Kardashian teria diminuído, conforme apontaram fãs e tabloides americanos.
Mas por que famosas do mundo todo estão desfazendo seus procedimentos? O que estaria por trás desse “surto” de reversão? O Metrópoles conversou com especialistas para entender as questões sociais que estão influenciando nesse fenômeno.
Para Rodrigo Dantas, professor de filosofia da UNIRIO e ex-professor de filosofia na UnB, intervenções estéticas, como cirurgias para próteses nas mamas, lipoaspiração, rinoplastia, entre outros, além de um propósito físico, foram, durante anos, um símbolo de riqueza, já que poucas pessoas tinham condições financeiras de pagar por esses procedimentos.
“A necessidade de se distinguir, de ostentar e se colocar em uma posição de superioridade em relação aos outros é uma das características da sociedade capitalista”, elucida.
O filósofo explicou ainda sobre a imposição do padrão de beleza na sociedade e porque ele muda quando a maioria das pessoas consegue alcançar. “Os padrões são ditados pelos que dominam os meios de produção”.
“Quando todos podem ostentar como símbolos de status, distinção e reconhecimento, eles deixam de cumprir seu papel. É preciso inventar outros. Essa é a lógica que explica a moda e o modismo”, esclarece Rodrigo.
Para Alexandre Mendonça Munhoz, cirurgião plástico do hospital Sírio Libanês, existem alguns fatores que pesam na decisão de fazer uma cirurgia plástica. “Na maioria dos casos, há uma insatisfação genuína com o próprio corpo. E há, também, a necessidade de se encaixar em um padrão de beleza”.
“Nos últimos 10 anos a gente viu muito isso, principalmente pela hiperexposição às redes sociais. As pessoas veem aqueles modelos estereótipos e querem se enquadrar, até mesmo por uma questão de aceitação daquele grupo no qual estão inseridas”, elucida o cirurgião.
Aceitação
Outro fator responsável por esse fenômeno de reversão é o movimento de autoaceitação. O cientista político e sociólogo Rócio Barreto explica como ocorre esse processo. “Podemos citar, por exemplo, que uma mulher se sentia insatisfeita pelo tamanho dos seios em determinado momento da vida. Então, foi lá e colocou silicone”.
“Após 15/20 anos, o seu estilo de vida fazem com que ela não se veja mais naquele corpo criado pela indústria da beleza. Existe uma falta de naturalidade. O estilo mais natural do seu corpo passa a ser melhor visto pela pessoa que opta pela reversão”, acredita.
“A naturalização vem de padrões de qualidade de vida e melhor entendimento com seu corpo original”, argumenta Barreto.
Embora alguns movimentos de autoaceitação tenham ganhado força nos últimos anos, é importante salientar que as pessoas com maior poder aquisitivo não abandonaram os procedimentos, ela apenas os fazem de forma que não seja tão perceptível, já que o padrão atual é ser natural.
É caso da influenciadora Gabriela Pugliesi. A musa fitness gerou burburinhos ao compartilhar em seu perfil que havia trocado sua lentes de contato dental perfeitas, por lentes desgastadas. A justificativa, segundo ela, é que “são mais parecidas com os dentes naturais”.
A cantora e ex-BBB Gabi Martins também reverteu alguns procedimentos e reconheceu que exagerou nas mudanças após receber críticas do público. “As pessoas começaram a falar e eu, vendo aquilo, pensei: ‘Não devia ter feito isso. Comecei a retirar. Eu me arrependi'”.
“A reversão hoje diz respeito a uma naturalização que as pessoas tem buscado, pois muita gente que fez cirurgias estéticas em um momento da vida se sentiu pressionada a fazer. Seja pela sociedade, por pessoas do seu rol de de amizades, ou pela busca em se encaixar ao padrão de beleza daquela época”, finaliza o sociólogo Barreto.
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