Empresária contrata presidiários para fazerem bordados em Goiás
Dona de uma empresa de bordados, Milena Curado parou a pequena cidade de Goiás Velho quando decidiu contratar presidiários em sua empresa
atualizado
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A empresária e bordadeira Milena Curado parou a pequena cidade de Goiás Velho (GO) quando anunciou que iria usar a mão de obra de presidiáriao em sua empresa, Cabocla Criações. Isso por que Curado estaria dentro da prisão trabalhando lado a lado dos detentos. “Um tio me disse: ‘Você está ficando louca? Como é que você vai mexer com preso?'”, contou em entrevista à BBC Brasil. Mas ela garante que não se assusta com os companheiros de trabalho.
Inicialmente, a mão de obra era feminina, mas agora emprega 19 homens e uma mulher que fazem bordado artesanal em bolsas, roupas e almofadas. O projeto trabalha com técnicas tradicionais de bordado em Goiás e recebeu o prêmio máximo do Instituto de Patrimônio Histório e Artístico Nacional (Iphan).Milena contou ainda que não faz isso por pena ou “por ser boazinha”. “O que me levou ao presídio foi saber que eles teriam tempo disponível. Eu precisava da mão de obra, e eles são comprometidos com o trabalho. É uma troca”, comenta. “Sou microempresária. Por isso, só tenho direito a assinar a carteira de um funcionário. Para contratar mais pessoas, precisaria ter uma empresa grande. Como não tenho, só poderia pagar, por peça, pessoas que tivessem o bordado como atividade secundária”, explicou ainda.
Nesta “troca”, os funcionários recebem, em média, R$ 50 por semana e, além disso, o bordado garante remissão da pena: para cada três dias de trabalho, um dia de pena é reduzido. Curado conta que inicialmente não sabia como funcionava a remissão, mas que por cobrança das presas procurou se informar e um acordo foi firmado garantindo a redução do tempo e o depósito direto ao detento. “Em presídios maiores, abre-se uma conta-poupança no nome desse detento para que ele possa levantar o dinheiro quando sair de lá ou para que a família tenha acesso.”