Em ensaio, fotógrafo brasiliense exalta a beleza da mulher negra
Weudson Ribeiro começou a documentar a beleza da mulher negra há dois anos. Retratos deram origem a “Superafro: o poder da mulher negra”
atualizado
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O brasiliense Weudson Ribeiro, 24 anos, é uma dessas almas criativas capazes de fazer política com arte — ou o contrário. Negro e gay, viu de perto o preconceito. Há dois anos, passou a retratar a beleza da mulher negra em fotos tão poderosas quanto lindas. O resultado é o ensaio “Superafro: o poder da mulher negra”, ainda em construção, segundo o próprio Weudson.
No início, o jornalista fotografava apenas lésbicas. Mas uma conversa com a etnógrafa Yaba Blay o inspirou a ampliar o projeto. As mulheres são de Brasília, Goiás, Rio e São Paulo, na maioria. Quase todas abordadas na rua, sem muito aviso prévio. “Eu queria saber como era a experiência delas de viver numa sociedade machista e racista”, comenta o fotógrafo.
Na maior parte das vezes, a resposta foi algo que, infelizmente, estamos cansados de saber: as fotos reproduzidas à exaustão nas revistas não reflete a beleza dessas mulheres. “Elas me diziam que não se sentiam livres numa sociedade onde elas não conseguiam se adequar ao padrão de beleza. Aceitar o cabelo foi o primeiro passo de empoderamento delas. Assumir a negritude é um ato político”, diz.
A consolidação do ensaio passa também por um processo de autoaceitação e, principalmente, da desconstrução de preconceitos que ele mesmo carregava.
O meu maior objetivo é documentar a beleza e a diversidade de mulheres que carregam a negritude como um ato resistência. Ensaios como o Superafro são capazes de abrir os olhos da sociedade para questões que, muitas vezes, são deixadas de lado. Se nós conseguirmos educar alguém por meio desse projeto, ficarei feliz. Graças a trabalhos assim, eu consegui me desfazer de preconceitos, alguns internalizados, que também cultivava.
Weudson Ribeiro
Ele já fotografou cerca de 50 mulheres para o projeto. Mas não parou ainda. O “Superafro” continua crescendo, alimentado pelas mulheres lindas com quem o fotógrafo tromba por aí.