metropoles.com

É possível parar de produzir lixo? Aprenda como não jogar nada fora

Geração de resíduos e descarte inadequado preocupam ativistas. Saiba dicas de como reverter a situação no dia a dia

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Stela Woo/Metrópoles
Abre_consumo-consciente
1 de 1 Abre_consumo-consciente - Foto: Stela Woo/Metrópoles

Quanto lixo é produzido após uma ida ao supermercado? Embalagens de biscoitos, latas de molho, bandejas de isopor envolvidas em plástico e sacolas descartáveis embrulham os alimentos, mas não é só isso que elas têm em comum. Todas essas formas de proteger e carregar a comida passam longe do conceito de preservação ecológica e são feitas em material difícil de ser decomposto.

Os produtos descartáveis são os grandes causadores de preocupação para ambientalistas. O plástico, em especial, está sendo combatido de forma assertiva, porque ele compõe 90% do lixo nos oceanos e a expectativa da ONU é que, em 2050, 99% das aves marinhas tenham ingerido o material.

Os mares não são os únicos a sofrerem com o excesso de poluição. A sujeira no ar matou mais de duas mil pessoas na Ásia em 2010 e a nova pesquisa da Orb aponta para a água de garrafas descartáveis estar contaminada com uma substância chamada microplástico. Essa pequena partícula capta poluentes orgânicos e é capaz de causar disfunções hormonais e neurológicas. Ela é difícil de ser expelida do corpo, porque fixa na gordura e no sangue.

Para reverter esse quadro, ativistas têm apostado na conscientização. O modelo agora é lixo zero, termo indicando que nada deve ser desperdiçado e incentivando um estilo de vida sustentável, no qual nada descartável é usado. “Uma grande dica é aprender a reciclar melhor e compostar. O material orgânico pode virar adubo, óleo e até sabão”, afirma a idealizadora do All Beings Project Gabi Matsunaga.

Junto à sócia Andressa Aun, a dupla brasiliense busca informar e vende dois produtos pelo Instagram: canudos reutilizáveis de vidro e roupas de algodão orgânico, que impacta menos o meio ambiente e exige menor quantidade de água no plantio, feito por ex-detentos. Gabi é bióloga e mergulhadora, então a consciência sobre manter a natureza limpa a acompanha desde criança.

“Nós sempre ajudávamos causas com nosso próprio dinheiro e sentíamos falta de fazer parte de um projeto para dar mais significado às nossas vidas. Fomos amadurecendo a ideia, os propósitos, os objetivos e criamos nossa marca”, conta Gabi. 

Arquivo pessoal
Gabi Matsunaga e Andressa Aun comandam o All Beings Project

 

Os itens essenciais na bolsa da bióloga incluem canudo de vidro, copo reutilizável e uma ecobag de mercado. Na higiene, os produtos também devem ser conscientes. Por isso, a brasiliense escolhe usar escova de dente de bambu com cerdas biodegradáveis e pasta de dente orgânica e natural.

Quase não uso cotonetes, mas lá em casa só entram se forem de papel. Reutilizo até embalagens de comidas entregues em casa, se não conseguir evitar”, fala. Quando vai a bares e restaurantes, ela sempre nega o canudo e o copo plástico. “Faço questão de usar o meu, porque isso é uma forma de conscientizar também”.

Para Gabi, o processo de produzir cada vez menos resíduos foi gradual. “Sempre tive alguma consciência ambiental, meus pais falavam comigo sobre desperdício, gasto de água e consumo. Nos últimos anos, isso se intensificou, porque tem mais informação disponível”, comenta. “Estamos sentindo os efeitos do aquecimento global, vendo espécies de animais sendo extintas, lagos completamente poluídos e diversos problemas ambientais relacionados ao lixo, é assustador”.

Segundo o presidente do Instituto Lixo Zero Brasil, Rodrigo Sabatini, o problema é coletivo. “Os brasileiros são muito conscientes, mais do que algumas nações desenvolvidas. As políticas públicas, entretanto, não dão estrutura e não ajudam a população a reciclar adequadamente, por exemplo”, comenta. Em 2012, Rodrigo participou de um Ted Talk e explicou mais sobre as consequências do lixo.

Além das dúvidas a respeito de como e quais objetos devem ser reciclados, estudos revelam pouco aproveitamento dos itens separados. Um levantamento publicado na Abralatas indica que apenas 18% dos municípios no país fazem coleta seletiva. Pesquisas ainda afirmam que, apesar de muito lixo ser separado adequadamente, o Brasil só recicla 3% desses resíduos.

Inspiração internacional
No Japão, uma vila chamada Kamikatsu coleta os resíduo em mais de 30 categorias diferentes. Latas de alumínio são separadas das de aço, papelão e outros tipos de papel também ficam em sacos diferentes. Desde 2003, a cidade está na missão de ser zero waste até 2020. O lixo era incinerado, mas por motivos ecológicos e econômicos 80% das sobras passaram a ser recicladas, reutilizadas e compostadas.

Na Alemanha, um mercado especial foi aberto para acabar com o problema de excesso de plástico. Nada é vendido em embalagens descartáveis e o Original Unvertpackt incentiva os consumidores a levarem seus potes reutilizáveis. Até a água comercializada fica em uma fonte para o cliente reabastecer com sua própria garrafa durável.

Na Suécia, nação que recicla 99% do lixo produzido, um empresário construiu um parque de diversões zero waste, o Kretsloppsarken. Pal Martenson idealizou o lugar para entreter e educar os visitantes e todos os detalhes são ecológicos.

Para combater a crise de poluição, Brasília vai sediar o 1º Congresso Internacional Cidades Lixo Zero. O encontro vai contar com a participação de Rodrigo Sabatini e palestrantes internacionais, como Maria Koijck e Pal Martenson. O objetivo é compartilhar boas ideias zero waste e discutir como elas podem ser implementadas em diversas nações, inclusive no Brasil.

Se você está pensando em embarcar na onda do zero lixo, a ambientalista Gabi Matsunaga separou cinco dicas fáceis para começar:

5 imagens
1 de 5

Stela Woo/Metrópoles
2 de 5

Stela Woo/Metrópoles
3 de 5

Stela Woo/Metrópoles
4 de 5

Stela Woo/Metrópoles
5 de 5

Stela Woo/Metrópoles

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comVida & Estilo

Você quer ficar por dentro das notícias de vida & estilo e receber notificações em tempo real?