Dia da Kombi: moradores do DF vão comemorar data na estrada
Legião de apaixonados pelo ícones da Volks viajam para São Paulo para participar de homenagens ao tradicional carro
atualizado
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A próxima segunda-feira (02/09/2019) pode ser como qualquer outra para muita gente. Mas não para os brasileiros que mantém uma relação de amor com um dos veículos mais famosos da Volkswagen. Há exatos 62 anos, foram fabricadas as primeiras unidades da Kombi em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. A data foi eleita pelos próprios entusiastas como o Dia Nacional da Kombi (DNK), que marca o início de uma série de eventos em todo país.
Em Brasília, pelo menos 37 kombis – 22 do Kapital Kombi Klub (KKK) e 15 do Kombi Clube Brasília – aproveitam o início da semana para fazer as malas. Nos próximos dias, eles partem em comboio para São Paulo para participar de importantes eventos do segmento.
A primeira parada será em Araçariguama, no dia 7 de setembro, para a celebração oficial do Dia Nacional da Kombi. Depois, os grupos irão ao encontro no Feirão Autoshow, no Parque Anhembi. E, antes do retorno para Brasília, encaram mais algumas horas de viagem para relaxar no litoral paulista. Serão mais de 2 mil quilômetros rodados, distância que não intimida nenhum deles – pelo contrário.
Na estrada
No ano passado, o Kapital Kombi Klub, por exemplo, percorreu quase 6.000 quilômetros para prestigiar eventos no país e passar férias reunidos na Bahia. Outro meio de transporte? Nem pensar.
“Estar na estrada com os amigos é o que nos motiva. Quanto mais quilômetros rodados, mais histórias para contar. Além disso, para participar do Kapital Kombi Klub é necessário estar em dia com a manutenção dos itens de mecânica e elétrica, que é feita por um membro do grupo, técnico da Volkswagen. Só com manutenções aprovadas é que kombi vai para a estrada”, comenta o porta-voz do grupo, Marcelo Bressan.
Ele garante que manter o veículo em bom estado é mais fácil do que parece. Apesar de ter saído do mercado em 2013, o preço de manutenção é acessível, há boa disponibilidade de peças e a mecânica é simples. “Motores a ar foram criados para rodar grandes distâncias e são bem resistentes a temperaturas diversas. Cuidando do carro direitinho, a durabilidade do motor é longa e o dono não terá qualquer problema”, defende.
Família
O amor pela Kombi permitiu que os admiradores pudessem constituir novas famílias. O Clube Kombi Brasília, nascido em 2010, reúne cerca de 50 famílias que se reúnem praticamente todos os fins de semana. “Gostamos de acampar, cozinhar juntos e conversar”, explica Eliseu Ferreira de Santana, tesoureiro e cozinheiro do banco.
A história do Kapital Kombi Klub é mais recente. Começou em 2017, quando um grupo de amigos decidiu buscar patrocínios para colocar as kombis na estrada.
“Uma concessionária de Brasília nos ajudou e fizemos nossa primeira viagem, para o DNK de Curitiba. A partir daí, estava formada nossa segunda família”, recorda Marcelo.
“É um presente fazer parte desse grupo, nos tornamos grandes amigos. Passamos finais de semana juntos, frequentamos churrascos na casa de um e de outro. E estamos sempre abertos a novas amizades. Para participar, basta ter o espírito do grupo. Começamos com 8 kombis e já somos uma família de 22”
Marcelo Bressan, membro do Kapital Kombi Klub
Além de prestigiar grandes eventos nacionais, os clubes são responsáveis pelas comemorações do Dia Nacional da Kombi em Brasília. O evento anual foi realizado no dia 24 de agosto, nas proximidades do aeroporto, e reuniu cerca de 100 veículos. Os grupos também colaboram com as festividades do Dia Mundial da Kombi, em março, e com encontros de clássicos da VW.
Valor afetivo
Não é difícil encontrar admiradores da “velha senhora” por aí. Na geração dos millennials, por exemplo, quase todo mundo tem uma história com ela. “Meu sonho sempre foi ter um Volkswagen refrigerado a ar. Também tenho um fusca 1968 que é outro xodó. Mas aí surgiu o desejo de ter uma Kombi e vi quanto tempo perdi. Entre 1970 e 1990, ela foi muito usada como transporte escolar e, ao dirigi-la, os sentimentos ressurgem”, lembra.
Margarida, como Marcelo apelidou sua Clipper 1994, versão luxo, está na família desde 2014 e já acumula histórias com seus membros. “Meus filhos e sobrinhos curtem muito o carro, já viajaram com ele. O que me faz amar a Kombi é isso, seu poder de agregar, atrair sorrisos e contar histórias”.
Na família de outra integrante do KKK, Dênia Barbosa Gonçalves, não foi diferente. A paixão pelas linhas simples da Kombi começou com o marido, dono da Efigênia. Logo fisgou o coração da fisioterapeuta.
“Me apaixonei, mas tinha receio de dirigi-la porque ela não era minha. Este ano, surgiu uma oportunidade e compramos a Linda Maria de um amigo. Agora, cada um tem a sua e as filhas entraram no clima. A mais velha, de 17 anos, diz que é dona da Efigênia. A mais nova ficou com a Linda”, relata. Recém-chegada, a Clipper “saia e blusa” levará a família para o primeiro DNK em que todos estarão reunidos. “Já fui em uma edição com meu marido, mas as filhas nunca puderam acompanhar. Estamos superanimados”.
“Todos são apaixonados pela Kombi. Levar e buscar minhas filhas em festas, por exemplo, nunca foi um problema. Elas e os amigos acham o máximo!”
Dênia Barbosa, membra do Kapital Kombi Klub
História
A “Velha Senhora” foi desenhada pelo holandês Ben Pon na década de 1940. Foi lançada na Alemanha, em 1950, e naturalizada no Brasil. A produção nacional foi tão importante para a popularização do veículo que, a partir dos anos 1980, a fabricante passou a criar edições exclusivas e séries especiais no país.
A última unidade da Kombi também foi produzida em terras tupiniquins, em 2013. A decisão foi tomada após o governo recusar pedido da Volkswagen e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para que a indústria continuasse a fabricar por mais dois anos o modelo, sem incluir airbag e freio ABS. A legislação exigem os equipamentos desde janeiro de 2014.
A edição derradeira saiu de São Bernardo do Campo e foi parar no museu de veículos comerciais do Grupo Volkswagen, em Hannover, na Alemanha. Com modelo “saia e blusa”, ela conta com cortina nas janelas laterais e traseira e bancos com forração em vinil com faixas azuis e brancas. Nas portas, o acabamento é azul. O motor é o 1.4 flexível com 78 cv quando abastecido com gasolina e 80 cv com etanol. O torque é de 12,5 mkgf e 12,7 mkgf, respectivamente. O câmbio é manual de quatro marchas e os pneus têm medida 185/80 R14.