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Depressão: tudo o que você sabe sobre a doença pode estar errado

Em novo livro, o autor Johann Hari sugere que as causas da condição seriam externas e não internas, como se acreditou por muito tempo

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1 de 1 Depression - Foto: Istock

Durante muito tempo, a comunidade científica acreditou que o principal fator causador da depressão e da ansiedade era um desequilíbrio químico no cérebro. No entanto, o livro Lost Connections: Uncovering the Real Causes of Depression – and the Unexpected Solutions (Conexões Perdidas: Descobrindo as Causas Reais da Depressão – e as Soluções Surpreendentes, em tradução livre), escrito por Johann Hari, desafia essa noção. Segundo o autor, as causas reais da doença seriam externas.

Escritor e jornalista, Johann foi motivado a escrever o livro devido à sua própria experiência. “Eu comecei a pesquisar porque eu estava curioso sobre dois mistérios. Por que eu ainda estava deprimido se eu fazia tudo que os médicos me mandavam fazer? E por que havia tantas pessoas no mundo ocidental se sentindo como eu?”, escreveu Hari, em artigo publicado no The Guardian.

Com ajuda do professor de Harvard Irving Kirsch, Hari descobriu que 65% a 80% das pessoas usuárias de antidepressivos voltam a apresentar sintomas da doença novamente, dentro de um ano. “Me sentia uma aberração por permanecer deprimido mesmo me medicando. Porém, Kirsch explicou que eu era totalmente normal. Logo, apesar de os medicamentos causarem efeito positivo em algumas pessoas, essa não pode ser a única solução disponível, pois muitos de nós permanecemos doentes”, explica.

Tais questionamentos sobre a suposta cura o levaram a revisar as causas tradicionalmente aceitas para a doença. Em suas viagens e pesquisas, diversas evidências foram aparecendo, aos poucos, de que os fatores principais para a decorrência da depressão vão muito além de um desequilíbrio químico no cérebro.

O escritor então, concluiu, a partir de suas observações, que a depressão está muito mais relacionada com a forma como vivemos nossas vidas atualmente. “Quanto mais investiguei, mais descobri que a doença é um sintoma dos eventos ao nosso redor. Se você acha seu emprego sem sentido e sente não ter nenhum controle sobre sua vida, você está mais suscetível à condição. Se você se sente solitário e pensa não poder confiar em ninguém, terá maiores chances de desenvolver depressão. Se não tem nenhuma esperança no futuro, a mesma coisa, e assim por diante”, explica.

No livro, Hari detalha como a falta de um propósito e de sentir que a sua própria vida não tem um significado são as verdadeiras causas que levam à depressão. Ele exemplifica essa relação por meio de um estudo, realizado entre 2011 e 2012, pela empresa Gallup, sobre a satisfação das pessoas com os seus empregos. De acordo com os resultados, 13% dos participantes se sentiam envolvidos com o que faziam; 63% revelaram não se sentir engajados, e 24% declararam estar “ativamente desmotivados”, ou seja, desprezavam o que faziam.

“Temos que encontrar maneiras alternativas de resolver nossa depressão e crises de ansiedade. Para fazer isso, precisamos parar de enxergar a condição como uma patologia irracional. Sua dor é uma resposta a algo que está acontecendo ao seu redor. Para tratá-la, você precisa lidar com as verdadeiras causas. Se livrar da vergonha é o primeiro passo”, finaliza.

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