Depressão em idosos preocupa durante isolamento. Veja sinais de alerta
Psicólogo diz que falta de vontade de fazer atividades básicas, como tomar banho, pode indicar quadros depressivos
atualizado
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Há alguns meses, o isolamento social de idosos segue como a principal ferramenta para mantê-los longe da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e do qual são o principal grupo de risco. Essa decisão, porém, tem um custo alto à saúde mental desse público, que corresponde a 14,6% da população brasileira, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua). As emoções são variadas, e vão da solidão ao estresse. O aumento de quadros de ansiedade e depressão, consequentemente, preocupam profissionais da área.
Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), essa onda é esperada quando acontece um pico de doença infecciosa como a Covid-19. Esse cenário ocorreu em 2009, quando o mundo viveu um surto de H1N1. Se você convive com um idoso em casa, ou acompanha a distância, certamente já presenciou momentos de melancolia. Nem todos eles, porém, são sinais de um quadro depressivo.
De acordo com o doutor em psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) Sérgio Henrique de Souza Alves, é natural haver mudanças no sono na e alimentação, por exemplo, devido à nova rotina imposta pela pandemia. O excesso ou falta de apetite, que outrora poderia ser um “aviso”, passa a ser mais comum, inclusive em outras faixas etárias.
No entanto, se junto a elas vierem alguns comportamentos incomuns, como não querer escovar os dentes, tomar banho ou vestir roupas limpas, é preciso ligar um sinal de alerta em toda a família e, se possível, procurar um profissional.
“O isolamento social pode precipitar um quadro depressivo”, acredita Alves. Para o profissional, readquirir a rotina perdida é uma das mais importantes medidas para fortalecer a autoestima desse idoso. “Ele já passou por uma série de perdas psicossociais e se sentem mais solitários. É preciso definir seus papéis, e isso é muito delicado”, avalia.
Para ajudá-los, crie alternativas e hábitos novos, como maratonar uma série, fazer uma sessão de cinema, jogar caça-palavras, montar quebra-cabeças ou qualquer outra atividade lúdica que não demande sair de casa.
“Além do isolamento social, tome cuidado para que não ocorra um isolamento emocional. Os filhos deixaram de conversar com os pais e avós? E os primos e tios?”, indaga.
Não basta cobrar que o familiar fique em casa, mas se fazer, também, um canal de escuta e acolhimento, mesmo que por videochamadas. “Se for o caso, ensine o idoso a manusear o celular e a usar aplicativos de conversa”, orienta o psicólogo, que também atua como docente no Centro Universitário IESB.
Veja mais conselhos do profissional
Ouça. É fundamental oferecer amparo emocional. Escute o que eles têm a dizer, pergunte sobre lembranças marcantes e questione sobre os planos futuros;
Vitamina D. Tomar 15 minutos de sol por dia pode fazer uma diferença e tanto na saúde mental e, também, no organismo como um todo;
Mantenha horários. Permita – ou verifique, se não morar junto – que as refeições sejam feitas no mesmo horário, todos os dias. Da mesma forma, acordar e dormir em horários parecidos ajuda a regular o ciclo circadiano;
Filtre informações. Uma coisa é se manter informado, outra, deixar a tevê 24h ligada no noticiário. Escolha uma fonte confiável, veja as novidades, mas tente ler e estudar, também, sobre outros assuntos. Confira, aqui, as informações mais recentes sobre o coronavírus.
Seja a rede de apoio de alguém. Independentemente dos laços familiares, se ofereça para fazer parte da rede de apoio de qualidade de algum idoso. Faça compras, telefone e mande mensagens nos aplicativos de conversa.
Vale lembrar: em casos graves, o atendimento clínico é primordial.