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Decidida a não ser mãe, mulher de 25 anos opta por laqueadura

O caso de Karoline Alves viralizou na web e incentivou outras mulheres a buscarem informações sobre a cirurgia de esterilização

atualizado

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1 de 1 karoline-Copia - Foto: Arquivo pessoal/BBC Brasil

O Facebook da assistente administrativa Karoline Alves nunca esteve tão movimentado. A carioca tem recebido diversas parabenizações e mensagens de apoio na rede social desde que publicou um relato sincero sobre laqueadura. No depoimento, postado no início de novembro, ela revela como fazer a cirurgia de esterilização aos 25 anos mudou sua vida.

O desabafo da jovem acumula 21 mil curtidas e 17 mil comentários. “Quis compartilhar minha história para que outras mulheres com o mesmo desejo saibam que é possível”, disse Karoline em entrevista à BBC Brasil. “Nunca me vi sendo mãe”, complementou.

Ela conta que a vontade de realizar o procedimento, equivalente a vasectomia em homens, surgiu na adolescência. Apesar de se sentir segura em relação ao que queria desde muito nova, ela demorou anos para buscar informações concretas sobre a cirurgia. “Sempre ouvia que tinha que ter dois filhos para poder fazer”, rememora.

Cansada de ter que recorrer a outros métodos anticoncepcionais para não engravidar, ela decidiu averiguar quais eram, de fato, os requisitos para a laqueadura meses atrás. Descobriu, então, que 25 anos é justamente a idade mínima exigida por lei — mulheres mais jovens também podem se submeter ao procedimento, se tiverem pelo menos dois filhos.

Sabendo de seus direitos, a carioca buscou ajuda profissional. “Eu até levei a lei impressa caso algum dos médicos fosse mal-informado”, relatou, afirmando que ficou surpreendida ao notar que não haveria resistência. “Foi um alívio. Achei que seria mais difícil”, comemora.

“A médica conversou comigo, perguntou se eu tinha certeza, disse que é um método muito radical e a reversão é difícil, eles explicam tudo, inclusive que há chance de falha, já que nenhum método é 100% seguro”, lembrou.

Após realizar diversos exames pré-cirúrgicos e passar por atendimento psicológico, ela, enfim, fez a cirurgia, que consiste no corte e ligamento cirúrgico das tubas uterinas, impedindo a fecundação. Os custos da intervenção foram cobertos pelo plano de saúde.

Ao longo de todo o processo, a jovem teve o apoio dos pais e do namorado. “Meus pais sempre aceitaram de boa que eu não quero ter filhos, é algo que eles sempre souberam. É gente de fora [da família] que diz, ‘ah, mas você vai se arrepender, vai mudar de ideia’. Pessoas que acham que a verdade delas é a verdade de todo mundo”, finalizou.

Requisitos e direitos

A Lei de Planejamento Familiar, de 1996, determina que a esterilização é permitida apenas em pessoas capazes, maiores de 25 anos, ou, se forem mais jovens, que tenham pelo menos dois filhos vivos.

Em casos de indivíduos casados ou com união estável, a lei exige a autorização do cônjuge para a realização da cirurgia.

Por ordem da Agência Nacional de Saúde, os planos devem oferecer laqueadura, vasectomia e aplicação do DIU desde 2008.

O Estado ainda é obrigado, por lei, a realizar a esterilização gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, diversos pacientes relatam ter muita dificuldade de usufruir desse direito.

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