DDD 61: conheça as influencers do DF que ressignificam a maternidade
Nascidas ou radicadas em Brasília, nomes como Luísa Diener, Julyana Mendes, Lua Barros e Helen Ramos viraram referências nacionais
atualizado
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“Uma casa, um marido, três filhos, cachorro no quintal.” O sonho da brasiliense Luíza Diener, no melhor estilo “propaganda de margarina”, estava centrado na maternidade. E da forma mais idealizada possível. As fraldas seriam de pano. A alimentação, orgânica, daquelas de dar inveja em Bela Gil. A comunicação? Pacífica e não violenta. O ano era 2009. Foi quando ela criou o blog Potencial Gestante, voltado às divagações de uma futura mãe.
Até que veio o primeiro filho, Benjamin. Três anos depois, nasceu Constança. O mesmo intervalo separou a vinda de Guadalupe, hoje com 3 anos. Três rebentos em uma década. E, recentemente, uma separação. A maternidade dos sonhos deu lugar a vivências com os pés bem fincados no chão. Ceder foi preciso e Luíza, pela honestidade e bom humor, acabou se tornando uma referência no espaço virtual, que se estendeu para Instagram, YouTube e outras redes.
Mesmo sem imaginar, Diener virou ícone da “desromantização” materna. “Até então, eu ainda tentava justificar minhas escolhas, mas via que estava perdendo a mão. O terceiro filho chegou para ‘esculhambar’ de vez”, brinca.
Paradoxalmente, quando decidiu “abraçar o caos”, a influencer foi abraçada de volta. Não por louças empilhadas e baldes de roupa suja, e sim pela comunidade virtual que a acompanha – e apoia – mesmo nos tais momentos baixos da vida.
“A sociedade cobra muito da mulher. É um machismo estrutural, infelizmente. Até hoje ouço ‘pariu Mateus, que embale’, como se a responsabilidade fosse toda da mãe. Não existe rede de apoio. Essa é uma grande falácia dos tempos atuais”, desabafa.
Depois de algum tempo sobrevivendo com a renda obtida com os canais virtuais, Luísa voltou a trabalhar em um emprego “convencional”. E sente, a duras penas, os preconceitos e as dificuldades de “equilibrar os pratinhos” entre ser mãe e profissional. “Infelizmente, minha rede de apoio atual é paga. Se chama babá, se chama escola. A sociedade pega e massacra a mulher chamando isso de ‘terceirização’. Mais uma falácia. Porque, mais uma vez, a sociedade cobra tudo isso da gente”, acrescenta.
Uma mãe mediana é um pai excelente aos olhos da sociedade. A mulher que leva e busca na escola, que leva para um lanche no fim de semana, não fez mais que a obrigação. Um pai desses é foda. Bota foto na internet e é aplaudido
Luíza Diener
Com 34 mil seguidores no Instagram e quase 240 mil curtidas no Facebook, a “Potencial Gestante” entende a responsabilidade dessa exposição. Assim como ela, outras personalidades radicadas em Brasília usam as redes para passar recados sinceros sobre a criação dos filhos.
A educadora parental Lua Barros (mãe orgulhosa de João, Irene, Teresa e Joaquim) e a jornalista Helen Ramos (Hel Mother e mãe de Caetano) são alguns exemplos de mulheres que extrapolaram as fronteiras do Distrito Federal ao mandar a real de que dar à luz vai além de padecer no paraíso. É um universo que pode ser solitário e cruel na mesma medida em que causa profundas (e positivas) transformações pessoais.
Lua, por exemplo, acaba de lançar o curso on-line “Irmãos – Conflitos e Empatia”. Hel Mother também realiza com projetos que envolvem cinema, sua grande paixão, além dos conteúdos pelos quais ficou conhecida. Gesto que é libertador. A influenciadora sempre tenta mostrar que abraçar a maternidade não significa, necessariamente, falar somente dos filhos o tempo inteiro.
Do on-line para o “real”
Criar um filho é, em síntese, levar consigo a oportunidade de transformar o mundo. Conhecida como a Mãe de Sete, codinome que usa nas redes sociais, Julyana Mendes não apenas encoraja outras colegas no ambiente virtual como também faz atendimentos como educadora de pais. Um passo tomado não somente pela visibilidade que ganhou (para citar um exemplo, ela é embaixadora da Revista Crescer), mas às custas de muita preparação.
“Antigamente, eu postava sobre a minha rotina. No entanto, pela responsabilidade que tinha, percebi que precisava estudar e fiz três certificações internacionais, além de uma pós-graduação em psicoterapia. Li mais de 35 livros. Quando me senti pronta para salvar vidas e ajudar famílias, comecei a lançar, nas redes sociais, os atendimentos presenciais”, relembra. Curiosamente, 18% do público que a acompanha no Insta (362 mil pessoas, atualmente) têm até 24 anos.
“Vi que não estava falando só com mães mas também com filhos, com adolescentes. Eles me mandam mensagem pedindo ajuda porque não conseguem conversar com adultos”, diz. “Não posso brincar. Rede social não é só glamour”, conta. Ela complementa que, com os clientes, vai até certo limite, indicando, se necessário, ajuda de psicólogos e psiquiatras.