metropoles.com

Congelamento de óvulos: entenda a técnica e veja se é hora de investir

Após a pandemia, cresceu a busca pela técnica que aumenta as chances de ser mãe em idade mais avançada. Saiba se o procedimento é para você

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Ilustração: Getty Images
arte com mulher em consultório médico sobre congelamento de óvulos
1 de 1 arte com mulher em consultório médico sobre congelamento de óvulos - Foto: Ilustração: Getty Images

Após tentar antecipar a matemática de um futuro incerto, Catherine Jacobs encontrou no congelamento de óvulos uma segurança maior com relação à maternidade. O fim de um relacionamento sério, aos 30 anos, potencializou a ansiedade sobre o tempo que levaria para conhecer alguém, iniciar uma nova relação e sentir-se pronta para começar uma família.

“Em relacionamentos, a gente se preocupa muito com o outro, mas congelar óvulos é algo que a gente faz por nós. Envolve autocuidado, impacta a autoestima. É uma atitude que eu tomei por mim, um gesto de amor próprio rumo ao que eu queria para meu futuro”.

Ainda que a capacidade de congelar o tempo viva apenas em produções de ficção científica, o avanço tecnológico já permite que mulheres — aquelas que nutrem o sonho de ser mães — consigam programar a gravidez sem o impedimento da idade.

5 imagens
A partir dos 35 anos ocorre uma aceleração na perda da fertilidade. Além de diminuir a quantidade, diminui também a qualidade dos óvulos
A gravidez traz diversas modificação ao corpo da mulher
Paloma Bernardi, que tem o sonho de ser mãe, congelou os óvulos recentemente
A atriz Paolla Oliveira também optou pelo procedimento: "Liberdade"
1 de 5

O congelamento de óvulos permite que mulheres engravidem mais tarde

Getty Images
2 de 5

A partir dos 35 anos ocorre uma aceleração na perda da fertilidade. Além de diminuir a quantidade, diminui também a qualidade dos óvulos

Getty Images
3 de 5

A gravidez traz diversas modificação ao corpo da mulher

Getty Images
4 de 5

Paloma Bernardi, que tem o sonho de ser mãe, congelou os óvulos recentemente

Reprodução/Instagram
5 de 5

A atriz Paolla Oliveira também optou pelo procedimento: "Liberdade"

Divulgação

No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o número de mulheres que decidiram ser mães após os 30 anos teve um crescimento significativo nos últimos 10 anos. A quantidade de mulheres que deram à luz entre 30 e 34 anos cresceu em 27,5%; entre os 35 e os 39 anos, o aumento foi de 63,6%; e dos 40 aos 44 anos, a alta foi de 57%.

Na visão de especialistas, elas estão decidindo esperar mais para ter filhos por conta do planejamento familiar e da priorização da carreira. O processo, que antes era atrelado a enfermidades ou mulheres que se assumiram “solteiras convictas”, hoje é ligado ao conceito de sucesso e à emancipação feminina.

Quando se fala no congelamento de óvulos, as perguntas ainda são muitas, mas diante do relógio biológico que não para — e das incertezas que a pandemia de Covid-19 acentuou — a procura pelo procedimento aumentou significativamente nos últimos anos. A tendência promete permanecer em 2022.

Liberdade de escolha

“Eu sempre quis ser mãe e, com a chegada da idade, comecei a ficar muito preocupada com o futuro”, lembra Catherine, que congelou os óvulos há cerca de seis meses, perto do aniversário de 31 anos. Tirar dos ombros a apreensão sobre a vida reprodutiva trouxe mais segurança e, com ela, a sensação de alívio.

“É como se eu tivesse uma ‘ficha congelada’. Apesar de não ser uma garantia de gravidez, se for para ser, sinto que fiz a minha parte”, comenta. Como aconteceu com a paranaense, o movimento de mulheres nascidas entre as décadas de oitenta e noventa nas clínicas de reprodução para congelar óvulos tem crescido muito, especialmente nos últimos anos.

casal de mulheres com ultrassom de criança
As mulheres brasileiras estão tendo filhos cada vez mais tarde

Segundo levantamento do Grupo Huntington, especializado em reprodução assistida, o período de julho a novembro de 2020 teve um aumento de 40% nas buscas pela criopreservação – método de congelamento de óvulos — em relação ao ano anterior. A pandemia de Covid-19 contribuiu para esse processo, na visão de especialistas.

“As pacientes se viram em um momento da vida no qual encontrar um parceiro estava mais difícil por conta do isolamento social. Além disso, também houve um movimento para repensar a vida e programar melhor o futuro”, observa o médico Gustavo Teles, ginecologista e especialista em reprodução humana da Huntington.

A mídia também tem contribuído para popularizar o tema. A criopreservação foi abordada no enredo da novela Lugar ao Sol, no ar no horário das 21h da TV Globo, e atrizes como Mariana Lima, Paolla Oliveira e Paloma Bernardi, têm falado abertamente sobre a escolha que fizeram rumo à independência do relógio biológico.

Adiar a maternidade

O congelamento de óvulos é um procedimento para garantir que mulheres possam programar a gravidez sem impedimento de idade. Com amparo da criopreservação e da fertilização in vitro, a parcela do público feminino que se aproxima da quarta década da vida, época em que se inicia o fim da capacidade reprodutiva, tem mais segurança ao engravidar futuramente.

Em geral, qualquer mulher que deseja ser mãe e, aos 30 anos, não tenha perspectiva de uma gestação a curto prazo, é uma candidata ao congelamento de óvulos. Cientificamente, o que explica essa “corrida contra o tempo” para mulheres que nutrem o sonho de gerir uma vida é o funcionamento do sistema reprodutivo feminino.

Quando nasce, a mulher traz a reserva pronta com todos os óvulos que terá ao longo da vida reprodutiva. Na época em que começa a menstruar, por volta dos 10 a 12 anos, ela começa a perder esse estoque, como explica Silvana Chedid, médica ginecologista do Hospital Sírio Libanês em São Paulo.

Por consequência, com o passar dos anos, a capacidade reprodutiva diminui até a chegada da menopausa, o que significa o fim desse depósito. “Mas, a partir dos 35 anos, ocorre uma aceleração significativa da perda da fertilidade. Além de diminuir a quantidade, cai também a qualidade dos óvulos, por isso, quanto mais jovem for a mulher, melhor o prognóstico reprodutivo dela”, elucida a especialista em reprodução humana.

7 imagens
1 de 7

Arte/Metrópoles
2 de 7

Arte/Metrópoles
3 de 7

Arte/Metrópoles
4 de 7

Arte/Metrópoles
5 de 7

Arte/Metrópoles
6 de 7

Arte/Metrópoles
7 de 7

Arte/Metrópoles
Como funciona?

O método usado para preservar os óvulos retirados é chamado de criopreservação, uma técnica que consiste na conservação dos óvulos em nitrogênio líquido, como explica Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.

“Congeladas à temperatura de -196ºC, essas células mantêm seu metabolismo completamente inativado, mas preservando seu potencial e viabilidade, o que permite que sejam utilizadas posteriormente para a fertilização”, elucida o profissional.

Em geral, o processo costuma ser simples e rápido. Após uma avaliação de exames da paciente, ela passa por um uma estimulação hormonal ao longo de aproximadamente 10 dias. Durante a menstruação, o procedimento é feito por meio de uma agulha guiada por ultrassom, enquanto a mulher está anestesiada em centro cirúrgico, para aspirar os óvulos. O material recolhido é encaminhado imediatamente ao laboratório.

Depois do congelamento, não existe tempo máximo para a utilização das células reprodutivas. A mulher tem liberdade para realizar a fertilização com o material quando desejar. Mulheres com diagnóstico de câncer recebem a recomendação de congelar as células reprodutivas femininas antes de passar pelo tratamento de quimioterapia ou radioterapia.

Desejo versus capacidade reprodutiva

O organismo feminino, no entanto, não determina o desejo da mulher de ser mãe. Não existe movimentação hormonal que incentive o sonho de ter um filho. “O relógio biológico dita o sono, a entrada na puberdade, o processo reprodutivo e a menopausa. Mas não o desejo de ser mãe. Essa é mais uma construção social em relação à maternidade”, alerta a psicóloga Marcelle Maia, do Hospital Santa Lúcia.

No entanto, mulheres que têm essa aspiração podem sofrer consequências psicológicas graves por conta da infertilidade, segundo a especialista. “Diante da impossibilidade da realização do desejo de uma gravidez, a mulher pode apresentar tristeza, solidão, isolamento social e depressão”, pondera.

Na ponta do lápis

Apesar de ser relativamente simples e rápido para a paciente, o congelamento de óvulos é um processo de custo elevado. O preço varia de acordo com diversos fatores — desde o tipo de estimulação até a região do país. Porém, o valor gira em torno de R$ 10 a 15 mil e entre R$ 1 mil e 1.500 de anuidade para a manutenção do material congelado.

O montante, no entanto, não é acessível à maior parte da população brasileira. Na avaliação da ginecologista Silvana Chedid, essa “é uma das injustiças que temos no sistema de saúde brasileiro”, defende.

“Porém, eu vejo de forma otimista um movimento por parte de empresas que reconhecem essa demanda e a necessidade de mulheres que estão sensíveis a esse problema, e oferecem a alternativa para o quadro de funcionárias. Também acredito que, com o passar dos anos, podemos vislumbrar um barateamento da técnica por conta dos avanços tecnológicos”, espera.

Quer ficar por dentro das novidades de astrologia, moda, beleza, bem-estar e receber as notícias direto no seu Telegram? Entre no canal do Metrópoles: https://t.me/metropolesastrologia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comVida & Estilo

Você quer ficar por dentro das notícias de vida & estilo e receber notificações em tempo real?