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Como superar a dificuldade de fazer amigos na vida adulta

São muitos os fatores, além da timidez, que ficam no caminho das novas amizades. A baixa autoestima também atrapalha

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1 de 1 turma2 - Foto: Arte/Metrópoles

Brasília é considerada uma cidade difícil para fazer amigos. Você já deve ter escutado sobre o estilo fechado dos brasilienses, sempre reunidos em panelinhas e avessos a um simples “bom dia” aos vizinhos. A cidade é formada, em grande parte, por migrantes — dos candangos da construção aos concurseiros do país inteiro que enxergam serviço público um meio de vida mais bem-sucedida.

Mas a culpa da dificuldade em fazer amigos nada têm a ver com a cidade. A verdade é que é muito complicado emplacar uma forte amizade na vida adulta.

Na infância é fácil. Basta olhar para outra criança mais ou menos da mesma idade no parquinho e voilà! Amizade verdadeira e eterna (algumas duram para sempre). Os adolescentes, reunidos em grupinhos específicos, aproximam-se de pessoas com gostos semelhantes.

Adultos são complicados. Gostam e desgostam de muitas coisas, têm opinião sobre política e religião, reclamam demais do trabalho… É difícil criar um laço duradouro. “Com muitas tarefas e compromissos, além das rotinas familiar e profissional, acaba não sobrando muito tempo para investir na vida social e ter amigos”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBie), Rodrigo Fonseca.

Além da dificuldade em arranjar tempo, alguns aspectos da própria personalidade ficam no caminho das novas relações: timidez, baixa autoestima, falta de autoconfiança, inabilidade social ou tendência ao isolamento, por exemplo. É preciso identificar a raiz do problema e combatê-la.

Amizades são importantes. “É uma possibilidade de troca afetiva, crescimento e desenvolvimento de habilidade. Algumas vezes, os vínculos de amizade acabam substituindo os familiares — e isso é muito comum em Brasília”, conta o psicólogo Fábio Caló, do Instituto de Psicologia Aplicada.

Vínculos são importantes: além de uma condição inerente à espécie humana (os bebês se conectam com as mães no momento da amamentação, por exemplo), são essenciais na manutenção da saúde mental. Ter alguém para desabafar, falar dos problemas e escutar opiniões diferentes é fundamental na construção da felicidade. “O convívio social é uma das principais dimensões da vida de qualquer pessoa. Não é só prazeroso cuidar da convivência, mas também necessário. Afinal, o indivíduo isolado não existe”, avalia Rodrigo.

Para fazer novas amizades, além de estar aberto a conhecer pessoas novas e a aceitar opiniões diversas, os especialistas aconselham, em primeiro lugar, a ser você mesmo. Em seguida, aposte na empatia. “Qualquer relacionamento (social, familiar ou amoroso) é uma via de mão dupla. É preciso estar disposto a ouvir e a ceder em certos momentos. Ter uma postura disponível, agradável e sincera é essencial”, indica o presidente da SBie.

O que diz a ciência?
De acordo com um estudo feito pelo psicólogo americano Theodore Newcomb, nós atraímos semelhantes: o pesquisador colocou pessoas com opiniões diferentes em uma casa. Ao final da hospedagem, descobriu que aqueles com ideias parecidas ficaram mais próximos. Até ter defeitos em comum pode aproximar indivíduos, segundo uma pesquisa das universidades da Virgínia e de Washington, também nos Estados Unidos.

Estar sempre presente também é importante. Psicólogos da Universidade de Pittsburgh infiltraram quatro mulheres nas aulas de uma turma da faculdade e cada uma deveria comparecer às classes com frequência diferente. Mesmo sem falar com nenhuma delas, os estudantes disseram ter mais afinidade com a mais assídua à aula.

Ter amigos acaba nos tornando pessoas mais empáticas. Cientistas da Universidade da Virgínia estudaram tomografias de pessoas que receberam uma informação alarmante: elas e os amigos receberiam um choque. O resultado: a atividade cerebral é idêntica quando nós ou nossos amigos estão sendo ameaçados.

Ao mesmo tempo, amizades no trabalho podem tornar o profissional mais produtivo, feliz, criativo e competitivo. De acordo com uma pesquisa feita pela rede Linkedin, 68% dos entrevistados estariam dispostos a jogar fora uma amizade para ser promovido.

Não adianta querer abraçar o mundo. Seres humanos possuíam uma quantidade limitada de amigos segundo uma pesquisa de 1993 feita em Oxford: 150. Com a explosão da tecnologia e das redes sociais, nossa capacidade de memória aumentou e, com ela, a quantidade de informação sobre diferentes pessoas. Podemos ter mais amigos, no entanto, os próximos continuam sendo poucos.

No fim das contas, é importante ter amigos. Segundo a psicóloga Julianne Holt-Lunstad, da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, pessoas com amigos sofrem menos com o estresse, têm imunidade mais forte, são menos propensas à depressão e mais felizes. “Os estudos demonstram um aumento de 50% na probabilidade de viver mais quando se possui uma rede sólida de relações sociais”, argumenta a pesquisadora.

Dicas de ouro para ampliar o círculo social

– Tenha empatia;
– Esteja disposto a criar relações sinceras e duradouras com as pessoas;
– Saiba demonstrar interesse pela opinião e gostos do outro e considerar os sentimentos alheios;
– Tenha uma postura afável e disponível;
– Seja você mesmo;
– Não esqueça o bom humor! Sorrir, fazer brincadeiras e compartilhar momentos de descontração é importante para manter os ambientes harmoniosos e ser uma pessoa agradável;
– Desenvolva sua inteligência emocional para fazer novos amigos e resgatar os antigos;
– Entre em grupos que reúnem pessoas com o mesmo interesse: clube do livro, box de Crossfit, time de corrida, turma de bordado ou cursos de pós-graduação;
– Em tempos de posicionamentos extremos, evite as críticas no primeiro momento.

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