Como lidar com o medo da morte em meio à pandemia de coronavírus
Para especialista, doença coloca pessoas diante de situações desafiadoras para a saúde mental, mas há estratégias e maneiras de superá-las
atualizado
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Pouco mais de um mês após o primeiro caso de coronavírus ser identificado no Brasil, o país já contabiliza pelo menos 2,5 mil óbitos em decorrência da doença. A realidade é preocupante e, naturalmente, capaz de nos colocar diante de experiências com as quais ninguém está preparado para lidar, como o medo da morte e de que ídolos, amigos e familiares possam fazer parte das tristes estatísticas.
De acordo com a psicóloga Maíra Cavalcante, o medo é uma das primeiras reações quando se vive diante de um cenário de pandemia, isolamento e luto.
Mas, ainda assim, é preciso observá-lo, e evitar que o sentimento evolua para quadros de ansiedade e depressão, como Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno de Estresse Pós- Traumático (TEPT), Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), síndrome do pânico e fobia social.
Medo da morte
“É muito comum o estado de medo aumentar e a ansiedade se tornar patológica, ainda mais neste momento de isolamento social e diminuição das relações interpessoais”, afirma Maíra Cavalcante.
A solução, segundo a psicóloga, é buscar ajuda profissional. “É preciso estar atento aos sintomas da ansiedade ou depressão, que não são apenas emocionais. Evidências físicas incluem taquicardia, sudorese intensa, dor ou aperto no peito e falta de ar”, salienta.
“Também é importante manter o foco em atitudes que promovam o nosso bem-estar, a exemplo de meditação, atividade física, leitura e boa alimentação. Evitar o acesso contínuo e deliberado a notícias sobre a pandemia e adotar horários para essa nova rotina também são atitudes de autocuidado”, continua.
Luto: apoio profissional e de pessoas queridas
Para além da dor de perder um ente querido, parentes e amigos das vítimas do coronavírus precisam enfrentar o luto em meio a uma despedida incompleta e atípica, já que a suspensão de funerais é uma das medidas de segurança adotadas contra o vírus.
“Temos a tendência de acreditar que existem mortes mais fáceis de lidar que outras. As provenientes de situações inesperadas geralmente não se encaixam nesse contexto, pois vêm acompanhadas de outros sentimentos intensos além da tristeza, como raiva, indignação e revolta”, esclarece a psicóloga comportamental.
Ela menciona que sentimentos como negação, depressão e aceitação do fato são naturais agora e que, para superar o luto, é importante vivenciá-lo em sua totalidade. “Cada indivíduo vai passar por esses processos de forma particular”, explica.
O aconselhável é buscar suporte de profissionais de saúde e manter a comunicação com pessoas próximas, mesmo em isolamento. Lembre-se: estar em casa, não significa, necessariamente, estar sozinho.
“Vale lembrar que crises também fazem parte do ciclo da vida. E que toda situação difícil nos traz a oportunidade de amadurecimento e desenvolvimento de estratégias para vivermos melhor”, acrescenta Maíra.