Com marido e filho cadeirantes, brasiliense diz: “Nunca fui tão feliz”
Miguel, 3 anos, nasceu com mielomeningocele. Fernando, 33 anos, sofreu um acidente de moto. Veja como essa família se formou
atualizado
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Nos últimos anos, a vida de Thaís Araújo, de 25 anos, deu uma boa reviravolta. O filho Miguel, de 3 anos, nasceu com mielomeningocele – uma má-formação na coluna que faz com a que medula fique exposta. Por isso, o pequeno usa cadeira de rodas.
O “namorido”, Fernando Mendes, 33 anos, também é cadeirante. Há 11 anos, ele sofreu um acidente de moto, bateu a coluna no meio-fio e ficou paraplégico na hora. Diferente do que todos pensam ao ver os três juntos, Fernando não é o pai biológico de Miguel.
“As pessoas ficam assustadas. Todo mundo para, fica olhando, vem conversar com a gente. Perguntam se é alguma coisa genética que os dois têm, se foi um acidente de carro com a família e só eu não me machuquei. Mas eu vejo que, em grande maioria, as pessoas ficam admirando. Não são olhares maldosos. É curiosidade mesmo”, conta Thaís.
É comum, por exemplo, pedirem pra tirar foto com os dois. E a família não se incomoda nem um pouco, muito pelo contrário, acha graça e leva na brincadeira. “Tem horas que nos sentimos até celebridades”, ela diz rindo.
Indiretamente, Miguel foi responsável por unir o casal. Em setembro do ano passado, Thais morava em Brasília e foi para Rio Claro, São Paulo, passar três meses para tratamento do filho. A primeira vez que Thais e Fernando se viram foi em um encontro de mães de filhos com mielomeningocele. Não conversaram, apenas se notaram.
Depois, precisando fazer manutenção na cadeira de rodas do filho, ela pediu indicação para uma amiga, que passou o contato de Fernando, vendedor da fabricante da cadeira de Miguel.
“Bati o olho nele e ele bateu em mim e nossas vidas mudaram naquela hora. Depois desse dia começamos a trocar mensagens, resolvemos nos encontrar, nos conhecemos melhor e em novembro já estávamos decididos a morar juntos”, relembra Thais.
Ela voltou a Brasília apenas para levar a mudança. No começo de dezembro eles já estavam dividindo o mesmo teto.
Sobre o relacionamento com um cadeirante, Thais superou qualquer preconceito. “Eu não o vejo em uma cadeira de rodas, nem lembro disso. Para mim não tem nenhuma diferença se ele anda ou não. A única coisa que sei é: hoje eu estou muito mais feliz e mais realizada do que em qualquer outra época da minha vida”, confessa.
E a relação não faz bem apenas para Thais. Miguel também é outra pessoa desde que começou a conviver com o vendedor. “Ele chama o Fernando de pai e o Fernando o chama de filho. Ele que está criando agora e dá o exemplo. Ajuda demais o fato dele conviver com outro cadeirante, porque não conhecia nenhum antes”, diz a mãe.
“Agora meu filho vê que gente igual a ele pode ter uma vida normal. Ele sabe que também vai poder fazer tudo que quiser na vida. Só de observar o Fernando, o Miguel aprendeu a fazer transferência da cadeira para o chão, para a cama. Ele tem uma autonomia que há seis meses não tinha”, completa Thaís.
O casal pretende se casar no ano que vem e dar uma irmãzinha para Miguel e Giulia, filha de Fernando. “Antes de nos conhecermos, os dois falavam do desejo de ter uma filha chamada Helena. Descobrimos essa coincidência e queremos realizar esse sonho juntos”, conta.
O Metrópoles já contou a história de Thais e do filho Miguel com detalhes aqui. Nessa época, Fernando ainda não havia chegado para completar a foto de família.
