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Com fivela, bota e chapéu, movimento country renasce em Brasília

Nove grupos de dança e comitivas encaram a ação como um estilo de vida, com uma pegada social

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Filipe Cardoso/Especial para Metrópoles
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1 de 1 181026FC country 010 - Foto: Filipe Cardoso/Especial para Metrópoles

A Praça do Cruzeiro, no Eixo Monumental, é ponto de encontro de muitas tribos de Brasília, mas uma, em especial, tem chamado a atenção de quem passa por lá às sextas-feiras. Uma vez por mês, depois das 20h, em meio aos food trucks, um grupo de pessoas com uma indumentária bem particular: bota, chapéu de cowboy, cinto com fivela e calça jeans colada ao corpo se reúne. São os integrantes do Movimento Country de Brasília (MCB).

Eles chegam aos poucos e vão ocupando o centro da praça. São aproximadamente nove grupos e comitivas envolvidos. Quem não está familiarizado até pode pensar que há algum tipo de rivalidade entre eles – enquanto um se apresenta, os outros esperam à margem da pista de dança delimitada pelas luzes – mas o sentimento é o de respeito, garante Raul Abílio Diniz, 22 anos, um dos integrantes. “O MCB une os grupos, mas cada um tem a sua pegada”, explicou.

Independente do estilo, se o DJ coloca Any Man of Mine, de Shania Twain, ou Little Bitty, de Alan Jackson, todos se juntam em um só compasso e dançam os mesmos passos, como se estivessem em um saloon nos Estados Unidos.

O country como estilo de vida
A maioria dos participantes dos grupos que integram o MCB vem de Planaltina, Ceilândia, São Sebastião e Taguatinga. Eles encaram o country como um estilo de vida. A traia – fivelas, botas e camisas quadriculadas – sai das apresentações e vai para o cotidiano de cada um.

A promotora de eventos Núbia Maciel, 39 anos, fala com muito orgulho que trabalha de botina e não se abala com quem comenta sobre suas vestes. “Para mim, é uma tristeza quando eu tenho de colocar um salto ou um vestido”, brinca.

Núbia participa do MCB desde que ele foi fundado, em 1998. Assim como a grande parte dos  participantes, ela não esconde a paixão pelo movimento. Foi nos encontros do grupo onde conheceu o marido, Marcio Silva, com quem teve os filhos Maria Clara, 8 anos, e João Gabriel, 5.

“Quando eu entrei para o MCB, eu não sabia nem o que era dançar country. Quando eu vi aquele povo dançando, eu pensei: ‘Meu Deus, que coisa linda! Eu vou aprender esse negócio”, lembra. Hoje, Núbia é diretora do grupo Cowboys e Cowgirls Sem Fronteiras.

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Márcio Silva, João Gabriel, Maria Clara e Núbia Maciel
Os cintos com fivelas personalizadas não podem faltar
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No dia das apresentações, os participantes tiram suas melhores traias do guarda-roupas

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Márcio Silva, João Gabriel, Maria Clara e Núbia Maciel

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Os cintos com fivelas personalizadas não podem faltar

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Os grupos e comitivas se reconhecem por suas roupas

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Sigmar Miranda

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Movimento Country de Brasília
O MCB se denomina como um movimento que acolhe “pessoas diversas, integrantes ou não de comitivas, grupos country e amantes do estilo. Levando alegria e interação social através da dança”, explica o atual presidente da instituição, Sigmar Miranda, 37 anos.

Criado em 1998 por Aurélio Gaúcho, o movimento perdeu força e encerrou suas atividades em 2005. O retorno foi há três anos, com cinco grupos e uma nova filosofia: cada um com a sua liderança. O bochicho foi grande. “A gente tenta juntar a galera que dança. Tem os que dançam o country americano e o sertanejo, mas todo mundo convive junto”, afirma Sigmar.

O movimento é aberto a todos, sem nenhuma distinção, e é totalmente gratuito. Para sobreviver, ele conta com o apoio de voluntários que contribuem com aulas de dança, equipamento de som e iluminação, por exemplo.

Os integrantes se reúnem todas as semanas para ensaios coletivos na Casa do Cantador, em Ceilândia; no Ginásio de Múltiplas Funções, em Planaltina, e no Espaço Marcelo Guimarães, em São Sebastião. Rafael Farias, 35 anos, é o diretor de dança dos encontros realizados em Ceilândia. Ele explica que nesses encontros os participantes aprendem os passos básicos. Os mais avançados são passados nos encontros individuais de cada grupo.

Mesmo nos ensaios, os integrantes fazem questão de trajar a traia. Quem não tem com quem deixar os filhos, leva as crianças e elas acabam entrando na dança também, como Stefany Fonseca e a filha Maria Luisa.

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Os integrantes do MCB se reúnem todas as segundas-feiras para ensaios
São passados passos básicos para que todos aprendam, independente do nível em que estão
Os integrantes se produzem para os eventos do movimento country
Rafael Farias é o diretor de dança do MCB
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Stefany e Maria Luisa Fonseca

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Os integrantes do MCB se reúnem todas as segundas-feiras para ensaios

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São passados passos básicos para que todos aprendam, independente do nível em que estão

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Os integrantes se produzem para os eventos do movimento country

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Rafael Farias é o diretor de dança do MCB

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Raul Abilio Diniz participa do movimento há um ano

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O presidente do Movimento Country de Brasília, Sigmar Miranda

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Apresentações em eventos
No último final de semana, o MCB embarcou para Jaguariúna, em Campinas (SP), onde participou do Comanches Contry Festival. O grupo formado por 28 pessoas saiu de Brasília na madrugada de sexta-feira (2/11), em um micro-ônibus fretado, para participar do festival. Foram 15 horas de estrada. “Foi uma experiência maravilhosa! Além da apresentação, ficam as histórias da viagem”, contou Rafael.

As performances são muito aguardadas por todos, que começam a se preparar com, ao menos, três meses de antecedência, tempo necessário para juntar renda suficiente para o ônibus, alimentação e hospedagem.

A próxima viagem está marcada para 8 de dezembro. Eles se preparam para o 5º Line Dance & Country Music Brasil, em Campinas, considerado o maior evento de dança country da América Latina.

Divulgação
Os integrantes do MCB aproveitaram o último feriado (2/11) para participar do Comanches Contry Festival

 

Mais que dança, um movimento social
É unanime. Todos os participantes ressaltam que o principal objetivo do Movimento Country de Brasília é o cunho social, seja ele em forma de eventos para beneficiar pessoas carentes ou internamente, como uma rede de apoio entre os integrantes.

No Dia das Crianças, os participantes se mobilizam para arrecadar brinquedos; na Páscoa, doam chocolates à instituições e nas festas juninas, fazem apresentações temáticas.

Alem disso, as reuniões semanais e as performances acabam sendo uma rede de apoio para os integrantes, já que a dança agrega e une quem participa. Pessoas que apresentavam sinais de depressão e stress demonstraram melhora depois de começar a frequentar as aulas.

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