Chá de cueca: saiba como funciona o evento voltado para os homens
O evento destinado para eles ainda é novidade, mas agrada os noivos que experimentaram
atualizado
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Foi-se o tempo em que o casamento (e todos os eventos relacionados) eram responsabilidade da noiva. Cada vez mais os homens começam a participar e opinar no processo. Pensando nas comemorações pré-cerimônia, a sexóloga Thalita Cesário aponta que os casais estão procurando mais chás voltados para si mesmos, buscando se conhecer mais profundamente e melhorar a relação com o parceiro.
Com esse foco, os “chás de cueca” estão começando a se popularizar, com o intuito de instruir os noivos sobre como estimular e proporcionar mais prazer, além de atender o público LGBT. Segundo Thalita, o evento é semelhante a um chá de lingerie. Na versão masculina, no entanto, o noivo recebe como presente cueca, roupão e produtos de sex shop.
O contador Rodrigo Barros, 26 anos, foi um dos noivos que entrou na brincadeira. Casado desde setembro de 2017, ele ganhou dos padrinhos um chá de cueca surpresa, duas semanas antes da cerimônia. “Achei muito bacana a ideia porque é um momento de descontração, você pode falar besteira abertamente sem se preocupar. Homem gosta bastante de brincar. Também foi bom para relaxar a cabeça da pressão do casamento, pois como estava perto, eu fazia tudo voltado para isso”, conta.
De presente, Rodrigo ganhou cuecas, calcinhas, calçolas e pijamas. A “Cuecada”, como apelidaram, foi realizada na casa de um dos padrinhos e contou com comida de boteco, cerveja e cachaça. Compareceram 15 amigos e as mulheres foram proibidas de participar. A decoração foi cor-de-rosa, com acessórios de festa como fru-frus, óculos e colares que brilham. Os amigos ainda organizaram jogos de pergunta e resposta, com ajuda da noiva, nos quais o noivo deveria beber caso errasse.
Com seis anos de experiência no mercado, a educadora sexual Karol Rabelo tenta implementar o chá de cueca com palestra de educação sexual, mas encontra resistência por parte dos homens. “Eles não estão abertos a admitir que precisam aprender mais sobre sexo. Muitos ainda têm uma ideia estereotipada do homem viril, sempre disposto a transar. Acham saber tudo sobre o assunto, mas não entendem muito bem como fazer a mulher chegar lá e falta um certo interesse em conhecer”, relata.
Ela percebe que ainda há uma ideia muito estereotipada ligada a despedidas de solteiros, com idas a casas noturnas, na intenção de beber e se divertir. Contudo, a partir de conversas com amigos e noivas, Karol percebe existir uma carência no público masculino, mas é preciso encontrar um gancho para os homens se soltarem. “Eles têm curiosidade, mas temem ser julgados, ficam com vergonha. Quando acontece de forma mais coloquial, como se fosse uma conversa de bar, respondem melhor.”
O professor André Dantas, 30 anos, não foi um dos homens que temeu a palestra de uma sexóloga. Há três anos, ele realizou um “Café dos Cuecas”, com 15 amigos. “Eu e minha esposa discutíamos muito igualdade dentro do relacionamento. Ela achou a ideia interessante e eu pensei que seria bacana ter um profissional para falar de questões sexuais”, conta.
O noivo pensava que nenhum dos amigos iria comparecer e as amigas da noiva imploravam para seus maridos serem convidados.
A festa contou com decoração de cuecas em borracha E.V.A e os presentes dados ao noivo foram cuecas e produtos de sex shop. Na parte da alimentação, foi servido chili, amendoim e cerveja. Segundo André, mesmo com amigos da igreja, a experiência foi tranquila e bem aproveitada. “Existe um tabu muito grande com a sexualidade masculina. Alguns amigos não foram por conta disso. Muitos pensam que já são bons e sabem fazer tudo. A proposta não é ensinar e sim discutir o assunto.”
Ele conta que os convidados não foram tímidos e fizeram várias perguntas. “Foi bom porque pudemos ir além da prática e entender a teoria. Chegamos a nos encontrar posteriormente para discutir as técnicas e experiências depois”, comenta.