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Casos de Família: como sobreviver ao “quebra-pau” na quarentena

O Metrópoles reuniu histórias diversas de famílias do Distrito Federal e preparou um manual para passar pelo isolamento em paz

atualizado

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Yanka Romao/ Arte Metrópoles
Familia brigando
1 de 1 Familia brigando - Foto: Yanka Romao/ Arte Metrópoles

Com a pandemia do novo coronavírus, a rotina da população virou de cabeça para baixo nas últimas semanas. O confinamento nas casas intensificou a convivência entre casais, filhos e irmãos. Os vícios do cotidiano têm gerado conflitos que dariam sessões do Casos de Família.

De repente, atividades como lavar louça, tirar a mesa e até mesmo dividir o banheiro viram motivo de discussão. A grande questão, agora, é como sobreviver aos problemas de convívio familiar no período de quarentena.

Diminuir as exigências e ampliar a capacidade de tolerância são condutas essenciais para os indivíduos conseguirem passar dessa fase sem ressentimos, explica a psicóloga Sirlene Ferreira. 

“Ninguém tem bola de cristal, diga o que está sentido e precisando. Uma convivência saudável requer comunicação”, orienta a profissional. 

O Metrópoles ouviu histórias de famílias do Distrito Federal. Elas contam como está sendo lidar com hábitos e manias um do outro em tempo integral.

Confira e veja se alguns desses casos também acontece no seu clã.

Espaço contado

Bagunça e música alta são pontos que afetam a convivência entre a estudante de arquitetura Luiza Cunha, 24 anos, e a estudante de direito Letícia Cunha, 19.

As irmãs dividem o banheiro e o quarto. Com personalidades diferentes, o compartilhamento já era motivo para brigas e discussões.

Com o isolamento, outras causas estão gerando estresses e gritarias na casa. Luiza está no último período da faculdade e trabalha em home office. A jovem conta que uma das discordâncias é a divisão de tarefas domésticas.

“Preciso de um lugar silencioso para focar nas minhas obrigações. O apartamento é pequeno, e a todo momento meus pais estão chamando para ajudar em algo ou minha irmã fica no quarto malhando e fazendo vídeo chamada com os amigos dela. Fico ansiosa e estressada”, relata.

Para Letícia, a irmã usa a “desculpa” de que está estudando para não realizar os afazeres domésticos.

“Quando eu pedia para ajudar, ela ficava com raiva e não queria fazer. Ou quando ia, era de má vontade”, reclama.

Apesar dos desencontros de ideias, as duas garantem que são melhores amigas e tentam relevar algumas atitudes para não surtarem.

Irmãs pousando para a foto
Luiza e Letícia se dão bem, apesar das brigas
Entre louças e privações

A estudante de direito Milena Honorato, 23, relata que a principal dificuldade é ter que realizar os compromissos domésticos e o excesso dos cuidados de limpeza da mãe, a psicóloga Sandra Araújo, 47.

“Se fosse pela Milena, a mesa ficaria exposta o tempo inteiro. Nosso convívio é sem estresse, porém, gosto de manter a casa bem arrumada”, declara Sandra.

Para não se alterar, a estudante conta que encontra atividades para se distrair. “No meu quarto, eu consigo focar nos estudos e cuidar do meu corpo”, relata.

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A vida da noturna das filhas incomoda Margarida
Sabrina conta que, apesar dos discussões, a mãe é cuidadosa e carinhosa
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Sandra e Milena conseguem viver em harmonia nos tempos confinamento

Arquivo pessoal
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A vida da noturna das filhas incomoda Margarida

Arquivo pessoal
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Sabrina conta que, apesar dos discussões, a mãe é cuidadosa e carinhosa

Arquivo pessoal

A falta de privacidade também incomoda o bem-estar da universitária Sabrina Soares, 23. A jovem mora com os pais e a irmã em Taguatinga e conta que o isolamento social a deixou angustiada.

“Em um lugar tem uma pessoa gritando, no outro tem fulano cantando ou vendo filme. Tem hora que a gente não aguenta mais ver a cara da pessoa”, reclama.

Mãe de Sabrina, a aposentada Margarida Soares, 53, reclama da vida noturna das filhas, com conversas agitadas até a madrugada.

“Conto até 10, respiro fundo e converso pacientemente com elas. Mas, às vezes, dá vontade de gritar”, declara Margarida.

Fazer as refeições todos os dias à mesa e assistir séries foi um dos métodos que a família encontrou para viver em harmonia.

 Casal em união

Segundo o jornal chinês The Global Times, devido ao isolamento forçado, a cidade chinesa Xi’an registrou um recorde no número de pedidos de divórcio nos últimos dias.

A arquiteta Ivna Corbucci, 29, e o youtuber Ricardo Corbucci, 33, não fazem parte desse dados. Juntos há 14 anos, eles acreditam que o isolamento foi positivo para o relacionamento.

“Nós somos um casal atípico, quase não brigamos. Quando algo nos incomoda, não alteramos a voz. Conversamos”, conta Ivna.

Ricardo ressalta que alimentação saudável, prática de atividades físicas e dormir bem são métodos que ambos estão seguindo para manter a saúde mental nesse período.

Casal pousando para a foto
Ricardo e Ivna estão juntos há 14 anos
Saídas proibidas

Os idosos são o grupo de risco mais suscetíveis a pegar a Covid-19. Porém, na casa da estudante de nutrição Paula Rios, 19, está difícil de manter a restrição. Sua avó, a pensionista Juraci Rios, 82, saía com frequência para a rua.

“Por mais que não precise, ela inventa uma desculpa para sair”, lamenta Paula.

Juraci garante que a convivência é harmônica, apesar das preocupações e repreensões da neta.

“Assisto novelas e tento manter a minha rotina antes da quarentena, como uma forma de distração”, defende-se.

Avó e neta se abraçando
Juraci e Paula, que se preocupa com o bem-estar da avó
Manual de sobrevivência

A psicóloga Sirlene Ferreira fez uma “manual” de sobrevivência para as famílias manterem os dias confinados com amor e empatia. 

Aos detalhes:

  • Procure ressaltar o que está acontecendo de positivo nesse momento;
  • “Por favor, obrigada, bom dia, boa noite” são palavras mágicas, pois expressam respeito ao próximo. Elas fazem parte da rotina e são fundamentais para a boa convivência. 
  • Seja proativo e se ofereça para ajudar nas demandas da casa. Organização é a “vacina” que alivia as tensões da convivência;
  • Tenha empatia. Estamos todos no mesmo barco. Sentimentos de medo, tristeza e angústia são normais. Entenda o outro e se coloque no lugar dele;
  • Respeite o tempo e o limite de seus familiares. Não é hora para ironias ou provocações. 

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