Caso Melody reacende discussão sobre exposição de crianças na internet
Após Felipe Neto se envolver em um assunto delicado com o pai da cantora Melody, o tema reverberou na internet e ganhou importância
atualizado
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O youtuber Felipe Neto e Thiago Abreu, pai da cantora mirim Melody, se envolveram em um assunto delicado na última semana, quando o influencer baniu a artista de sua conta no YouTube. Na ocasião, Felipe alegou ser contra o apelo sexual envolvendo a funkeira na internet. Thiago, o Belinho, precisou se posicionar sobre os trabalhos e a exposição das filhas nas redes sociais. O assunto viralizou, e Glória Severino, a mãe, afirmou que é contra a erotização das filhas, Melody e Bella Angel, na web.
Para a sexóloga Karol Rabelo, 37 anos, o episódio relacionado à cantora pré-adolescente pode ter partido do pai dela. A profissional conta que os pais podem vir a expor os filhos “sem querer”, dependendo, inclusive, da forma como os quais foram educados, e erotizá-los internet adentro.
Karol cita os programas de TV dos anos 1990, os quais exibiam jovens seminuas e faziam a diversão do público. “Antes, naquela época, a sexualização era olhada com naturalidade”, diz, garantindo que os adultos podem levar esse tipo de cultura aos herdeiros.
Como identificar exposição e erotização
Conforme a sexóloga, a erotização da criança começa com a expressão “tal mãe, tal filha”, a qual induz a menina a se tornar adulta antes de seu tempo. Portanto, em vez de trajar roupas para sua idade, ela passa a usar salto e exagerar na maquiagem.
Luciane Oliveira, 46 anos, psicopedagoga, defende a ideia de crianças viverem seus momentos infantis. Segundo ela, a erotização virtual pode estar ligada até mesmo à pose feita pelos pequenos na hora de tirar fotos, e a qual público eles se exibem. “O que a criança consome tem que trazer benefícios a ela conforme a fase que vive”, diz a especialista.
Karol também atenta para os riscos do amadurecimento precoce. “Muitos pais acham bonito, tipo quando toca música e o menino ou menina vai dançar de acordo com o ritmo. Eles já assistiram ao clipe, viram os adultos dançando, então, querem fazer como eles”, frisa.
Monitoramento na internet
Melody, conhecida pelas letras leves em seus hits e pelo famoso “falsete”, é símbolo da internet. Assim como ela, inúmeras outras crianças usam o meio virtual para se divertir – em alguns casos, como citado acima, para acompanhar conteúdos adultos de forma ingênua. Por esse lado, Karol alerta para a extrema importância dos pais de monitorar seus pequenos sempre.
“Na internet, a sensualidade é voltada para o público adulto. A criança, vendo aquilo, acha tudo normal porque não lhe foi apresentado aquele assunto”, diz, referindo-se à “educação sexual”. Segundo a sexóloga, os responsáveis devem encarar as descobertas dos filhos com normalidade, não incentivando o seu amadurecimento.
Já para a psicopedagoga Luciane Oliveira, “é importante saber como a criança está se sentindo [em relação a suas descobertas]”. Ela aconselha que os responsáveis respondam a todos os questionamentos, mas não se estendam nem despertem curiosidade nos herdeiros. “A sexualidade deve acontecer naturalmente”, diz.
A fim de impedir que a criança se aventure de forma “indevida” na internet ou chegue a se expor, a psicopedagoga aconselha: “Os pais nunca devem deixá-la sozinha, como em uma sala fechada, e sim estar sempre monitorando-a”. Além disso, ela reafirma a importância de haver bloqueadores de determinados sites, de deixar as redes sociais privadas e verificar sempre o histórico de navegação.
Os dados mostram
Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet do Brasil, divulgada em setembro do ano passado, revelou que 22 milhões de crianças e adolescentes acessam páginas da web. 91% de garotos entre 9 a 17 anos usam o aparelho para navegar, entrando em contato com temas impróprios.
Tão expostos e além de assuntos como sexualização, adolescentes de 11 a 17 anos têm contato com temas muito delicados quanto. O estudo informa que, entre essas idades, 13% quiseram saber como se automutilar e 20% sobre como ficar mais magro.
A pesquisa ouviu quase 6 mil pais, crianças e adolescentes brasileiros entre novembro de 2017 e junho de 2018 e concluiu que há supervisão insuficiente dos adultos em relação aos filhos. “A experiência dos pais e responsáveis na internet pode ser relevante para compreender a percepção de segurança e riscos online”, diz Alexandre Barbosa, gerente do site do Cetic.br e especialista no assunto.
Melody e as “roupas de adulto”
Procurado pelo Metrópoles, Belinho não se pronunciou sobre os recentes acontecimentos. Contudo, em entrevista ao jornal Extra no ano passado, ele afirmou monitorar as roupas de Melody, que possui duas personal stylists “que tentam vesti-la ‘mais menina’. Segundo ele, “ela fica emburrada porque as amigas delas usam um shortinho e ela não pode”. “Não deixo ela usar”, garantiu o empresário.
Em outubro, a garota precisou lidar com inúmeras críticas no Instagram após se fantasiar para o Halloween. De acordo com os internautas, o look era considerado “adulto”. Agora, após o posicionamento de Felipe Neto, Thiago Abreu acatou a ideia de fornecer às filhas acompanhamento pedagógico e psicológico.