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Campanha sobre crianças transexuais na Espanha causa polêmica

Cartazes com desenhos de meninas e meninos nus com genitálias expostas foram colocados em ônibus e estações de metrô

atualizado

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Reconhecimento do gênero
1 de 1 Reconhecimento do gênero - Foto: FOTO: CHRYSALLIS

Cartazes com o desenho de crianças nuas e sorrindo foram colocados em ônibus e estações de metrô nas comunidades autônomas (estados) do País Basco e Navarra, no norte da Espanha.

Neles, está escrito: “Há meninas com pênis e meninos com vagina. É simples assim. A maioria deles sofre diariamente, porque a sociedade não conhece essa realidade.”

O objetivo da Chrysallis, associação de famílias de menores transexuais e idealizadora da ação, é combater o preconceito e dar visibilidade às crianças transexuais.

De acordo com Beatriz Sever, porta-voz do grupo, um dos cartazes foi rasgado e uma cruz foi colocada sobre outro.

“Na organização, temos membros que são católicos e de diferentes inclinações políticas. Só um grupo bem pequeno da sociedade rejeitou a campanha. Não tem nada de ofensiva. São corpos de crianças, é parte da natureza”, afirmou Sever.

A campanha joga luz sobre um problema enfrentado por muitas crianças e suas famílias, com objetivo de gerar um debate com base em argumentos racionais e científicos.

“O cartaz mostra como nossas genitálias não têm nenhuma importância, retrata crianças felizes independentemente do que têm entre as pernas. Queremos transmitir a mensagem de que a natureza não é uma máquina de xerox, mas sim diversidade”, afirmou a porta-voz.

Uma pessoa transexual não se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu. “A transexualidade é a condição em que o gênero de uma pessoa (aquele percebido por ela) não corresponde com o que lhe foi designado com base em sua genitália ao nascer”, explica a organização Chrysallis em dos seus folhetos informativos.

Caso de justiça
Uma das principais opositoras da ideia, a organização Centro Jurídico Tomás Moro diz defender “a dignidade da pessoa, da família e dos direitos humanos como reflexo do direito natural”. O coletivo lidera um abaixo-assinado digital contra a campanha da Chrysallis com o slogan: “No transporte público, se fomenta a corrupção de menores.”

Mais de 9 mil assinaturas já foram recolhidas na petição, direcionada ao Promotor para Assuntos de Menores do País Basco. Paralelamente, o grupo planeja levar uma denúncia formal à justiça.

Advogados à frente da iniciativa esperam que a Chrysallis esclareça a fonte de informações incluídas nos cartazes, entre elas a de que “a taxa de tentativa de suicídio entre adultos transexuais a quem foi negada sua identidade durante a infância é de 41%.”

À BBC Mundo, Sever disse que o índice de 41% têm base científica e foi demonstrado por estudos recentes. De acordo com o advogado Javier María Perez-Roldón, membro do Centro Jurídico Tomás Moro, a campanha é “ilegal e enganosa”.

“Apela-se ao medo. Querem forçar menores de idade a serem submetidos a cirurgias para mudar de sexo. Estão tentando normalizar essa operação”, afirma ele.

 

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