Brasileiras, gêmeas negras com albinismo sonham em ser modelo
A fotógrafa Anna Mascarenhas, de São Paulo, descobriu as meninas pelo Instagram e usou sua história para fazer reflexão sobre indústria da moda
atualizado
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De bobeira no Instagram, a fotógrafa brasileira Anna Mascarenhas se deparou com trio de irmãs de beleza ímpar: uma menina negra, mais velha, e duas caçulas gêmeas albinas. Os pais das meninas vieram de Guiné Bissau para São Paulo há 14 anos atrás de trabalho, quando a mãe delas estava grávida de Sheila, a primogênita. Anos depois, vieram as gêmeas.
Além do sangue, as três compartilham o sonho de ser modelos. Em um país onde mesmo com tanta diversidade a indústria da moda ainda é tão homogênea, Mascarenhas decidiu dar um passo artístico e de protesto ao mesmo tempo ao colocá-las de frente a suas lentes.
“O problema é que parece que elas não pertencem a nenhuma ‘categoria’. Morando numa favela em São Paulo e tendo apenas uma mãe sozinha para bancar todas as despesas, fica quase impossível que esse sonho se torne realidade”, disse a fotógrafa à revista Dazed.
Longo caminho
A mãe das meninas hoje trabalha em um salão de beleza afro no centro da cidade. Anna conta que quando as gêmeas nasceram, o pai achou que a mãe o tivesse traído e a abandonou.
Ao fotografar as irmãs, a fotógrafa diz que queria não apenas ajudar a realizar o sonho delas, mas fazer uma reflexão sobre o caminho que o mercado de moda ainda tem a trilhar e, principalmente, a tentar entender como elas se veem como irmãs, negras, indivíduos e como se relacionam com o que veem quando se olham no espelho.
“Você consegue imaginar uma agência de modelos escolhendo gêmeas albinas para vender jeans para mães de classe média? Eu não acho. Por isso quis contar a história delas, porque não acredito que elas conseguirão alcançar seu sonho pelo caminho tradicional”, diz.