Brasileira supera bullying e depressão e vira Miss Plus Size
A carioca Nina Sousa venceu o vício em dietas malucas, aprendeu a amar o corpo e ganhou o título de modelo plus size mais bela do planeta
atualizado
Compartilhar notícia
Os concursos de beleza estão, pouco a pouco, exaltando a diversidade. Se décadas atrás apenas mulheres brancas e extremamente magras eram dignas do título de miss, agora, qualquer figura feminina pode ser coroada.
Tome como exemplo a sul-africana Zozibini Tunzi, negra de cabelos curtíssimos que venceu o Miss Universo 2019, e a pequena Milena Struck, brasiliense de 10 anos com deficiência física que ganhou, este ano, a versão infantojuvenil do tradicional certame, tanto no Distrito Federal quanto na edição nacional.
Quem também levanta a bandeira da representatividade em campeonatos do segmento é Nina Sousa. A carioca de 28 anos foi eleita Miss Plus Size, em novembro. Ela competiu com 21 meninas de diversas nacionalidades no Miss Top of the World, realizado em Kiev, na Ucrânia. Desde a vitória, virou porta-voz do movimento de autoaceitação body positive, extremamente popular nas redes sociais.
Em entrevista ao Metrópoles, a modelo conta de que maneira o título coroou sua nova fase de vida, muito mais empoderada e feliz.
“Sou adotada e, desde cedo, conheço a obesidade. Por isso, sofri bullying na infância. O caso mais marcante de agressão aconteceu na escola, quando tinha 8 anos. Um menino me deu socos e proferiu palavras como ‘gorda’ e ‘rolha de poço’. Aquelas frases e atitudes maldosas dele ecoaram em minha mente por muitos e muitos anos”, lembra.
Achava que tinha que ser magra para ser bonita. Estava errada
Nina Sousa, 28 anos
As múltiplas ofensas na tenra idade culminaram em distúrbios alimentares na adolescência. Aos 17 anos, Nina desenvolveu um quadro de anorexia e bulimia. Tempos mais tarde, foi diagnosticada com depressão e distorção de imagem.
“Foi quando busquei tratamento psiquiátrico. Após ser medicada e fazer sessões de terapia, consegui trabalhar as questões que tanto me assombravam”, relata.
A carioca recuperou os 40kg que perdeu com os distúrbios, mas iniciou uma trajetória de autoconhecimento e amor próprio. Pesquisando referências de mulheres gordas a sua imagem e semelhança na internet, encontrou o Miss Plus Size.
“Já tinha realizado trabalhos como modelo de cabelo antes, mas nunca conseguia emplacar jobs como manequim de corpo por ser grande. Ao encontrar o concurso de beleza voltado para mulheres plus size, pensei: ‘por que não’?”, diz.
O certame considera plus size mulheres que têm numeração a partir de 44.
Nina, então, resolveu se inscrever e foi selecionada para representar o Rio de Janeiro. “Venci o concurso e minha vida mudou. Tomei como missão a carreira de miss, dedicada a influenciar positivamente as pessoas ”, recorda.
Ao ganhar também o prêmio a nível nacional, ela começou uma campanha de arrecadação de dinheiro para embarcar para o campeonato internacional.
“Recebi ajuda de familiares e amigos. A minha sogra, por exemplo, fez empréstimo para custear as passagens. Deu tudo certo e passei uma semana na Ucrânia. Fiz colegas e conquistei o primeiro lugar no Miss Plus Size. Minha reação, na hora do anúncio, foi chorar”, exclama, afirmando que o “borogodó” brasileiro foi decisivo para encantar os jurados.
Agora, com a significativa faixa atravessada no dorso, ela virou palestrante e ativista social. “A minha maior batalha é inspirar pessoas e desmistificar que todo gordo é doente. Eu prego a saúde e faço tudo para me cuidar, mas de forma não obsessiva. E é assim que todos deveriam lidar com a vaidade”, destaca, frisando que mais da metade da população do Brasil está acima do peso.
Truques para a tão almejada autoaceitação
Para quem também quer exercitar o amor próprio e, consequentemente, pôr fim aos padrões estéticos, a modelo dá dicas. “Primeiramente, é preciso entender que autoestima é uma construção diária – e que nunca estaremos 100% construídos”, inicia.
“É necessário fazer as pazes com o espelho. Se olhe para além da aparência. Enxergue aquilo que você tem de bom. Se for bonita por dentro, você automaticamente externalizará a beleza para fora”, garante.
“Por fim, mas não menos importante, siga nas redes sociais pessoas com o mesmo pensamento que você e busque, sempre, referências reais”, conclui.
No perfil do Instagram, onde é seguida por 18,8 mil pessoas, Nina compartilha mais truques para a tão almejada autoaceitação.