Blogueira branca admite fraude no sistema de cotas da UFRJ: “Vergonha”
A jovem postou texto na rede social se desculpando por burlar as cotas raciais da universidade seis anos atrás
atualizado
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A influenciadora digital Larissa Busch admitiu, em post no Instagram, que burlou o sistema de cotas raciais para entrar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), se autodeclarando parda. A revelação foi feita nessa terça-feira (02/06). Segundo a DJ e blogueira carioca, na época, ela se utilizou do fato de sua bisavó ser negra para participar da vaga para “candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas independentemente da renda”.
“Acreditava que ter uma bisavó negra me tornava não branca. Eu estava errada. Eu sou uma mulher branca e tive muitos privilégios por isso”, escreveu Larissa. No post, a DJ afirma que foi a “pior escolha” de sua vida e que abandonou a graduação por “não conseguir carregar o peso dessa culpa”. A fraude teria ocorrido há seis anos, para ingressar no curso de comunicação social.
“Há muito tempo guardo essa vergonha dentro de mim e por mais que me sinta triste que o episódio mais sujo da minha vida esteja se tornando público, no fundo sempre soube que esse dia iria chegar”, disse a DJ em um trecho do texto.
Ela continuou: “Quero pedir perdão também para todas as pessoas negras e minorias que lutaram/lutam para que um sistema como as cotas, que busca justiça social, tenha sido criado. Eu me sinto muito envergonhada, mas estou aqui para assumir o meu erro.”
Críticas
Na publicação no Instagram, a jovem foi criticada por internautas. Entre os comentários, uma seguidora sugere que Larissa banque uma graduação para uma pessoa negra. “Como sua culpa e processo de aprendizado não nos leva a lugar nenhum, sugiro que, para começar, você pague a graduação de uma pessoa negra com o seu dinheiro”, postou. Outro seguidor afirmou que “erro quem cometeu foi a Pugliesi. Você cometeu um crime”. Após o ocorrido, a blogueira trancou o perfil.
Antes da postagem no Instagram, a DJ havia sido citada em tweet do movimento antirracista #VidasNegrasImportam, que denuncia racismo e violência policial praticada pelo Estado nas periferias do Brasil. “Essa influenciadora digital, por exemplo, entrou na UFRJ fraudando cotas e nunca sofreu NADA em relação à isso”, alegou uma internauta, compartilhando links de ingressantes cotistas da UFRJ no segundo semestre de 2014. No documento, consta a matrícula de Larissa.
A revelação causou ainda mais indignação devido ao contexto histórico e social em que foi feita.