Bissexual, rainha do Carnaval quer ser referência para nova geração
Eleita a Rainha do Carnaval do Rio 2023, a passista Mari Mola tem orgulho de ser uma mulher preta, bissexual e moradora da favela
atualizado
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Mariana Ribeiro de Oliveira, mais conhecida como Mari Mola, mostra muito do que ela representa. Eleita a Rainha do Carnaval do Rio 2023, a passista tem orgulho de ser uma mulher preta e moradora da favela. Ela também faz questão de enaltecer a sua orientação sexual, assumindo-se publicamente como bissexual.
Aos 25 anos, Mari Mola é a primeira mulher na função a assumir que se relaciona com homens e mulheres. Criada no morro do Tuiuti, a sambista lutou muito para chegar ao lugar que ocupa. “Até meu jeito de sambar foi criticado”, relembrou, em entrevista à revista Marie Claire.
“Espero ser lembrada como uma rainha que possibilitou que as meninas pretas da comunidade sonhassem que elas também poderiam reinar”, disse. A passista foi eleita a Rainha do Carnaval carioca em 2023 após nove anos de sua primeira audição, no Acadêmicos do Salgueiro.
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Mari Mola contou um pouco sobre a sua luta contra o machismo, a homofobia e o racismo à revista feminina. “A bandeira do preconceito racial vem de mãos dadas com o social, né? O fato de eu ser de comunidade foi o que mais pesou na minha caminhada”, explicou ela, ressaltando que o seu samba já foi apontado como “grosseiro e pouco clássico”.
A sambista ainda comentou que muitas das vezes foi chamada de “exagerada”, ferindo-a profundamente. “A palavra exagerada me machuca muito. Acho até que posso ser exagerada, mas é um exagero que vem da entrega, do amor ao samba”, afirmou.
Mesmo que alguns comentários a ferem, a homofobia não é algo que incomoda Mari. Para ela, o preconceito contra bissexuais não é muito “escancarado”, devido à sexualização da relação entre duas mulheres.
“Eu acredito que não dá para a gente viver atrás das portas e embaixo dos panos para sempre, porque assim não consegue ser feliz”, concluiu.
Mari acredita que serviu de exemplo para mulheres no samba
Mari Mola demonstra que é uma figura feminina importante para combater o machismo no samba. “Costumo dizer que no céu não brilha só uma estrela, são várias. E o Carnaval é como se fosse o céu: tem lugar para todo mundo”, ressaltou.
A carioca também acredita que serviu de exemplo para outras mulheres. “Quando a van da corte me busca aqui em casa, vejo as meninas na rua me olhando. Elas me veem e sabem que amanhã pode ser elas”.
Desde o título de Rainha do Carnaval do Rio 2023, a jovem vem recebendo diversas mensagens de mulheres que nunca tiveram coragem de falar sobre a temática.
“O que me dá mais força é poder talvez ser a primeira assumida. É ser a primeira a colocar a cara a tapa. Mas, agora, eu me coloquei e talvez tome algumas porradas, mas para que as meninas tenham cada vez mais coragem”, finalizou.