Aumento de jovens com “tiques” pode estar ligado ao TikTok; entenda
Especialistas atestam que o número de adolescentes que desenvolveram algum tipo de tique nervoso cresceu na pandemia por conta do TikTok
atualizado
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Se você passa horas rolando a timeline do TikTok, a ciência apresentou mais um motivo para repensar seus hábitos. Um artigo colocou a rede social de vídeos como uma das explicações do porquê jovens do mundo todo têm aparecido em consultórios médicos com tiques — vocalizações ou movimentos involuntários — durante a pandemia.
De acordo com profissionais de saúde, houve um aumento acentuado entre os jovens de casos muito parecidos com a síndrome de Tourette, um distúrbio neurológico que causa tiques motores e fônicos de natureza complexa.
“Conforme os médicos de várias regiões geográficas começaram a se comunicar uns com os outros, eles perceberam que estavam vendo a mesma coisa em todo o mundo”, comentou o neurologista pediátrico Mohammed Al Dosari, em entrevista ao portal Cleveland Clinic.
Especialistas apontam ainda que o uso da plataforma de vídeos pode estar entre as causas do problema. A preocupação dos profissionais da saúde é que a mídia social — em particular, o TikTok — está “inadvertidamente reforçando e mantendo esses sintomas”, conforme descrito no estudo.
“Algumas adolescentes relatam maior consumo de vídeos que levam a hashtag #Tourettes antes do início dos sintomas, enquanto outras postaram vídeos e informações sobre seus movimentos e sons em sites de mídia social. Eles relatam que ganharam apoio, reconhecimento e um sentimento de pertencimento com essa exposição”, como descreve artigo publicado na revista Archives of Disease in Childhood.
Papel da rede social
Como a hashtag #Tourettes atualmente tem 5 bilhões de visualizações no TikTok, não é surpreendente que muitos pesquisadores estejam considerando o papel que o aplicativo de mídia social pode desempenhar no desenvolvimento de tiques.
Se antes de 2020, os tiques sem explicação definida eram responsáveis por cerca de 1% dos casos, um estudo realizado pela pela International Parkinson and Movement Disorder Society descobriu que, atualmente, eles respondem por até 35% dos casos.
“Desde o início da pandemia Covid-19, nossos colegas que trabalham em oito diferentes clínicas do transtorno em todo o mundo testemunharam uma pandemia paralela de jovens de 12 a 25 anos (quase exclusivamente meninas e mulheres) apresentando o rápido início de comportamentos complexos de tiques motores e vocais”, disse o estudo.
Efeitos particulares
Por outro lado, o estudo TikTok Tics: A Pandemic Within a Pandemic descobriu que os efeitos provocados pelo aplicativo não são idênticos aos tradicionalmente vistos em consultório.
“Os tiques da plataforma são distintos do que é tipicamente visto em pacientes com Tourette, embora compartilhem muitas características com os tiques já conhecidos. Acreditamos que este seja um exemplo de doença sociogênica em massa, que envolve comportamentos, emoções ou condições que se espalham espontaneamente por um grupo”, frisa o artigo.
No entanto, associar o quadro necessariamente à rede social pode ser precipitado. Segundo uma investigação do The Wall Street Journal, nem todos os médicos estão convencidos da ligação entre o TikTok e o problema.
“Existem algumas crianças que usam redes sociais e têm tiques de desenvolvimento, e alguns que não têm nenhum acesso a mídia social e também desenvolvem tiques […] Eu acho que há muitos fatores contribuintes, incluindo ansiedade, depressão e estresse”, comentou Joseph McGuire, professor do Centro de Tourette da Universidade Johns Hopkins à publicação.
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