Ativismo, humor e vida real: 3 influencers negros do DF para você seguir já
O Metrópoles selecionou três personalidades do Distrito Federal que merecem ser acompanhados durante todo o ano
atualizado
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O mês de novembro é marcado por celebrações e debates relacionados ao movimento negro. Na “vida real” ou por meio de vídeos, textos e fotos nas redes sociais, discute-se os efeitos do racismo na sociedade, sob diferentes pontos de vista.
No entanto, além do conteúdo militante, influenciadores digitais pretos também produzem outros tipos de narrativas, como comportamento, sexo, estilo de vida e muito mais. Pensando nisso, o Metrópoles selecionou três personalidades do Distrito Federal que merecem ser acompanhados não apenas este mês, mas em todos os outros.
Um deles é o brasiliense Gabriel Sampaio, modelo e educador físico de 26 anos. O compartilhamento de conteúdo na web começou sem a pretensão de influenciar mais de 11 mil pessoas no Instagram. Segundo ele, aconteceu por acaso, aos poucos. Desde então, os internautas acompanham diariamente a rotina e o lifestyle do atleta. “Meu conteúdo é bem aleatório porque tento atingir todos os públicos. Acho que isso traz muito engajamento”, conta.
Além de elogios, o influencer costuma receber mensagens dizendo que ele é um exemplo de representatividade e inspiração para outras pessoas, sobretudo pretas.
Para Gabriel, isso é muito importante, principalmente no cenário atual, no qual milhares de casos de racismo e injúria racial são divulgados na web.
“Muitos ainda acham que é drama, mesmo depois de todos acontecimentos ocorridos. Chega a ser algo surreal saber que ainda existem pessoas racistas. Vidas pretas importam, não somos diferentes de ninguém”, afirma, categoricamente.
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Bastidores
Editoriais de arte, autorretratos e vídeos performances são o carro-chefe do perfil de Samuel Veloso. Modelo e estudante de saúde coletiva na Universidade de Brasília, o jovem de 20 anos atua na web desde 2016. Atualmente, ele compartilha todos os dias fotos e vídeos sobre eventos marcantes da carreira e do cotidiano para seus mais de 20 mil seguidores.
A pele retinta de Samuel rende muitos elogios por onde passa, além de mensagens positivas. Os remetentes são, em sua maioria, pessoas negras que querem investir na criação de conteúdo ou na carreira de modelo. No entanto, não lhe faltam exemplos de ocasiões em que sofreu ataques de ódio na internet, no privado ou em público, por ser negro e fazer parte da comunidade LGBTQIA+.
“O racismo não dá um descanso nem na internet nem fora dela”, pontua.
Por esse motivo, ele salienta a importância do mês de novembro para relembrar as cicatrizes do preconceito na sociedade. “Este mês traz um resgate de memória para lembrarmos, nos próximos 11 meses do ano, que também precisamos ter consciência e lutar, porque o racismo está aí e tem gente preta morrendo diariamente”, ressalta.
Sexo, piadas e autoestima
“Nem sabia o que era ser blogueira”. Assim, a estudante Carol Wanze define o início de sua trajetória na internet como influenciadora digital. Aos 20 anos, ela conta ao Metrópoles que sempre se imaginou famosa, mas não sabia que seria graças ao conteúdo que publica nas redes sociais. A exposição começou quando a brasiliense percebeu que as pessoas gostavam de escutar suas histórias e posicionamentos.
Nos Stories, ela faz sete mil internautas rirem com piadas e respondendo perguntas sobre sexo. “Sempre tento trazer o que eu sou. Tem muitos criadores de conteúdo que criam um personagem dentro da internet. O humor é algo presente na minha vida”, afirma.
Além das mensagens parabenizando pelo conteúdo, há quem a agradeça por ser um exemplo de representatividade e inspiração. “A minha aceitação foi muito difícil, porque sempre fui gorda. Fiz bariátrica e, recentemente, uma plástica. A internet é uma forma de compartilhar a experiência com pessoas que passaram pelo mesmo e com pessoas que não conheciam essa realidade”, salienta.
Assim como Gabriel e Samuel, a estudante reconhece que o mês de novembro e o dia da Consciência Negra são essenciais para o debate sobre a estruturalização do racismo na sociedade. “É uma data muito importante, porque, infelizmente, é uma das poucas vezes que pessoas brancas querem nos ouvir, sendo que merecemos atenção não só neste mês. Somos pessoas e queremos ser ouvidos todos os dias. O racismo acontece diariamente, o antirracismo não, é só agora”, lamenta Carol.