Arrancar os cabelos é doença! Entenda a compulsão relatada por Gabi Brandt
De acordo com especialistas, mania de arrancar os próprios fios pode estar associada a quadros de estresse e ansiedade
atualizado
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A influenciadora Gabi Brandt comoveu os seguidores ao relatar, na semana passada, os efeitos de uma crise de ansiedade vivida por ela no último mês. A esposa de Saulo Poncio contou que desenvolveu uma compulsão por puxar os fios do próprio cabelo, mesmo dormindo, e mostrou buracos em seu couro cabeludo.
Ela afirmou que obsessão foi superada e que está se recuperando da perda capilar, mas desabafou sobre o sofrimento causado pelo comportamento, denominado tricotilomania. “Me incomodava muito, mas era uma parada compulsiva. Quando eu via, eu já tava fazendo, o dia inteiro”.
De acordo com diferentes estudos sobre o tema, o impulso de arrancar os próprios fios, do couro cabeludo ou de outras partes do corpo atinge de 0,6% a 3,6% da população mundial.
Entenda o transtorno
A professora de psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Christiane Carvalho Ribeiro, explica que condição está associada, na maioria das vezes, a situações emocionais consideradas difíceis, como as que podem ser geradas a partir do isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus.
“O estresse e a ansidade podem contribuir muito com o quadro. Alguns estudos apontam que as mulheres são as mais afetadas, relacionando-o, também, à questão hormonal”, explica Christiane.
A tricotilomania pode ocorrer de automática, quando a pessoa percebe o comportamento somente ao ver os fios arrancados, ou focada, quando parte do cabelo é retirada com alguma intenção, como reduzir o estresse e a ansiedade. Apesar das divisões, é comum também que o indivíduo apresente os dois comportamentos.
De acordo com a psiquiatra Renata Figueiredo, da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, a doença é subnotificada por vergonha ou desconhecimento do paciente. A profissional alerta, no entanto, que tanto o diagnóstico quanto o tratamento são fundamentais.
“É um transtorno que pode levar a uma série de consequências, desde a piora da qualidade de vida – quando a pessoa deixa de frequentar lugares em que a perda de cabelo se torna evidentes ou começa a sentir necessidade de disfarçar a perda do cabelo usando peruca, chapéu, etc -, até complicações mais graves infecções dermatológicas”.
Para tratar-se, é necessário buscar acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. Em muitos dos casos, é necessário também o auxílio de medicamentos, como os antidepressivos – que devem ser utilizados somente com indicação de um profissional habilitado.