Aprenda a substituir o celular das crianças por brincadeiras criativas
Jogos eletrônicos, tablets, celulares, televisão, todas essas evoluções tecnológicas estão aumentando diagnósticos de hiperatividade e déficit de atenção. Qual tal colocar as crianças para brincar fora de casa hoje?
atualizado
Compartilhar notícia
Não é difícil encontrar crianças e até bebês, usando tablets, mexendo no celular do pais, jogando videogames ou vendo televisão. A verdade é que hoje existe uma grande facilidade em obter dispositivos eletrônicos.
Até que ponto é saudável o seu filho, que nem aprendeu a ler, saber desbloquear seu smartphone e entrar no joguinho? Ou não desgrudar os olhos da TV e de vídeos no tablet?
De acordo com o “New York Times“, chefes e empregados de empresas como Google, Apple, Yahoo e eBay, matriculam seus filhos em uma escola que proíbe o uso de computadores, celulares ou qualquer outra tecnologia portátil. Estranho né? Mas a atitude é baseada em estudos recentes, que mostram como a conectividade pode causar danos à mente das crianças em desenvolvimento.Estudos da Academia Americana de Pediatria (AAP) alertam para os riscos da exposição de crianças a mídias eletrônicas. De acordo com o estudo, brincadeiras são mais valiosas para o cérebro em desenvolvimento do que os aparelhos tecnológicos.
Um dos problemas da modernidade é que a relação com dispositivos eletrônicos tem começado cada vez mais cedo. O uso abusivo dos aparelhos tecnológicos pode causar danos no desenvolvimento, na saúde e no desempenho escolar das crianças.
Uma pesquisa realizada pela AVG Technologies, em 2014, com famílias de todo o mundo mostrou que 66% das crianças entre três e cinco anos de idade conseguia usar jogos de computador, 47% sabia como usar um Smartphone, mas apenas 14% era capaz de amarrar os próprios sapatos sozinha. O levantamento apontou ainda que, 97% das crianças brasileiras entre seis e nove anos usam a internet.
Apesar de alguns artigos mostrarem que os eletrônicos usados de forma educativa podem ajudar os menores de três anos, a AAP mantém a recomendação de que, antes dos dois anos de idade as crianças não devem ter contato com mídias eletrônicas, já que “o cérebro da criança se desenvolve muito rápido nesses primeiros anos e os pequenos aprendem mais interagindo com pessoas, do que com telas”.
A neuropedagoga Priscila Peres diz que não há como negar que o aumento da tecnologia em casa muda o comportamento da criança. As que usam videogame, celular, tablets, param de sair de casa e são mais inquietas, se comparadas com as crianças que têm contato com bichos, horta e até outras crianças.
Priscila explica que muitas crianças estão sendo erroneamente diagnosticadas com déficit de atenção e hiperatividade, pois não se interessam por nada – que não seja tecnológico. “Um ótimo teste para saber se o filho tem ou não algum desses problemas é observar se ele consegue ficar quieto na frente do computador, da televisão. Se conseguir, ele não tem nenhum distúrbio”, explica a neuropedagoga.
O diagnóstico asó é confirmado em caso de crianças que não conseguem ficar quietas, mesmo quando a atividade é do interesse delas. A neuropedagoga relata que é comum as coisas se tornarem desinteressantes para os pequenos. “O menino vai para a escola e lá não tem jogo, não tem celular, tablet, e ele não se interessa, consequentemente não vai prestar atenção”, diz Priscila.
Para a especialista, não é saudável que os pequenos tenham acesso diário aos eletrônicos. Ela indica de 30 minutos a uma hora, por dia. E tem mais, o ideal é entregar os aparelhos para as crianças a partir dos sete anos. “No caso dos bebês, o sistema cognitivo se desenvolve depois do motor. Se você estimular só o cognitivo e não o motor, alguma coisa não vai funcionar. E só a partir dos sete anos que o sistema cognitivo começa a se sobressair sob o motor”, diz Priscila Peres.
Achou impossível segurar a tecnologia até os sete? A terapeuta ocupacional pediátrica e bióloga canadense Cris Rowan defende que os menores de 12 anos não devem ter contato com smartphones, televisão e outros, pois os mesmos são prejudiciais ao desenvolvimento e ao aprendizado infantil. Criança tem que pular, correr, gastar energia. O excesso de aparelhos tecnológicos fica pra vida adulta.
Tecnologia para as crianças com moderação
A psicóloga e especialista em análise do comportamento Marina Costa Oliveira costuma falar para os pais que a chave de tudo é o equilíbrio. A criança não pode virar a noite jogando no computador, fazer refeições vendo televisão, deixar de comer para ficar com tablets e smartphones. Os responsáveis devem supervisionar o conteúdo e o tempo que os pequenos usam aparelhos tecnológicos.
“3,2 bilhões de pessoas estão conectadas à internet no mundo. Os pais não precisam proibir, mas tentar usar essa ferramenta a seu favor. A tecnologia é neutra, o negativo ou positivo é determinado por quem usa. Calculadora, jogos que estimulam o raciocínio, muitas ferramentas fantásticas podem ser úteis. Mas, sempre observando o comportamento, vida social, notas da escola. Tentar fazer a criança intercalar a televisão com brincar no jardim, por exemplo”, explica Marina.
A psicóloga aconselha que os responsáveis entrem em acordo com a criança e mostrem que se ela não brincar em ambientes externos ou com jogos que não envolvam aparelhos tecnológicos, não poderão ter acesso ao telefone celular, tablets, TV e outros.
Marina toca em outro ponto muito comum: alguns responsáveis têm preguiça de brincar com as crianças. “Muitos pais não interagem com seus filhos, não participam da infância, não brincam junto. A internet não pode ser mais importante do que interagir socialmente, e isso vale para adultos e crianças”, enfatiza.
Quando não existia tablets e Smartphones, como os pais faziam para entreter as crianças em ambientes fechados? A neuropedagoga Priscila Peres e a psicóloga Marina Costa Oliveira sugeriram algumas opções para você colocar em prática: