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Após câncer de testículo e metástase, Augusto faz alerta aos homens

Neste Abril Lilás, ele usa sua superação para quebrar tabu e mostrar importância do exame de toque e de consultar urologista com frequência

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Brasília (DF), 17/04/2018  – Retranca: CÂNCER DE TESTÍCULO-  Local Onco-Vida   Foto:
1 de 1 Brasília (DF), 17/04/2018 – Retranca: CÂNCER DE TESTÍCULO- Local Onco-Vida Foto: - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

Augusto César de Souza não gosta de aparecer. “Mas se tudo que passei servir para conscientizar os homens da importância do autoexame, falo com todo mundo”, disse o técnico administrativo, de 25 anos, sobre a luta contra um câncer de testículo.

Após ignorar os sintomas por mais de um ano, o jovem resolveu tomar uma atitude. Afinal, seu corpo indicava não estar tudo bem. “Notei um incômodo no testículo direito, estava diferente. Sabe quando você cozinha muito um ovo, ele estoura e fica uma camada branca por fora? Eu sentia exatamente isso”, diz.

Com o tempo, o testículo se enrijeceu e ficava dolorido por dias após relações sexuais. Mas a “chavinha” virou ao ver o órgão crescer. Em menos de um mês, triplicou de tamanho. Qualquer toque era sentido e até usar calça jeans tornou-se um martírio.

“Não dava para adiar e me consultei com um urologista. Realizei exames de sangue, tomografia e ultrassonografia. Um dos testes constatou o pior: poderia ser câncer. O procedimento consistia em retirar o testículo e, só então, realizar a biopsia, para evitar o contágio do outro. O resultado apontaria um tumor maligno, mas eu ainda não sabia. Estava de viagem marcada e, imaginando o diagnóstico, só queria receber a notícia na volta”, relembra.

Nas duas semanas viajando por Buenos Aires, Augusto viu seu órgão triplicar de tamanho. O fato de ter esperado muito fez o testículo se romper durante uma relação sexual. Ao chegar no hospital, sentia uma dor insuportável, mas os exames nada detectaram.

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Por ter plano de saúde, Augusto conseguiu se tratar rapidamente

 

O urologista constatou o rompimento e a infecção em todo o canal inguinal. Augusto tomou morfina até o dia da cirurgia, realizada três dias depois. O procedimento durou duas horas e, por causa da infecção, não colocou a prótese de testículo – o corpo poderia rejeitá-la.

No dia seguinte, deixou o hospital e ficou em repouso por 60 dias. No retorno ao oncologista, refez os exames de sangue e todos os marcadores estavam normais, mas o especialista pediu para observar possíveis dores nas costas, pois eram sinais de metástase. A mãe do rapaz alertou o médico que isso já estava acontecendo.

Uma tomografia de corpo inteiro indicou o inesperado: nódulos nos pulmões e gânglios. Foi preciso começar um tratamento de quimioterapia.

“A gente passa pela fase do ‘Por que eu?’ e, em seguida, pela do ‘Pronto, vou morrer’. Existe tabu na palavra câncer. Imaginamos que quem tem, vai morrer. Mas esse tipo responde muito bem a quimio e o índice de cura é muito alto. A pessoa só precisa procurar e tratar”, alerta.

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Durante a quimioterapia, o técnico administrativo sentiu fortes efeitos colaterais

Nos primeiros dias, ele achou o processo muito difícil e chegou a cogitar não concluir o tratamento.

Quando os cabelos caíram, Augusto sentia o couro cabeludo queimando, incomodando e coçando. Muito apegado aos fios, teve problemas de autoestima. A filha de 3 anos, Lis, o ajudou bastante a passar pelo processo: “O primeiro tufo caiu e ela começou a rir. Com a gargalhada dela, o desespero diminuiu e eu ri junto”.

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Após três ciclos de quimioterapia, cada um com sete aplicações e duração de 21 dias, todos os nódulos foram eliminados

Após três ciclos de quimioterapia, os exames confirmaram que Augusto estava curado. O técnico administrativo ainda precisa de acompanhamento por toda a vida para garantir o não reaparecimento da doença em algum outro local.

O caso de Augusto César foi o primeiro da família. Agora, todos estão mais atentos e cuidadosos. Ele mesmo mudou completamente a alimentação e está praticando exercícios regularmente.

Nunca pensei que teria câncer, muito menos aos 25 anos.Tive altos e baixos durante o processo, mas falei o tempo todo: ‘Isso vai acabar’

Augusto César de Souza

Sua parte depois de tudo isso é tentar atingir e conscientizar o maior número possível de homens. O pai de Lis fala da importância de ir ao urologista. “Não tem nada de vergonhoso em procurar um especialista, realizar o exame de toque, encostar em seu testículo. Essa é a única maneira de verificar se algo está errado, deixe o machismo de lado”, diz.

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“Nos períodos difíceis, você consegue ver quem está ao seu lado. Minha mãe, meu irmão e minha namorada me apoiaram muito. Recebi um acolhimento enorme e, agora, quero ser uma pessoa melhor para os outros”

 

O câncer de testículo
De acordo com o Instituto do Câncer (INCA), esse tumor afeta, principalmente, homens em idade fértil, entre 15 e 50 anos. A incidência estimada é de três a cinco casos a cada 100 mil homens. Paulo Lages, oncologista clínico do Instituto Onco-Vida, alerta sobre os sinais.

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Augusto César está curado. Agora ele precisa de acompanhamento pelo resto da vida

“Inflamação nos testículos, sangue ao urinar, inchaço, dores na virilha, parte inferior do abdômen e no testículo, nódulo, sensação de peso e sensibilidade nos mamilos podem ser sintomas da doença”, explica o médico.

Histórico familiar, lesões e a criptorquidia (ocorre quando os testículos estão posicionados fora da bolsa escrotal) são fatores de risco e aumentam em 50% a chance de desenvolver a doença. O tratamento depende do estágio do tumor: cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia.

Para o doutor Paulo Lages, a melhor forma de prevenir o câncer de testículo é o autoexame.

“Orientamos os homens a apalparem seus testículos todo mês, assim como as mulheres fazem com os seios. Caso apareça um nódulo ou endurecimento do local, procure seu urologista. É importante frisar: existe um grande potencial de cura do paciente, mais de 90% dos casos, e, quanto mais precoce o diagnóstico, menor a quantidade de procedimentos a serem realizados”, diz o oncologista.

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