Amor na quarentena: as lições de relacionamentos que se fortalecem na crise
Enquanto muitos casais entram em colapso, outros têm vivido momentos de cumplicidade durante a pandemia de coronavírus
atualizado
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Desde que teve início a pandemia de coronavírus, a China viu os pedidos de divórcio aumentarem substancialmente. O fenômeno não parece isolado e atingiu casais em todo o mundo e, inclusive, no Brasil, como Whindersson Nunes e Luísa Sonza e, mais recentemente, Mayra Cardi e Arthur Aguiar.
Ouvido pelo Metrópoles, um psicólogo explicou que essas separações provavelmente não serão as únicas, já que o isolamento social funciona como uma “lente de aumento” ao que estava errado na relação. Porém, assim como servirá de baliza a romances que precisavam chegar ao fim, a crise tem unido alguns casais e lhes permitido viver momentos de pura cumplicidade.
Foi o caso dos mineiros Wildson Caldeira, 27 anos, empreendedor digital que namorava a nutricionista Sarah Gomes, 28 anos, há seis anos. No mês passado, ele decidiu propor casamento à amada de uma forma inusitada. “Eu queria que fosse algo bem a nossa cara e marcante, então, veio a quarentena no meio de março e acabamos ficando isolados. Os planos foram por água abaixo”, relembra.
“Com todo mundo isolado, alguns vizinhos começaram a projetar mensagens de conforto e de carinho no prédio em frente ao que moramos, em Belo Horizonte… Foi quando tive ideia de fazer o pedido por meio dessa projeção, no dia 2 de abril”, conta.
Com a mensagem estampada no edifício JK, prédio histórico desenhado por Oscar Niemeyer e visualizada por todo o bairro, Sarah não hesitou em dizer sim.
“Nesse momento não tão usual, as coisas acabam ficando mais à flor da pele. Aquilo que já está dentro das pessoas se reflete. No nosso caso, gostamos muito de estar juntos. Acredito que o casamento será só mais um passo na nossa união”, diz Caldeira.
Assim como Sarah, nomes como a atriz Luana Piovani também aceitaram se casar em plena pandemia. O cantor sertanejo Léo Magalhães, por exemplo, resolveu fazer uma cerimônia de casamento apenas com a amada, a digital influencer Josi Neves.
O músico preferiu não adiar o desejo de construir uma nova família depois de uma viagem romântica pela Europa. “Em breve, quando toda essa pandemia do coronavírus passar, vamos fazer um casamento lindo na igreja e uma festa maravilhosa com todas as nossas famílias e amigos”, escreveu, no Instagram.
Veja a galeria com fotos da cerimônia de casamento de Léo Magalhães e Josi Neves:
Convivência full time
Para muitas pessoas, a quarentena não veio junto a mudanças tão drásticas, como um noivado ou casamento. Ainda assim, a convivência 24h poderia representar um risco à “saúde” da relação.
A produtora de conteúdo e social media Juliana Bandeira, de 27 anos, e o fotógrafo Bruno Aguiar, 32 anos, dividem não apenas a rotina, mas grande parte do trabalho. Nem por isso vivem em conflito iminente, muito pelo contrário.
A jovem acredita que o segredo de tanta serenidade, além da admiração nítida que têm um pelo outro, é dar espaço de respiro e dividir as tarefas domésticas. “Ele fica com tudo de cozinha. Cozinhar e lavar louça, por exemplo. E eu com organização e limpeza da casa”, conta.
Além desses pequenos acordos, eles são rigorosos ao dividir os compromissos profissionais e o lazer. Cada um fica no próprio escritório. “Tem vezes que só nos encontramos a noite”, comenta.
Reinvenção do amor
Para o psicólogo do Kurotel, Michael Zanchet, muitos casais têm reinventado o relacionamento nesse período em que estão mais próximos. “Quem tiver uma análise positiva desse momento vai dar mais atenção ao presente e menos ao passado e futuro. Reciclará valores”, defende.
Segundo o especialista, quem quiser de fato viver uma história de amor precisará dispor de afeto, tolerância e aceitação do outro. “Disponibilizar tempo para os relacionamentos requer desejo e disponibilidade interna, é uma construção”, explica. “Temos que compreender o que buscamos em um relacionamento e o que eu posso dar e o outro dar a mim. Ninguém pode dar aquilo que não tem”, resume.
Ela alerta, porém, para o risco de decisões tomada pelo calor do momento, quando as percepções ficam mais aguçadas. Para o profissional, se não for alguma mudança brusca já planejada e pensada pelo casal há tempos, um pedido de namoro ou casamento pode esperar, uma vez que há a chance de estar permeado de estresse e impulsividade.
“Independentemente do momento, muitas decisões podem ser assertivas, desde que sejam pautadas pela razão e não pela emoção, que é o maior desafio”, finaliza.
