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Aaron Ciechanover, vencedor do Nobel, veio ao DF inspirar cientistas

Aaron Ciechanover, que recebeu o prêmio em 2004, esteve na UnB e garantiu: “A ciência é a língua da paz”

atualizado

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Aaron Ciechanover
1 de 1 Aaron Ciechanover - Foto: Divulgação

Um auditório lotado recebeu e aplaudiu de pé o médico e cientista israelense Aaron Ciechanover na última quinta-feira (10/8), na UnB. O laureado, vencedor do prêmio Nobel de Química de 2004, esteve em Brasília como parte do Nobel Prize Inspiration Initiative, um programa global organizado pela AstraZeneca que leva premiados pelo Nobel para universidades e centros de pesquisa ao redor do mundo. O objetivo é inspirar estudantes e jovens cientistas e explicar como é feita uma pesquisa de ponta.

Os estudos de Aaron falam sobre um sistema chamado de Ubiquitina, que é um processo de decomposição de proteínas. A descoberta se tornou base para diversos medicamentos que tratam o câncer, por exemplo. Os estudos começaram nos anos 1970 e seguiram na década seguinte. O reconhecimento só veio anos depois, em 2004.

“A pesquisa hoje é forçada a ser aplicada, a ser útil a curto prazo. Meu trabalho começou com curiosidade. Foi algo nada prático que acabou ajudando a criar remédios muito importantes. A ciência não tem limites. E ela é a melhor língua da paz”, afirmou.

O Metrópoles conversou brevemente com o bioquímico:

DivulgaçãoQual é a importância de viajar o mundo contando a sua experiência como cientista e vencedor do prêmio Nobel?
É muito importante. Eu não viajo muito porque continuo trabalhando no laboratório e não quero me destruir. Mas é muito inspirador para os jovens perceber que é possível e que as pessoas estão fazendo pesquisa no mundo todo. Não é impossível ganhar um prêmio Nobel, nem para que vem de países muito pequenos. Eu consegui, por que eles não conseguiriam? Não estou falando só de ganhar um prêmio, mas de ser relevante para a sociedade, fazer algo que tenha significado. É inspirador.

Qual é o próximo passo depois de ganhar um prêmio tão importante, que pode ser considerado o topo da sua carreira?
Ciência é um estilo de vida, você ganha o prêmio, fica feliz por isso, e volta para o laboratório. Ciência é a minha vida. Eu tenho uma família, meus amigos. Eu viajo mais, o que é muito interessante, conheço pessoas diferentes, culturas diversas, paisagens. É muito inspirador para mim, já estive em quase 90 países. Mas, no fim das contas, eu sou um cientista. Não mudei.

Israel é um país bastante novo, que vive em guerra há muitos anos. Mesmo assim, onze israelenses já ganharam o prêmio Nobel. Por que acredita que têm tanta força?
Acho que o estudo é uma tradição judaica. Judeus sempre foram perseguidos, sempre tiveram que mudar de local. Se você não pode ter propriedade, pelo menos você pode ter a sua cabeça. Israel era muito pobre até acharmos gás, só tínhamos o nosso cérebro até então. Desenvolvemos boas universidades, boas indústrias, exportamos tecnologias. E temos muitos inimigos ao nosso redor: Síria, Iraque, Irã. É uma loucura o que acontece perto de nós. Temos que nos manter inovando para não morrer. Acho que esses pontos contribuíram para uma sociedade que funciona, e os prêmios são uma consequência disso.

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