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A vida depois de… enfrentar cinco cânceres

José Jance teve leucemia, tumores no cérebro, no coração e na pele. Ele tem uma síndrome rara que facilita o surgimento da doença, mas não se rendeu a ela

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Anos ímpares são sinônimo de tensão na vida de José Jance Marques Granjeiro. Em 2005, ele descobriu o primeiro câncer. Uma pinta no peito tinha formato irregular e causava dores. Médicos confirmaram: era um melanoma, um tipo de câncer de pele. Jance tinha 17 anos e, pela primeira vez, se viu de frente com a impermanência da vida. Fez todo o tratamento e acreditou na cura.

Dois anos depois, em 2007, outro diagnóstico: desta vez o câncer era mais sério, havia atingido o coração. Jance sentia-se muito cansado, sem razões aparentes. O batimento do órgão também estava diferente. Problemas cardíacos anteriores impediam que uma cirurgia fosse feita. Foi preciso enfrentar novamente sessões de radio e quimioterapia.jance1

No segundo tumor, eu pensei: será um castigo de Deus? Um médico me deu quatro meses de vida, me aconselhou a aproveitar o resto de tempo que eu tinha. Mas não aceitei, procurei outras opiniões e foi minha melhor decisão. Sempre há outro lado, outro modo de ver as coisas, que pode trazer esperança. A palavra de um médico não é lei

José Jance

As sucessivas doenças não o impediram de realizar seus planos. Em 2009, Jance formou-se na faculdade de comunicação social. No mesmo ano, percebeu uma nova pinta, muito parecida com a primeira. “Já conhecia esse roteiro. Fui ao médico e descobri a doença logo no começo. Novamente, fiz cirurgia e quimio”, diz. Depois do terceiro câncer, Jance procurou geneticistas e aceitou participar de grupos de pesquisa. Em troca, teve o tratamento custeado.

Pesquisadores descobriram que Jance tem uma síndrome rara, chamada Li-fraumeni. A condição genética caracteriza-se pela predisposição ao câncer. Em alguns estudos, aponta-se a probabilidade de os tumores diminuírem ou pararem aos 30 anos. Outros estendem essa expectativa para os 50 anos.

Quem tem essa síndrome tem 25 vezes mais chance de desenvolver vários tipos de tumores malignos, comparado com a população em geral. Enquanto investigava as causas dos tumores frequentes, Jance conheceu uma mulher com a mesma síndrome, que teve 23 tumores ao mesmo tempo.

A síndrome também acelera a produção de células. É desencadeada pela enzima metaloproteinases da matriz (MMP-8). Sintetizada, a substância pode diminuir os efeitos colaterais da doença em outras pessoas. Por isso o sangue de Jance agora faz parte de um estudo para desenvolver uma vacina contra o câncer, no Brasil.

A possibilidade de novos tumores gerava ansiedade. Em 2011, ele começou a sentir tonturas muito fortes. Chegou a desmaiar quando descia escadas ou levantava-se da cama. Eram dois tumores no cérebro, que davam sinal de existência. Mais quatro ciclos de quimioterapia se fizeram necessários. “Participar de grupos de apoio a pacientes fez muita diferença nesse momento. Como não sou próximo dos meus pais, fui criado pela minha avó, busquei apoio também nos amigos, que foram essenciais”, afirmou.

Arquivo Pessoal
Os vários cânceres não impediram José Jance de aproveitar a vida. Na foto, ele mergulha em Maragogi.

Antes mesmo de entrar em período de remissão — que são os cinco anos seguintes ao câncer — Jance teve um novo baque: em 2013, veio a leucemia, acompanhada de sangramentos no ouvido e no nariz. “Foi o câncer que mais me assustou, porque vi muita gente morrer por conta dele”.

O tratamento durou quatro meses. Jance fez uma promessa: se sobrevivesse, viajaria a Paris. “É preciso fazer planos para o futuro, renovar as energias, mesmo quando parece difícil”. No ano seguinte, ele conheceu a Cidade Luz. Paralelo aos diagnósticos, concluiu duas faculdades e fez mestrado. Acaba de entrar no curso de direito. Jance valoriza seus dias e não deixa sonhos para amanhã.

Jance prometeu a si mesmo que iria a Paris, caso sobrevivesse. Compromisso foi cumprido
Jance prometeu a si mesmo que iria a Paris, caso sobrevivesse. Compromisso foi cumprido

 

Em 2015, ele completou 30 anos. Torce para que, de agora em diante, os tumores não teimem em aparecer. Para muita gente, 2015 foi um tempo ruim, mas não para Jance. Na virada, ele vai brindar a esse ano ímpar, o primeiro sem más notícias.

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