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A vida depois de… Cruzar com um buraco no meio do caminho e parar no hospital

Eder de Oliveira Luciano é uma das vítimas da má conservação do asfalto da DF-001. Por sorte escapou vivo de um acidente causado por buracos, mas teve ferimentos graves, que viraram sequelas físicas e emocionais

atualizado

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Brasília (DF), 05/02/2016A vida depois de… Cair em um BuracoLocal: Sobradinho 1, Quadra 2, CJ B10 Casa 8
1 de 1 Brasília (DF), 05/02/2016A vida depois de… Cair em um BuracoLocal: Sobradinho 1, Quadra 2, CJ B10 Casa 8 - Foto: Felipe Menezes / Metrópoles

Cruzes brancas à beira da estrada simbolizam as vidas perdidas na DF-001, próxima ao Lago Oeste. Ao longo da via, o asfalto está em pedaços, o acostamento é coberto por pedras e há partes de carros e peças de motos que se desprenderam em acidentes, muitos deles fatais. Eder de Oliveira Luciano, 44 anos, é uma das vítimas da DF-001. Por sorte escapou vivo, mas não sem ferimentos graves, que viraram sequelas físicas e emocionais.

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Eder de Oliveira Luciano de volta ao local do acidente

Em agosto de 2015, ele voltava da chácara da família, no Lago Oeste, perto da hora do almoço, para casa, em Sobradinho, de moto. O caminho é a DF-001, perto da Vila Basevi, cheia de buracos e de perigos. O motociclista vestia luvas e outros itens de proteção, insuficientes para protegê-lo do impacto da queda. Depois de passar por três buracos mal cobertos e perder o equilíbrio, Eder rolou no asfalto quente por mais de 150 metros. Ele alega que estava na velocidade da via, a 80 km/h.

“A moto ficou descontrolada, o guidão ia de um lado para o outro. Sempre via funcionários do DER jogando asfalto dentro dos buracos, com uma pá. É uma maquiagem, um paliativo muito perigoso. Estourar pneu é o que ocorre de menos grave ali”, alerta Eder.

Ele perdeu grande parte da pele das costas, do peito e dos joelhos. Feriu as mãos, teve o nariz fraturado e uma luxação no tornozelo. Ficou três meses enfaixado e, ainda hoje, tem muita dificuldade para respirar e não consegue correr. Provavelmente, precisará de uma cirurgia, que custará caro.

“Tive 3 mil de prejuízo com a moto, gastei R$ 600 em analgésicos e R$ 2,5 mil em internação, pois o hospital público não tinha nem maca. Os bombeiros disseram: “Desenrola que a gente precisa levar a maca”. Então, fiquei em pé no corredor o tempo todo, até que desisti e recorri ao Santa Helena”, relata.

Meu rosto ficou desfigurado, meu nariz partiu-se ao meio. Era muito sangue, tanto que passei pelo lugar depois e ainda tinha manchas vermelhas. Eu sentia tanta dor que não conseguia pensar

Eder Luciano
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O motociclista mostra alguns dos ferimentos, já cicatrizados

Eder é motorista de caminhão, trabalha como autônomo e ficou três meses afastado. Teve de contratar um motorista para dirigir em seu lugar, para não perder o sustento. “Fui negligenciado pelo governo duas vezes. Na primeira, porque não cumpriram a obrigação de cuidar da pista. Na segunda, porque o hospital não tinha condições de me receber”, desabafa.

Além das cicatrizes físicas, Eder teve traumas emocionais. Precisou de tratamento com psicólogo para ter coragem de dirigir novamente. Sempre que passa pela DF-001, recorda os momentos de pânico que viveu. “Posso fazer uma lista das mortes que já vi ali, por conta da falta de cuidado com o asfalto. No ano passado, no Dia das Mães, vi duas crianças morrerem em um acidente violento. Vários carros derrubam postes. É uma situação de abandono com a vida humana”, conclui.

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O nariz de Eder continua fraturado: ele tem dificuldade para respirar e deve fazer uma cirurgia

O Departamento de Estradas e Rodagem (DER), responsável pela DF-001, informou, por meio da assessoria de imprensa, que a licitação para recapeamento asfáltico está pronta. As obras devem começar na primeira semana de março e custarão R$ 6,8 milhões.

Mortes no asfalto
De acordo com o DER, foram 18 acidentes fatais em 2015, na EPCT (ou DF-001), e 28 ocorrências dessa natureza, em 2014. A via tem 140 km de extensão. O trecho a ser restaurado, no Lago Oeste, compreende os kms 119,3 a 131,8, conforme especificado em edital publicado no site do DER-DF. O trecho da DF-001 que passa por Brazlândia é um dos mais perigosos e ficou conhecido como Curva da Morte.

Na tentativa de chamar a atenção dos governantes para a má conservação do asfalto, o Metrópoles convidou grafiteiros da cidade para colorir os buracos do DF. O problema motivou o projeto #bsburaco, no qual sete artistas da cidade— Ju Borgê, Toys, Omik, Yong, Siren,GurulinoRato — promovem intervenções artísticas nas falhas espalhadas ao longo das ruas e avenidas da capital.

Na noite desse sábado (6/2), Ju Borgê fez uma verdadeira obra de arte entre dois buracos localizados em Vicente Pires.

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Buraco na Rua 10 de Vicente Pires

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Ju Borgê desenhou as crateras de Vicente Pires

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