metropoles.com

A união faz a força: grupos de mães despertam empatia on-line

Iniciativas virtuais são palco de confidências entre mulheres, e encurtam o caminho para uma maternidade sadia e feliz

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Grupo de mães / Comportamento
1 de 1 Grupo de mães / Comportamento - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

A maternidade é um dos momentos mais bonitos e desafiadores da vida de uma mulher. A jornada de trazer um filho ao mundo é marcada por descobertas incríveis e, em igual medida, solidão. É um caminho paradoxal, e que se torna um marco de vida. Para tornar esse momento mais sereno e amigável, grupos de mães têm surgido e ganhado força nas redes sociais. As comunidades virtuais propiciam um ambiente de troca empático e se estabelecem como tendência em diversas regiões do país, inclusive no Distrito Federal.

Normalmente separadas por localidade, as páginas de apoio têm como foco unir mulheres, quebrar paradigmas e disseminar informações úteis sobre esse universo. E mais: viraram vitrine para a solidariedade. Quem confirma é Ana Paula Leite, administradora que fundou e é uma das responsáveis pelo Mães Amigas de Águas Claras, um dos grupos mais tradicionais e encorpados do Centro-Oeste. 

“Dei vida à comunidade em 2012, no Facebook. À época, estava grávida e recém-chegada ao bairro. Não conhecia ninguém e me sentia muito desamparada”, rememora a idealizadora. “De forma despretensiosa, a página criada para me aproximar de outras mães foi crescendo e se tornou uma importante plataforma de troca maternal”, complementa. Atualmente, o grupo recebe dezenas de contribuições diárias e acumula 88 mil integrantes. 

A missão de promover elo e empoderamento feminino foi alargada e, agora, espaços virtuais como esse tem sido palco, também, de assistência social. A administradora do grupo cita algumas menções honrosas. “Já realizamos casamentos comunitários, ajudamos mães com câncer, compramos materiais escolares de crianças carentes e conseguimos descontos em escoladas para todas as integrantes da comunidade”, exemplifica Ana Paula.

“A página é uma corrente do bem que pulsa e vibra com cada pequena conquista”, incrementa.

5 imagens
A página é palco de trocas entre mães do DF
Acumula 87 mil integrantes e conta com dezenas de publicações diárias
Mãe de três filhas, Ana Paula também ajuda a administrar o perfil do Instagram Mães Amigas DF, com 58 mil seguidores
Ela concilia a trabalho voluntário com o cargo de servidora pública
1 de 5

Ana Paula Leite é a mente por trás do grupo Mães Amigas de Águas Claras, no Facebook

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
2 de 5

A página é palco de trocas entre mães do DF

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
3 de 5

Acumula 87 mil integrantes e conta com dezenas de publicações diárias

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
4 de 5

Mãe de três filhas, Ana Paula também ajuda a administrar o perfil do Instagram Mães Amigas DF, com 58 mil seguidores

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
5 de 5

Ela concilia a trabalho voluntário com o cargo de servidora pública

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

O acesso à comunidade é restrito. Segundo a mediadora, a medida protetiva serve para evitar conflitos de interesse e preservar a privacidade dos membros. O processo de seleção, no entanto, é simples. “Aceito apenas mulheres e dou preferência às que moram em Águas Claras. Às vezes, quebro minha própria regra e admito genitoras de outras regiões, para trazer diversidade”, conta.

 “Parto do princípio de que mulheres carentes são as que mais precisam de amparo. A localização serve apenas para organizar as comunidades. Muito além disso, está o sentimento de companheirismo entre nós, mães”, exclama Ana Paula.

O grupo é prova de que não existem fronteiras para a empatia. Nele, nascem histórias esperançosas, aos moldes das veiculadas no site Só Notícia Boa. Um dos casos recentes foi protagonizado por Gilssara Figueiredo, 29 anos, e a filha mais velha, Lara, 10.

Ao procurar papel e caneta no quarto da menina, a moradora de Águas Lindas, município goiano a 45km de Brasília, encontrou uma emocionante carta para o Papai Noel.

Na mensagem, minha filha pede um dia de beleza para mim, que sofro de depressão e estou desempregada. Me emocionei ao saber que ela deixou os sonhos de lado para me agradar e, então, compartilhei o caso na comunidade on-line, da qual faço parte há anos

Gilssara Figueiredo

O post foi ao ar nessa quarta-feira (06/11/2019). Não demorou a viralizar. “A repercussão foi muito positiva. Recebi frases de incentivo e ganhei mimos, como o tão aguardado dia no salão”, complementa.

Gilssara sofre de problemas psíquicos desde que perdeu o emprego ao engravidar pela terceira vez. “Já tomo antidepressivos. Agora, a luta é para conseguir sessões de terapia e consultas com psiquiatra”, desabafa, acrescentando que a página a incentiva a seguir batalhando.

5 imagens
"Me emocionei ao saber que ela deixou os sonhos de lado para me agradar", desabafa
Ao divulgar o caso, ela recebeu frases de incentivo e ganhou tratamentos em um salão de beleza
Gilssara sofre de depressão desde o começo deste ano
"Sou mãe de três filhos e estou desempregada. É difícil cuidar das crianças e procurar serviço, simultaneamente. O grupo Mães Amigas me dá forças para continuar batalhando", finaliza
1 de 5

Cartinha destinada ao Papai Noel escrita pela pequena Lara e compartilhada nas redes sociais pela mãe, Gilssara Figueiredo

Jacqueline Lisboa/Especial para Metrópoles
2 de 5

"Me emocionei ao saber que ela deixou os sonhos de lado para me agradar", desabafa

Jacqueline Lisboa/Especial para Metrópoles
3 de 5

Ao divulgar o caso, ela recebeu frases de incentivo e ganhou tratamentos em um salão de beleza

Jacqueline Lisboa/Especial para Metrópoles
4 de 5

Gilssara sofre de depressão desde o começo deste ano

Jacqueline Lisboa/Especial para Metrópoles
5 de 5

"Sou mãe de três filhos e estou desempregada. É difícil cuidar das crianças e procurar serviço, simultaneamente. O grupo Mães Amigas me dá forças para continuar batalhando", finaliza

Jacqueline Lisboa/Especial para Metrópoles

Outro episódio que vale mencionar é o de Luana Lima, 33. Mãe de sete filhos, a moradora do Sol Nascente – a maior favela da América Latina – pediu à Ana Paula para entrar no Mães Amigas de Águas Claras em busca de emprego e doações. Devido à falta de renda, a jovem quase não conseguia prover a família. A mediadora, ciente da situação, permitiu o ingresso dela no grupo.

Rapidamente, Luana ganhou móveis de segunda mão e, recentemente, arrumou um emprego como ajudante de limpeza em uma creche em Taguatinga.

“As mulheres da comunidade me acolheram. Sou muito grata por isso. Além de mobiliar a minha casa e arrumar um serviço, consegui realizar um método contraceptivo semidefinitivo graças a participantes da página”, vibra.

Quem doou o procedimento foi a ginecologista Lauriene Pereira. “Me sensibilizei com os relatos dela no grupo e decidi ajudar. Apliquei, gratuitamente, o Implanon, método eficaz por até três anos. Assim, ela poderá ficar despreocupada em relação a novas gestações, ao menos por enquanto”, destaca a médica. “Fiz apenas o que estava ao meu alcance. Se todos fizessem o mesmo, o mundo seria muito melhor”, diz, sobre o ato de solidariedade.

Facebook X Instagram

Ana Paula também ajuda a administrar o perfil do Instagram Mães Amigas DF, com 58 mil seguidores. Ela admite, porém, que o Facebook é a melhor plataforma para agrupar iniciativas do gênero.

“A rede social propicia ambientes mais favoráveis para bate-papos em grupo”, sustenta. Além do focado em Águas Claras, o Facebook possui grupos voltados para mães de regiões como Sobradinho, Guará, Samambaia, Vicente Pires, Asa Norte e Asa Sul. 

Rede de apoio com aval da psicologia

A psicóloga perinatal e idealizadora do projeto Renascendo após a maternidade, Bianca Amorim, frisa a importância de uma rede de apoio, virtual ou real, para maternar de maneira saudável. “A maternidade é um momento de transição na vida da mulher, e compartilhar essas novas vivências com pessoas que enfrentam as mesmas questões é reconfortante”, analisa.

Para enriquecer ainda mais a experiência, ela acentua a relevância da diversidade nas comunidades. “Ainda é interessante promover ações para fortalecer o vínculo para além do digital. Assim, as mães conseguem se ajudar com mais veemência. Uma mulher pode, por exemplo, deixar os filhos para brincar na casa de uma colega e, desta forma, arranjar mais tempo para si”, indica.

A profissional ressalta que os grupos de apoio podem funcionar como uma barreira de proteção de problemas psíquicos, como a depressão pós-parto, a mais frequente das doenças ligadas à gravidez (e que afeta mais de 25% das brasileiras). Para isso, no entanto, mediações conscientes são necessárias.

“Em um mundo ideal, todas as páginas deveriam ser mediadas por psicólogas perinatais. As especialistas têm escuta mais qualificada e evitam reforçar padrões de ‘certo e errado’ na criação dos filhos”, avalia. “Se não for o caso, cabe grande discernimento e responsabilidade da parte das administradoras para não romantizar o processo ou ditar regras”, finaliza. 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comVida & Estilo

Você quer ficar por dentro das notícias de vida & estilo e receber notificações em tempo real?