A make, a fantasia, o hit… Um guia para curtir o Carnaval 2020
Metrópoles elaborou um guia para você cair na folia munido das informações que mais importam
atualizado
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Durante muitos anos, uma cena era comum em solo brasiliense. Bastava o mês de fevereiro chegar para as tesourinhas e entrequadras esvaziarem. No lugar de tamborins, paz e silêncio. Desde o fim da última década, no entanto, esse cenário mudou drasticamente.
O carnaval brasiliense ganhou novo fôlego. Pulsa e tem vida própria. E que vida. Diversos foliões já botaram seus blocos na rua, em uma multicolorida antecipação do que esperar da folia em 2020. O Metrópoles embarcou no clima da festa e elaborou um guia com tudo que é preciso saber antes de vestir a fantasia.
Mais que saber qual a música do momento ou o adereço em alta (e até que trajes evitar, em nome da empatia), é válido ressaltar que o ziriguidum ganhou novos contornos na capital modernista. Abraçou a diversidade, pediu o fim do assédio e lutou por uma festa democrática para todos, independentemente do credo, raça ou orientação sexual.
Confira!
Adereços
Hora de atualizar as tendências em acessórios. Além de franjas, tiaras, pochetes e brincos coloridos, outros adereços devem roubar a cena, como as tatuagens temporárias, piscas-piscas agregados à fantasias (sim, os mesmos que adornam árvores de Natal) e os hypados body chains.
Maquiagem, cabelo e unha
A tendência do multicolorido ataca novamente quando assunto é maquiagem. “A grande aposta do carnaval de 2020 são os delineadores neon. Abuse e use da vivacidade deles e incremente o visual com boas doses de glitter (ecológico, é claro) em cor contrastante”, aconselha o maquiador e hairstylist Paulo Lobo, do Oliver Salon.
Para a make permanecer intacta até o bloquinho acabar, o profissional indica o uso de soro fisiológico na hora da preparação da pele. “Após a higienização e antes da aplicação o filtro solar, passe gotas do soro na pele. O produto retarda o efeito da oleosidade e, consequentemente, aumenta a durabilidade da produção. É um truque simples e acessível”, explica.
Os rabos de cavalo e penteados semi-presos são (e sempre serão!) os mais recomendados para a intensa e calorenta temporada de frevo. “Afinal, além de bonitos, eles refrescam. Prenda as madeixas e, se não quiser usar um acessório de cabeça, aplique um pouco de glitter. O brilho aumenta a glamourização do look“, complementa o especialista.
Já no quesito unhas, a esmaltação skittles é a febre da vez. “A tendência colore uma unha de cada cor, trazendo um ar fresco e divertido ao visual. Adeptas do estilo podem escolher tonalidades da mesma cor ou esmaltes bem antagônicos”, ensina Cristina Aguiar, especialista em unhas e proprietária do Spa da Gata.
Bebida
Se, em anos anteriores, o Corote e a Catuaba reinaram, em 2020, um poderoso concorrente entra em cena. “Acho que bebidas clássicas engarrafadas ou enlatadas, além das mistas, vão pegar”, defende o mixologista Victor Quaranta. “As cervejas especiais mais baratas também”, complementa.
Um exemplo? Depois de fazer sucesso com a Skol Beats 150BPM com teor alcoólico de 13,9%, a Skol lançou, recentemente, a Skol Beats GT, de gim tônica, drink que virou sensação nacional nos últimos anos.
Mais uma novidade são os vinhos em lata, como os produzidos pela empresa Vivant. Na Europa, houve um crescimento de 50% no consumo da Bebida de Baco nesse formato.
Também é promessa o inusitado picolé de cerveja, uma parceria entre a cervejaria artesanal Ekäut e a sorveteria Frisabor. O tipo de breja escolhida foi a American IPA (India Pale Ale), mais encorpada, amarga e com sabor frutado. O percentual alcoólico é de 3,25% e, por isso, o produto só será vendido para maiores de 18 anos.
Respeita as “mina” e cuide do seu corpo
Além de desrespeitoso, roubar beijos, puxar pelo braço ou tocar em foliões sem consentimento pode acabar em cadeia. Desde 2018, uma lei sancionada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli classifica esses e outros abusos semelhantes como crime de importunação sexual, passível de pena de um a cinco anos de prisão.
A mudança de cenário ocorreu graças ao esforço dos próprios blocos e foliões, que há tempos cobram medidas do poder público para promover um Carnaval com mais diversidade e respeito. Produtores culturais alertam, no entanto, que ainda há muito o que avançar nesse sentido. “Tem muito agremiação de Carnaval que não valida essa luta por respeito”, lamenta Patrícia Egito, uma das idealizadora do bloco feminista Essa Boquinha Eu Já Beijei.
Para além da observação aos limites entre paquera e assédio, Patrícia chama atenção para a importância do autocuidado.
“Não só coibindo a importunação sexual, mas incentivando uma diversão mais saudável. No nosso bloco, alertamos o público sobre o consumo excessivo de álcool, incentivamos a galera a se hidratar, estar sempre próximo de algum amigo e sinalizar rapidamente se algum abuso ocorrer”, exemplifica.
Posted by Essa Boquinha Eu Já Beijei on Tuesday, February 26, 2019
Etnia não é fantasia
Fuja dos trajes que remetem a grupos étnicos, como indígenas. A mestre e doutoranda em Direitos Humanos e Cidadania pela Universidade de Brasília (UnB) Maíra de Deus Brito, ressalta: é desrespeitoso usar símbolos como o cocar, que significa resistência, fora de contexto. “Muito disso se aplica a outros grupos, como chineses, japoneses e ciganos”, afirma.
À época, a especialista analisava as produções de Halloween, mas a máxima também vale para os festejos carnavalescos.
“Minorias políticas não numéricas, como negros e mulheres, são frequentemente alvo de ‘lembranças’ desse tipo e corriqueiramente tratadas com deboche nessas recordações”, pontua.
Música
Pabllo Vittar, Ludmilla, Anitta, Mc Ingrid… Muitos artistas se esforçaram e lançaram hits com potencial para virar a música oficial do Carnaval 2020. No entanto, no que depender da internet, já há uma eleita: o brega funk Tudo Ok, de Thiaguinho MT em parceria com Mila e JS O Mão de Ouro. A música que fala sobre uma ex que deu a volta por cima, e rapidamente virou meme.
Sustentabilidade
Nada de sujar as ruas do Distrito Federal com toneladas de confete de papel, que polui o meio-ambiente e até entope bueiros. Dá para fazer uma versão sustentável do tradicional item usando um furador e algumas folhas secas encontradas pelo chão. Além de orgânico, o material sai bem mais em conta, já que não custa nada, apenas a mão de obra.
Vale lembrar: leve sacolinhas biodegradáveis ou ecobags e recolha a sujeira que fizer, de garrafas de bebidas a embalagens de alimentos. Em março do ano passado, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) recolheu mais de 37 toneladas de lixo das ruas de Brasília. Uma cena lamentável para encerrar um período que é de puro agito. Seja consciente!