4 dicas para se desconectar do trabalho e evitar o burnout na pandemia
Apesar de ter encurtado distâncias e facilitado o trabalho remoto, a tecnologia também é responsável pela sensação constante de exaustão
atualizado
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Mensagem no WhatsApp em pleno fim de semana, aquele e-mail recebido após o horário do expediente, uma demanda “urgente” que surge em um dia de folga e a eterna sensação de que o trabalho não acaba. Por conta das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, muitas pessoas que aderiram ao home office estão tendo dificuldades em estabelecer fronteiras entre o trabalho e a vida pessoal.
Se, por um lado, os recursos tecnológicos se mostraram importantes aliados para a realização do trabalho de forma segura durante o distanciamento, por outro também podem colocar o ócio em xeque e, assim, contribuir para o adoecimento psíquico, dependendo da dinâmica estabelecida.
“Recursos de acesso imediato às pessoas, como aplicativos de mensagens instantâneas, já são apontados como coadjuvantes na degradação da saúde mental. Nunca é demais lembrar que boa parte das mensagens se constitui em alguma natureza de demanda”, alerta a professora e pesquisadora em psicologia Carla Furtado, idealizadora do Instituto Feliciência.
Esse contexto levanta uma questão importante: é possível deixar as telas de lado e se desconectar em tempos de pandemia?
A liberdade de escolha sobre o que fazer com as horas de folga, geralmente dedicadas ao convívio social ou familiar, é uma necessidade psicológica e laboral. Para o psiquiatra Lucas Benevides, a interrupção desses momentos de descanso causada por uma simples mensagem instantânea se configura em um alto fator de estresse, que pode favorecer, em longo prazo, o desenvolvimento de transtornos mentais e comportamentais, como a depressão e Síndrome de Burnout.
Ainda segundo Lucas, a falta de etiqueta na comunicação digital também pode comprometer a saúde das relações pessoais. A expectativa de que o outro está integralmente disponível do outro lado da tela pode fazer com que as pessoas demandem umas das outras uma rapidez inviável no retorno às mensagens, tirando delas, inclusive, o direito de não responder. “A intolerância diante da ausência de um retorno ou mesmo diante do simples tempo de espera por uma resposta por vezes desencadeia atritos”, afirma o psiquiatra.
Dicas para se desconectar
Em tempos tão incertos como os de hoje, é natural que haja um pouco de confusão quanto aos limites do uso dos aplicativos de mensagens, visto que, aparentemente, ainda dependeremos desses recursos por mais algum tempo. Contudo, a professora Carla Furtado adverte sobre a necessidade de gerenciar com sabedoria o tempo e o uso desses aplicativos.
“Numa era de hiperconexão e no meio de uma pandemia, já aprendemos que preservar a saúde é uma questão de sobrevivência. Precisamos escolher entre sermos senhores ou servos dessas ferramentas, sob pena de perdermos o controle de nosso tempo. E tempo, à priori, é vida”, finaliza.
Para isso, procure cultivar alguns hábitos na sua rotina que te ajudarão a se desconectar:
- Defina um horário de expediente e saiba quando parar. O fato de você estar trabalhando em casa não significa ter que trabalhar o tempo todo. Ao fim do seu horário, tente não resolver mais problemas, receber demandas, atender ligações, nem responder e-mails.
- Silencie os grupos e as notificações dos aplicativos, de forma a diminuir distrações e estímulos desnecessários ao longo do dia.
- Experimente deixar o celular longe ou em modo avião durante seu momento de lazer e também antes de dormir.
- A pressa e a urgência do outro não precisa ser necessariamente a sua. Portanto, entenda que você não precisa responder a ninguém de imediato. Deixe para interagir com os amigos e colocar os papos em dia apenas quando se sentir bem, confortável e disposto. E nada de sentir culpa por isso, tá bem?