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14 vezes em que homens levaram crédito por trabalhos de mulheres

A história está cheia de exemplos de mulheres que tiveram suas descobertas creditadas a um homem

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Rosalind Elsie Franklin.
1 de 1 Rosalind Elsie Franklin. - Foto: null

A história é antiga. Uma mulher tem uma ideia incrível ou descobre algo importante. Mas na patente ou nas notícias, o crédito vai para um homem. Pior: quando se pensa em um grande feito, é comum que a primeira ideia que venha à cabeça é de que alguém do sexo masculino seja o responsável.

Um bom exemplo é a invenção do primeiro software de computador. Alguma ideia de quem foi o pioneiro? Recentemente a matemática Ada Lovelace recebeu o crédito devido. Por muitos anos, historiadores afirmavam que ela era maníaca e tinha alucinações, desacreditando seu trabalho. E as pinturas rupestres? Sabia que provavelmente foram feitas pelas mulheres?

E não é um pensamento ou prática antiga, que tenha acabado. A nadadora Katinka Hosszú foi uma das grandes estrelas das Olimpíadas do Rio. Ganhou quatro medalhas (três de ouro e uma de prata), bateu recordes mundiais. Mas quem recebeu a atenção? Seu marido e técnico Shane Tusup. Foi destaque pela torcida animada, por pegar pesado nos treinos. Um jornal americano até afirmou que ele foi o responsável pela performance de Katinka.

Segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Harvard em 2015, que analisou trabalhos feitos por economistas, em publicações feitas em conjunto, os homens costumam se dar melhor. Se o trabalho é feito por dois, ambos recebem o crédito como se tivessem escrito sozinhos. Em contrapartida, se o artigo é coescrito por uma mulher, as chances de ser promovida ou reconhecida não ocorrem. É como se não tivesse feito nada.

A situação ainda se repete com muita frequência e são muitas as mulheres que já tiveram que trabalhar disfarçadas para serem reconhecidas ou que passaram anos assistindo enquanto outros tomavam crédito pelo seu trabalho. Conheça algumas dessas mulheres fantásticas:

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Nos anos 1960, a pintora Margaret Keane criou uma série de quadros chamados de "crianças de olhos grandes". O cineasta Tim Burton inclusive fez um filme baseado no personagem, o Grandes Olhos. O marido de Margaret, Walter Kane, a convenceu de que os quadros seriam mais rentáveis se assinados por ele. Divorciados anos depois, a pintora contou que ele ameaçou matá-la e a sua filha se ela dissesse a verdade. Para provar que era a artista por trás dos quadros, Margaret desafiou o ex-marido para uma competição ao vivo. Foi ignorada. Quase 20 anos depois, se viram no tribunal e, diante dos jurados, a pintora fez em 53 minutos uma obra de arte inconfundível. Só aí recebeu crédito pelo próprio trabalho.
Em 1888, Ellen Eglin criou uma máquina para espremer roupas. Funciona como uma máquina para fazer macarrão. Ellen era negra e um homem pagou cerca de 18 dólares pela sua invenção. Ele afirmou que tinha inventado a peça e ganhou muito dinheiro com ela — a máquina ainda é usada até hoje.
O livro Frankenstein foi publicado pela primeira vez em 1818. A obra foi comercializada de forma anônima, mas foi escrita por Mary Wollstonecraft Shelley. Por muitos anos, se acreditou que o marido dela, o poeta Percy Bysshe Shelley, fosse o autor do livro, uma vez que escreveu o prefácio. Só cinco anos depois o nome de Mary foi creditado à obra, mas muitos continuaram afirmando que Percy era o autor.
Por volta de 1900, a bióloga Nettie M. Stevens fez uma descoberta importante para o campo da biologia. Nettie descobriu que, enquanto as mulheres carregavam o cromossomo X em seus óvulos, os espermatozóides transportavam cromossomos X e Y. Ou seja, o sexo de um bebê seria determinado pelo homem. Outro cientista chegou à mesma conclusão na mesma época que Nettie. Edmund Beecher Wilson publicou seu estudo dez dias antes de Nettie, e colocou nas notas de rodapé que sabia da pesquisa da colega. Todo o crédito foi para ele e o papel de Nettie ficou em segundo plano.
Nos primeiros anos de 1900, Alice Guy produziu mais de 100 filmes. Ela foi a primeira proprietária de estúdio cinematográfico, o Solax Studios, e seus filmes mostravam um mundo onde as mulheres se davam bem em papéis "masculinos" e os homens eram oprimidos como as mulheres da época. Alice se casou com Herbert Blaché, que abriu um estúdio depois dela e a convenceu a unir as duas empresas. Claro, com o nome dele. Uma publicação da época, que homenageava pessoas notáveis do cinema, falou muito de Herbert e até de alguns filmes de Alice, mas como se o marido da cineasta fosse responsável pelo trabalho.
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Judia, a física austríaca Lise Meitner fugiu do país por conta da perseguição antissemita. Lise, que trabalhava com o químico Otto Hahn continuou se correspondendo com ele para falar das pesquisas dos dois. Uma análise das cartas mostra que os dois descobriram juntos a fissão nuclear na década de 1930. Otto, que permaneceu ao lado dos nazistas, acabou ganhando um prêmio Nobel sozinho por seu trabalho e não deu os créditos à colega.

ullstein bild via Getty Images
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Nos anos 1960, a pintora Margaret Keane criou uma série de quadros chamados de "crianças de olhos grandes". O cineasta Tim Burton inclusive fez um filme baseado no personagem, o Grandes Olhos. O marido de Margaret, Walter Kane, a convenceu de que os quadros seriam mais rentáveis se assinados por ele. Divorciados anos depois, a pintora contou que ele ameaçou matá-la e a sua filha se ela dissesse a verdade. Para provar que era a artista por trás dos quadros, Margaret desafiou o ex-marido para uma competição ao vivo. Foi ignorada. Quase 20 anos depois, se viram no tribunal e, diante dos jurados, a pintora fez em 53 minutos uma obra de arte inconfundível. Só aí recebeu crédito pelo próprio trabalho.

Getty Images
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Em 1888, Ellen Eglin criou uma máquina para espremer roupas. Funciona como uma máquina para fazer macarrão. Ellen era negra e um homem pagou cerca de 18 dólares pela sua invenção. Ele afirmou que tinha inventado a peça e ganhou muito dinheiro com ela — a máquina ainda é usada até hoje.

Hulton Archive/Getty Images
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O livro Frankenstein foi publicado pela primeira vez em 1818. A obra foi comercializada de forma anônima, mas foi escrita por Mary Wollstonecraft Shelley. Por muitos anos, se acreditou que o marido dela, o poeta Percy Bysshe Shelley, fosse o autor do livro, uma vez que escreveu o prefácio. Só cinco anos depois o nome de Mary foi creditado à obra, mas muitos continuaram afirmando que Percy era o autor.

Hulton Archive/Getty Images
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Por volta de 1900, a bióloga Nettie M. Stevens fez uma descoberta importante para o campo da biologia. Nettie descobriu que, enquanto as mulheres carregavam o cromossomo X em seus óvulos, os espermatozóides transportavam cromossomos X e Y. Ou seja, o sexo de um bebê seria determinado pelo homem. Outro cientista chegou à mesma conclusão na mesma época que Nettie. Edmund Beecher Wilson publicou seu estudo dez dias antes de Nettie, e colocou nas notas de rodapé que sabia da pesquisa da colega. Todo o crédito foi para ele e o papel de Nettie ficou em segundo plano.

Carnegie Institution of Washington/ Wikipedia.
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Nos primeiros anos de 1900, Alice Guy produziu mais de 100 filmes. Ela foi a primeira proprietária de estúdio cinematográfico, o Solax Studios, e seus filmes mostravam um mundo onde as mulheres se davam bem em papéis "masculinos" e os homens eram oprimidos como as mulheres da época. Alice se casou com Herbert Blaché, que abriu um estúdio depois dela e a convenceu a unir as duas empresas. Claro, com o nome dele. Uma publicação da época, que homenageava pessoas notáveis do cinema, falou muito de Herbert e até de alguns filmes de Alice, mas como se o marido da cineasta fosse responsável pelo trabalho.

Apic/Getty Images
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Você já ouviu falar no Big Six? Os seis homens que organizaram a Marcha de Washington em 1963, no dia do famoso discurso "I have a dream" de Martin Luther King? Pois é, esqueceram de citar Anna Arnold Hedgeman, a única mulher do comitê organizador. Anna organizou o transporte, água e comida para os participantes e reuniu vários grupos para participar do evento.

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Participante do Manthatan Project, que tentava desenvolver uma bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial, a física Chien-Shiung Wu trabalhou com dois colegas para refutar uma lei da física chamada de princípio da conservação da paridade. O trabalho foi feito depois da guerra e, em 1957, os dois homens receberam um PAXrêmio Nobel pela descoberta. Wu nunca recebeu qualquer reconhecimento.

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Em 1903, a secretária Elizabeth Magie inventou um jogo chamado "Landlord's Game", ou Jogo dos Proprietários, como um protesto aos "monopolistas" da época. Mais de 30 anos depois, Charles Darrow patenteou uma "versão" do jogo, que você deve conhecer. O Monopoly, ou Banco Imobiliário, rendeu milhões de dólares. Já Elizabeth, que realmente criou o jogo, ganhou cerca de 500 dólares.

Washington Evening Star/Anspach Archives
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A estudante Jocelyn Bell Burnell ajudou dois cientistas, Antohny Hewish e Martin Ryle, a construiu um radiotelescópio e a monitorar quasares. Ela passou horas analisando gráficos e encontrou algumas anomalias. Em 1974, os dois ganharam um Prêmio Nobel de Física. O nome de Jocelyn, apesar de fundamental para o trabalho, não foi citado.

Daily Herald Archive/SSPL/Getty Images
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Em 1868, cansada do trabalho de montar manualmente sacolas de papel, Margaret Knight criou um modelo de uma máquina que faria o trabalho mais rapidamente. Ela se mudou de cidade para trabalhar no projeto com dois maquinistas, e um dia receberam a visita de um homem chamado Charles Anan, que foi examinar a máquina. Quando o trabalho ficou pronto, Margaret foi registrar a patente e descobriu que a máquina já estava patenteada, no nome de Charles Anan. Margaret teve que abrir um processo na justiça contra o homem e ganhou.

USPTO
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A matemática e escritora Ada Lovelace hoje é reconhecida como a primeira programadora da história. Ada criou algoritmos que permitiriam à uma máquina computar funções matemáticas. O trabalho da matemática só teve reconhecimento quase um século depois, quando Alan Turing fez referência às suas publicações.

Hulton Archive/Getty Images
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Universal History Archive/UIG via Getty Images
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Ultimamente, o famoso urinol do artista Marcel Duchamp entrou em uma grande polêmica. Foram encontradas cartas onde o autor conta à sua irmã que comprou a escultura de uma de suas amigas, que se escondia sob um pseudômino masculino. Elsa von Freytag-Loringhoven teria criado o urinol como uma declaração de guerra contra a guerra dos homens. Foi só depois de sua morte que Duchamp começou a ter seu nome associado à peça e assumiu sua autoria.

Jeff J Mitchell/Getty Images

 

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