10 lições que deveríamos aprender com as crianças
Especialista em desenvolvimento humano, pediatra e psicólogos explicam o que os pequenos têm a ensinar aos adultos
atualizado
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“Você vai fazer, sim, porque eu estou mandando”. Há não muito tempo atrás, era comum nos depararmos com frases desse tipo proferidas por pais desesperados, acompanhadas, não raras vezes, do famoso “sei bem mais do que você”.
Os tempos são outros e as crianças, outrora vistas como seres impassíveis de desejo, demonstram que têm voz ativa, inteligência emocional e bagagem afetiva. A isso, soma-se imaginação fértil, olhar atento e empatia. A criação já não se trata de um manda, o outro obedece. Na balança moderna, todos têm a colaborar.
Não à toa, surgem dezenas de páginas nas redes sociais que exaltam a capacidade dos pequenos de lidarem com problemas e de enxergarem soluções criativas para imbróglios cotidianos. O Metrópoles escutou especialistas para horizontalizar a conversa.
Neste Dia das Crianças, celebrado sábado (12/10/2019), é a vez de “baixar a guarda” e se render a 10 preciosos ensinamentos dos mirins. Renda-se a pureza das respostas – e sabedoria – das crianças.
1 – Elas são espontâneas
“Percebo que a criança, por ter passado por menos experiências negativas que um adulto, considerando seu tempo de vida, costuma ser mais espontânea”, pondera a especialista em desenvolvimento humano Rebeca Toyama. “Por ter menos idade, ela acumula menos erros e arrependimentos que um adulto, então, costumam sentir mais liberdade para se expressar”, acrescenta.
2 – E esbanjam autenticidade
Além de serem naturalmente mais originais, os pequenos também se mostram ao mundo sem temer rótulos. “Por ter menos tempo de exposição ao ambiente externo, uma criança acaba sendo menos moldada ou formatada e, por isso, consegue ser mais autêntica”, acrescenta Rebeca.
3 – Ensinam a lidar com dinheiro
Não pense que dinheiro e criança são “líquidos imiscíveis”. “A criança tem contato com finanças desde a primeira infância, quando começa a trocar coisas com os amiguinhos e familiares. Acumular ou desperdiçar guloseimas também é uma forma de lidar com a economia. Os pais acabam não relacionando isso à educação financeira, da mesma forma que acontece com a matemática ou química”, orienta a especialista em desenvolvimento humano.
4 – Nos fazem seres melhores
A presença de uma criança em casa pode ser inspiradora em diferentes sentidos. Ser mãe ou pai é, diariamente, estar no fogo cruzado e, ao mesmo tempo, desejar ser modelo.
“Nossos filhos são boas fontes de inspiração quando entendemos que a melhor forma de ensinar-lhes um conceito é sendo um bom exemplo desse conceito. E isso é mágico, pois acordamos diariamente querendo ser uma pessoa melhor, para que nossos filhos sejam pessoas melhores”, resume a profissional.
5 – Não caem em farsas e “joguinhos”
Bem se sabe que toda relação é uma via de mão dupla. No convívio entre pais e filhos, a regra é a mesma. “A intimidade cotidiana das relações pais e filhos confere uma ‘vulnerabilidade’ entre eles, na qual máscaras sociais e ideais narcisistas são difíceis de serem sustentados. Isso torna a relação com nossos filhos ainda mais especial”, pondera a pediatra e homeopata Lílian Cristina Moreira.
6 – Mostram como lidar com as diferenças
Não há nada mais transformador que educar alguém. “Educar é crescer juntos, é entender que aquele serzinho veio através de você, mas não é você. Educar é aprender com as diferenças. Não se omita, desfrute o processo e não se atormente com o resultado, pois errar é privilégio de quem faz”, define Lílian.
7 – Enxergam o mundo com outros olhos
“A criança tem a habilidade de enxergar o mundo sob seu ponto de vista singular e tudo pra ela é novo. A imaginação anda de mãos dadas com a liberdade, por isso essa capacidade dos pequenos de criarem suas próprias histórias, brincadeiras e narrativas”, afirma a pediatra. Impossível discordar.
8 – Dão valiosas lições do mercado de trabalho
A imaginação, a curiosidade e a capacidade de “buscar recursos em nós mesmos”, segundo a homeopata, são excelentes ferramentas que os pequenos esbanjam e que têm grande valia no mercado de trabalho.
“Por mais preparo que se tenha, muitas vezes não há respostas prontas. Se sai melhor no trabalho, bem como na vida, quem mais exercita sua imaginação, explora possibilidades, se coloca aberto ao que é novo e ousa experimentar seus próprios caminhos”, defende Lílian.
9 – Não são viciadas em tecnologias
Diferentemente de nós, adultos, os pequenos não nascem com vício em novas tecnologias. Muitas vezes, são os mais velhos que incentivam esse tipo de compulsão – hoje tratado como vício.
“Filhos requerem a atenção de seus pais. Quando se sentem sozinhos ou quando precisam de carinho e atenção, buscam por essa atenção dos pais de várias maneiras, ora saudáveis, ora agressivas. É compreensível que os filhos fiquem decepcionados quando estão à busca pela atenção dos pais e eles estão ocupados no celular”, declara o psicólogo e especialista em mindfulness Vitor Friary, autor do livro: Mindfulness para Crianças: estratégias da terapia cognitiva baseada em Mindfulness.
“A busca pela conexão nas relações é algo natural, e os pais podem estar mais conscientes no sentido de oferecer essa atenção quando ela se torna necessária”, complementa.
10 – Respeitam o meio ambiente
“As crianças sempre tiveram e sempre terão uma observação e um encontro com o mundo de mais respeito, mais cuidado, mais pureza e consideração. A natureza da criança é essa, a de se importar, a de se interessar pela natureza e pelo mundo. A curiosidade tão latente em crianças surge dessa visão pura e dessa abundância de afeto”, encerra Vitor.