Yoga é pop: professora brasiliense dá nova cara à prática milenar
Criadora do projeto Yoga em Brasília, Andrea Hughes dá aulas da modalidade em lugares inusitados e para todo tipo de público
atualizado
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Engana-se quem pensa que a yoga é, apenas, uma maneira “zen-budista” de chegar ao autoconhecimento. Ou, então, uma prática que exige absoluta reclusão. Tendência mundial com benefícios respaldados pela ciência, o método milenar pode ser um poderoso ponto de conexão entre pessoas que, aparentemente, teriam pouco ou nada em comum. É este, aliás, o significado de yoga em sânscrito. União é o grande lema.
Em frente ao Congresso Nacional, no descolado rooftop do B Hotel ou dentro do Museu Nacional. Em um barco em movimento, degustando vinho ou até tomando café e comendo bolo de chocolate. Criadora do projeto Yoga em Brasília, a professora Andrea Hughes, 37 anos, tem como propósito lecionar nos lugares mais belos e inusitados da capital federal – e já deu “check” em todas as alternativas anteriores.
Toda semana, a carioca radicada no Distrito Federal leva dezenas – ou milhares – de pessoas a endereços que, até então, teriam outra finalidade. Uma apropriação zen, um movimento que tem gerado bons frutos. O recorde pessoal foi uma aula dada no CCBB para cerca de 500 pessoas, há dois meses.
Com tapetinho em mãos, Andrea é conhecida pelo jeito leve com o qual vê e ensina o exercício criado há cinco mil anos e que, para ela, é mais mental do que físico.
“A yoga ainda não tem uma fama muito esportiva, apesar dos níveis de dificuldade serem bem variados. Há aulas intensas, para suar mesmo; e outras relaxantes, para sair ‘pisando em nuvens’. Em geral, as pessoas querem acalmar a mente, controlar a ansiedade e minimizar os sintomas da depressão”, conta.
A medicina vê na yoga uma terapia complementar: estudos do instituto americano MD Anderson Cancer Center comprovaram que a atividade reduziu os níveis de cortisol (hormônio “ do estresse”) de pacientes com câncer. E mais: segundo pesquisadores da Universidade de Waterloo, no Canadá, a prática de 25 minutos diários ajuda na circulação de sangue no cérebro, além de estimular o sistema cognitivo.
Para todos
Não há barreiras ou contraindicações. Andrea Hughes defende turmas democráticas. Cadeirantes, idosos, crianças e até gestantes convivem em perfeita harmonia.
As asanas (ou poses) mirabolantes não são obrigatórias. Ficam restritas a quem consegue. E se não chegar lá, tudo bem. Respira e não pira. A ideia é que a aula seja flexível a qualquer pessoa.
“Sempre evoco a questão da não-violência, de fazer o que o corpo permite. Isso dá, dentro de cada um, um certo conforto. Seu corpo é único e você sabe o que é melhor para ele. Assim, em vez de limitar, eu agrego mais pessoas”, diz.
“É uma conexão com o que eu chamo de divino. As pessoas se ligam ao sagrado delas por meio da prática de yoga, e isso é uma das coisas mais lindas dessa modalidade.”
Andrea Hughes
A carioca conheceu a yoga em 1999. “Lembro da primeira aula bem claramente. Via todo mundo relaxando e me perguntava: como elas estão conseguindo? Com o tempo, percebi que é a algo inerente à prática, e independente do que você está passando”, relembra.
A atividade foi uma válvula de escape durante o período pré-vestibular, logo após mudar-se do Rio de Janeiro para Brasília. Ela formou-se em Letras – Espanhol, mas se encontrou em outros tipos de salas de aula. Em vez de giz e quadro-negro, respiração, meditação e paz.
Quando começou a lecionar, “tudo era mato”. Literalmente. Até então, praticantes de yoga costumavam estender seus “mats” em parques ou estúdios criados para este fim.
Em 2010, Andrea tirou um ano sabático e caiu no mundo. Morou em Londres, Paris, Edimburgo e Buenos Aires. Voltou a Brasília pouco depois, com o projeto Yoga em Brasília desenhado mentalmente. Paralelamente, entrou para o Coletivo Namastê, com as amigas Thaís Joy e Juliana Sartori. O resto virou história que, agora, ela compartilha com moradores da capital.
As aulas rolam em português, inglês e espanhol. As trilhas escolhidas saem de playlists repassadas entre os alunos. De Bossa Nova a rock’n’roll. Todos os ritmos podem se tornar mantras. Aperte o play e entre no clima:
Serviço:
Yoga no Rooftop do B Hotel Brasília
Segundas e quartas-feiras, das 8h às 9h, no B Hotel (Setor Hoteleiro Norte, Quadra 05, Bloco J)
Inscrições neste link. Informações: (61) 3962-2000
Yoga com café
21 de julho, das 10h às 12h, no Acervo Café (QE 40, Lote 18, Guará II)
Inscrições a R$ 75, disponíveis neste link