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Vai de copinho. Especialistas tiram dúvidas sobre uso do coletor menstrual após a massificação do produto

Este ano, muitas mulheres abandonaram absorventes comuns para aderir ao chamado “copinho”. Mas como mais adeptas geram mais dúvidas, consultamos ginecologistas para falar da escolha do tamanho à higienização do coletor

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Mão segurando coletor menstrual rosa
1 de 1 Mão segurando coletor menstrual rosa - Foto: iStock

2015 foi o ano que o mundo – ou pelo menos parte dele – se rendeu aos coletores menstruais, espécies de “copos” que, inseridos na vagina, coletam o sangue, substituindo assim absorventes de qualquer tipo. Que o diga a youtuber Jout Jout, que arrecadou nada menos do que 900 mil visualizações pelo seu vídeo “Vai de copinho”, de dezembro do ano passado.

Além disso, como são reutilizáveis – eles são feitos de materiais duráveis e antialérgicos, como silicone cirúrgico –, contribuem com sua parcela ao meio ambiente, diminuindo a quantidade de lixo produzida cada vez que uma mulher troca um absorvente usado por um novinho – um absorvente comum pode demorar até 100 anos para serem degradados na natureza.

Sim, há ainda quem torça o nariz. Ache anti-higiênico, “coisa de hippie” e faça caretas impossíveis de serem traduzidas toda vez que alguém diz “coletor menstrual”. Mesmo na comunidade médica. Ginecologistas se dividem entre a recomendação ou não ao método, argumentando que não são higiênicos o suficiente ou perigosos para a saúde.

“Quem não aprova, diz que estamos retrocedendo, voltando ao tempos das toalhinhas das nossas avós”, comenta a ginecologista Charbele Diniz, especialista em reprodução humana. Para ela, é só uma questão de adaptação: usar quem quer. Quem não quer, continua com o absorvente comum e vida que segue.

Com mais adeptas, no entanto, surgem mais dúvidas. A princípio, o coletor deve ser higienizado a cada 12 horas durante o ciclo e fervido entre cada um deles, antes de ser guardado até o próximo mês. Há quem diga, no entanto, que a higienização não pode ser feita em qualquer panela – apenas as esmaltadas seriam seguras o bastante, porque não soltam alumínio na água. Além disso, algumas usuárias reclamam de cólica, em tese por causa do vácuo do coletor no canal vaginal.

Contra dúvidas, mitos e preconceitos, Metrópoles perguntou a especialistas o que disso tudo é mito e o que é verdade, como escolher o tamanho do seu coletor e como higienizá-lo.

1. Coletor menstrual aumenta o risco de infecção?

Não. Na verdade, depende do grau de comprometimento da usuária com a higiene do seu coletor. Eles são seguros para ficarem na vagina por até 12 horas – o que, se você não tem fluxo intenso, é suficiente para trabalhar, passar no happy hour e voltar para casa –, mas não devem ficar mais do que isso no canal vaginal.

“Sangue é meio de cultura, então sem a higiene correta você pode aumentar a proliferação de fungos e culturas ali”, alerta o ginecologista Paulo Henrique Cordeiro, do hospital Santa Lúcia. Isso, no entanto, não é exclusivo de coletores: vale também para absorventes comuns, “esquecidos” por horas na calcinha.

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2. Preciso ferver o coletor todos os dias antes de recolocá-lo?

A fervura é o método de higienização recomendado pelos médicos e fabricantes entre cada ciclo. Mas segundo a ginecologista Charbele Diniz, o ideal seria que ele fosse fervido todos os dias. “É inviável porque a pessoa fica impossibilitada de usar o coletor. Então, pode lavá-lo no próprio banho mesmo, com água corrente e sabão neutro”, orienta.

Para as mais certinhas, ela diz, o ideal seria um estoque de dois coletores, para serem alternados durante o ciclo. Porém, não é nenhum pecado ter em casa apenas um – já que os preços ficam em média em R$ 80 –, até porque o material hospitalar dos quais são feitos já têm propriedades antibacterianas.

3. A fervura precisa ser necessariamente em panela esmaltada?
Algumas marcas vendem panelas específicas, esmaltadas, para a fervura do coletor. Isso porque, em tese, elas soltariam substâncias metálicas prejudiciais ao material do coletor. Segundo Charbele Diniz, não é bem assim. Ferver o coletor em qualquer panela, por cerca de 20 minutos (o bastante para eliminar todas as bactérias) é suficiente para preservá-lo limpo e inteiro. “A orientação é mesmo só água fervente. E pura. Acrescentar produtos químicos na limpeza pode danificar o material. Ah, e o silicone não vai derreter!”, sublinha a especialista.

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4. Virgens podem usar o coletor?
Os especialistas não costumam recomendar o uso do copinho por meninas virgens, já que existe o risco de rompimento do hímen. “Mesmo que a pessoa não se importe com isso, o rompimento pode causar sangramento, dor local e incômodo”, avisa Charbele Diniz.

5. Quanto maior o fluxo, maior deve ser o coletor?
Não. Na verdade, quanto maior o fluxo, mais frequente deve ser a retirada para higienização. A maioria das marcas vende pelo menos dois tamanhos de coletor. “A escolha do tamanho é para mulheres que já tiveram parto ou não. Quem já teve filho, em geral deve escolher o maior. Quem ainda não, o menor. Mas a escolha do tamanho costuma ser na adaptação, de mulher para mulher. Ela compra, vê se se adapta, tenta outro tamanho”, conta Charbele.

6. Ele aumenta a cólica?
O coletor, quando colocado da forma correta, forma um vácuo na entrada da vagina, que veda qualquer “saída” de sangue. Por causa disso, algumas meninas dizem sentir um certo incômodo, ou sensação de cólica. “Essa cólica costuma ser da própria menstruação, da escamação do endométrio e do útero contraindo para expelir o conteúdo. O desconforto maior pode ser por causa do mau posicionamento do produto”, acredita o ginecologista Paulo Henrique Cordeiro.

Não existe na literatura médica evidência nenhuma de que ele aumente a cólica. Além disso, ao retirar o produto, algumas mulheres dizem que parece que o útero vai ‘sair junto’, por causa do vácuo. Não tem nada disso, o útero não vai sair com o vácuo!

Charbele Diniz

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7. Ele pode causar alergia?
Os coletores são feitos de material hospitalar e são hipoalergênicos. Na verdade, costumam ser indicados para quem tem histórico de alergia a absorventes comuns. “Existem estudos que mostram que eles causam menos alergias que outros métodos e são boas indicações para quem tem, por exemplo, dermatite de contato na vulva de difícil controle, por causa do uso frequente de absorvente”, esclarece Charbele.

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