Uso de aplicativos de saúde e bem-estar cresce mais que a média e chama a atenção de especialistas
Conheça os principais aplicativos disponíveis na web. Os de controle de horário de remédios e histórico médico são campeões de download. Mas especialistas ainda estão divididos sobre os limites éticos do uso das ferramentas
atualizado
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A saúde e a indústria dos apps andam de paquera. Imagina só se uma sociedade que passa a maior parte do dia com os olhos grudados na tela de um smartphone, não usaria a ferramenta também para cuidar da saúde. Entre um e outro e-mail, checar se precisa ou não beber mais água, praticar algumas poses de yoga pela manhã, comparar os treinos de corrida da semana, checar bulas de medicamentos ou até chamar um médico em casa, com um clique, como quem chama um Uber. É possível até mesmo nos momentos de maior emoção, poder conferir as batidas do coração.
Para quem é viciado no “Doutor Google”, existem apps até para consultar sintomas, doenças e tratamentos, com indicações dos hospitais mais próximos de onde você está. A virada na mesa para o setor foi em 2014. Segundo a Flurry Insights, que pertence ao Yahoo! e que monitora o mercado de aplicativos, o uso de apps de saúde e bem-estar cresceu, nos primeiros seis meses daquele ano, 62%, enquanto o restante não passava dos 33%. Foi aí que eles se multiplicaram de vez.
E isso pode?
Nos Estados Unidos, o Food and Drug Administration já começou a monitorar alguns tipos de aplicativos, especialmente o que, na visão deles, pode trazer riscos à saúde, com uso de luzes e vibrações. Aqui no Brasil, a Anvisa ainda não se manifestou sobre o assunto e mesmo entre os médicos não há consenso sobre a indicação ou não desses “aliados” no cuidado com a saúde.
Pelo Conselho Federal de Medicina, as regras gerais sobre consultas por telefone ou internet, como e-mail, válidas desde 2012, se aplicam também aos aplicativos: consulta e diagnóstico à distância, estão proibidos. A consulta e o exame clínico presenciais são insubstituíveis.
Um dos mais recentes disponível para brasileiros é o Docway, que se apresenta como o “Uber da medicina”. A ideia é que o app tenha um banco de médicos e que, em uma necessidade, o paciente chame o especialista em casa. Vale para emergências e para consultas agendadas. O valor é fixado entre R$ 200 e R$ 300, dependendo do dia e horário. Por enquanto, ele funciona em Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo, mas, até o meio do ano pretende operar em todos os estados.
O fundador, Fábio Tiepolo, que não é médico, diz que não existe conflito ético ou legal no aplicativo e que eles seguem rigorosamente a cartilha de ética do Conselho Federal de Medicina. Em outros países, como Portugal, iniciativas semelhantes já fazem bastante sucesso.
E, segundo ele, mesmo que os brasileiros não tenham o hábito de chamar um médico em casa, a ideia tem sido bem recebida nas cidades onde o app funciona, principalmente com públicos específicos.
“Os principais usuários são pessoas com dificuldade de locomoção, que não conseguem ir ao médico, ou de mães que trabalham fora e são ocupadas, que chamam para os filhos. De vez em quando, atletas que precisam de atestado de aptidão física”, conta. É a saúde 2.0 acontecendo.
Confira alguns aplicativos, que vão do zika à fibromialgia:
1. Medisafe
O aplicativo serve para lembrar o paciente dos horários dos medicamentos, mas, com a epidemia de zika, ganhou novas funcionalidades. Agora, a versão brasileira tem uma lista de sintomas, alerta sobre os horários de reaplicação do repelente e ainda tem uma lista dos permitidos pela Anvisa.
2. Docway
A ideia é facilitar o acesso a médicos e consultas. Pelo celular, o usuário chama um especialista em casa, de acordo com a especialidade e proximidade do médico. As consultas são R$ 200.
3. Fotoskin
O aplicativo, em espanhol, foi desenvolvido para auxiliar na prevenção do câncer de pele. Pela câmera, você pode escanear suas pintas e acompanhar suas evoluções. O aplicativo ainda tem serviços personalizados de recomendações de cuidados e fotoproteção para cada pele.
4. iTriage
Para quem não aguenta não consultar o Google, o iTriage é quase um “doutor Google”. Além de linkar sintomas a possíveis doenças, ele ainda indica tratamentos, hospitais próximos e o tempo média de espera em cada um nas salas de emergência. Foi desenvolvido por dois médicos americanos.
5. FIQr
O aplicativo foi desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Reumatologia, para pacientes com fibromialgia. Nele, o usuário responde a 21 perguntas, o chamado Questionário de Impacto da Fibromialgia Revisado, que avalia, de 0 a 10, o quanto a dor está influenciando na sua rotina. Ele deve ser respondido semanalmente e as respostas são enviadas por e-mail ao médico para avaliação.
6. Saúde Controle
Para os relapsos com a saúde, o app é uma boa maneira de manter controle sobre tudo. Calendário com últimas consultas, resultados de exames, histórico familiar e horários de cada remédio. Alguns hospitais e laboratórios já são cadastrados no app, o que facilita o cruzamento de dados.