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Saiba como fisiculturistas do DF mantiveram o corpo atlético sem academia

Os desportistas treinaram conforme era possível, sem os aparelhos ideais, como anilhas, pesos e halteres

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Yanka Romão/Arte/Metrópoles
fisiculturistas do DF
1 de 1 fisiculturistas do DF - Foto: Yanka Romão/Arte/Metrópoles

Treinos físicos intensos e alimentação regrada são pontos fundamentais para quem almeja praticar o fisiculturismo, esporte que exige do corpo uma hipertrofia muscular elevada. Com a pandemia do novo coronavírus, os atletas do Distrito Federal tiveram que se adaptar ao adiamento das competições e ao fechamento das academias. Exercícios em casa e mudanças na dieta foram algumas das estratégias adotadas para manter a massa magra durante a quarentena.

Os desportistas passaram a treinar sem os aparelhos ideais, como anilhas, pesos e halteres. Sob o foco de não engordar e seguir em atividade, deram preferência para exercícios funcionais e aeróbicos como agachamento livre, remada curvada, passada com peso nas costas, subidas em caixotes, bancos, circuitos, corridas, saltos e outros. Além disso, a malhação passou a acontecer em casa ou em locais ao ar livre sem aglomeração.

Como é o caso do nutricionista Bruno Rua, de 42 anos, que não deixou de praticar exercícios físicos para manter o volume muscular e as saúdes física e mental. Praticante de musculação há mais de 20 anos e competidor desde 2007, ele realizava atividades por 1h30 na praça perto de sua casa.

“Não é suficiente para competição, mas era ótimo para me manter bem e sem engordar”, informa ele.

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Aos 14 anos, Bruno começou a ter contato maior com a musculação, desencadeando de vez a paixão pela malhação
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Bruno Rua pratica o esporte há quase 30 anos

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Aos 14 anos, Bruno começou a ter contato maior com a musculação, desencadeando de vez a paixão pela malhação

Bruno Rua/Arquivo pessoal/Reprodução
Retorno

A reabertura das academias ocorreu em julho, depois de mais de três meses fechadas, e foi como um sopro de alívio para os atletas. Adepto da musculação desde os 16 anos, o policial militar Erasmo Carlos Souza, 37, brinca que foi um dos primeiros a voltar. Antes do retorno, o graduando em nutrição estava se exercitando regularmente com o apoio de anilhas e barras emprestadas. Assim, em conjunto com alimentação balanceada, ele conseguiu manter a massa magra.

“No primeiro dia, fui o primeiro aluno. Já estava desesperado para voltar. Agora, o treino está ainda mais intenso para recuperar o tempo perdido e ganhar massa muscular para o campeonato do ano que vem, se acontecer”, comenta.

Voltar a frequentar os espaços, sem deixar de lado os cuidados com o novo coronavírus, é essencial para o esporte, segundo o personal trainer e fisiculturista Alexandre Cardoso, 30. Ele explica que treinar com aparelhos de musculação apropriados tem total diferença no resultado dos desportistas. “Sem isso, a intensidade e qualidade do treino são bem prejudicadas”, revela.

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Antes, ele praticava atletismo
Ele foi campeão Overall do Arnold Classic Brasil em 2018
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A história de Alexandre com o fisiculturismo começou em 2016

Alexandre Cardoso/Arquivo Pessoal/Reprodução
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Antes, ele praticava atletismo

Alexandre Cardoso/Arquivo Pessoal/Reprodução
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Ele foi campeão Overall do Arnold Classic Brasil em 2018

Alexandre Cardoso/Arquivo Pessoal/Reprodução
Calendário

Os torneios de fisiculturismo de 2020 no DF foram adiados para março do ano que vem, data que depende do cenário da Covid-19. Neste ano, não ocorreu nenhum dos eventos programados, porque o decreto inicial de suspensão das atividades presenciais ocorreu duas semanas antes do primeiro campeonato do ano.

De acordo com o personal trainer Joaquim Pimenta, diretor de arbitragem da Federação Brasiliense de Fisiculturismo e Musculação (IFBBDF), a organização do esporte na capital decidiu adiar os quatro eventos marcados para 2020 por considerar inviável manter os atletas em stand by.

“O preparo não é algo rápido, leva meses e até anos. Outro ponto é que, apesar de acontecer em teatros, as competições também aglomeram pessoas na plateia e backstage. Seria muito difícil manter o distanciamento e não podemos comprometer a segurança de ninguém”, salienta o diretor, excluindo a opção dos eventos acontecerem on-line.

Erasmo, por exemplo, precisa de seis meses antes de algum torneio. “Participo de no máximo duas por ano porque é o que dá pra mim por conta da preparação”, conta.

O tempo de preparo do policial é semelhante ao da estudante de medicina e fisiculturista Thaís Maduro, 25. Quando tudo começou, ela estava de dieta para a próxima competição, em outubro, mas teve que parar e rever projetos. O distanciamento social afetou sua rotina de treinos e vida pessoal.

“Foi um baque para mim, fiquei bastante angustiada porque tudo foi por água abaixo. Comprei pesinhos, mas não era a mesma coisa e não consegui me adaptar”, contou.

A reviravolta impactou em cheio a alimentação de Thais. Sem ter nenhuma previsão de retorno ela começou a comer igual a família. “Convivendo mais em casa, passei a comer pizza, hambúrguer, bolo. Coisas que só comia raramente começaram a fazer parte da minha rotina”, revela. Em Brasília há 14 anos, a mineira de Pato de Minas está no esporte desde 2016, com participação em 10 campeonatos.

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Ela pretendia competir em outubro
A mineira Thais tem 25 anos e mora em Brasília desde os 14 anos de idade
Segundo ela, a prática de musculação surgiu em sua vida como maneira de desenvolver disciplina, sobretudo na área alimentar
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Atleta desde 2016, Thais já participou de dez campeonatos

Thais Maduro/Arquivo pessoal/Reprodução
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Ela pretendia competir em outubro

Thais Maduro/Arquivo pessoal/Reprodução
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A mineira Thais tem 25 anos e mora em Brasília desde os 14 anos de idade

Thais Maduro/Arquivo pessoal/Reprodução
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Segundo ela, a prática de musculação surgiu em sua vida como maneira de desenvolver disciplina, sobretudo na área alimentar

Thais Maduro/Arquivo pessoal/Reprodução
Alimentação

O diretor de arbitragem da IFBBDF explica que, normalmente, o atleta tem duas fases na preparação para competir, variando conforme a categoria escolhida. A primeira é a de crescimento muscular, com dieta mais calórica, enquanto a segunda fase, pré-competição, é o momento de definição do músculo, com restrição nas calorias e perda de gordura.

“No primeiro decreto, parte dos competidores estava na segunda fase e tiveram que manter até ter uma data confirmada. Depois, veio o momento de folga na dieta, mas com cuidado para não engordar. Agora, quem vai competir ano que vem voltou ao foco total”, elucida Pimenta, que foi praticante do fisiculturismo entre 1993 e 2014, quando assumiu o cargo na federação.

Bruno, por sua vez, estava na fase um quando foi deflagrada a quarentena, comendo em grandes volumes. “Antes da pandemia, o objetivo era construir músculo, então a dieta era hipercalórica para render no treino e construir musculatura. A estratégia teve que mudar para algo que não acumulasse gordura e mantivesse o sistema imunológico o melhor possível”, revela o nutricionista que reduziu a quantidade de carboidrato e gorduras e aumentou a quantidade de frutas e saladas.

Erasmo estava no segundo momento da preparação. Desse modo, preferiu reduzir cerca de 20% do aporte calórico da dieta. Ele preocupou-se em restringir o consumo para a quantidade que conseguiria queimar em treinos em casa. O mesmo aconteceu com a proteína e com a suplementação alimentar, que não seriam absorvidas completamente na nova rotina.

“Como estava em casa sem poder sair, igual todo mundo, tive que me policiar para não beliscar sempre, porque é quase um veneno para mim”, disse.

O domingo, que já era o “dia do lixo”, ficou ainda mais especial para Erasmo. Ele revela que conseguia manter a disciplina dos treinos diários e alimentação regrada nos outros seis dias da semana, para que no sétimo se permitisse quebrar a dieta. “É importante ter esse momento pra saúde mental e também serve como motivação para o resto da semana”, explica.

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A relação de Erasmo com o esporte começou quando ele tinha 16 anos
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Além de fisiculturista, Erasmo trabalha como policial militar e é graduando em nutrição

Erasmo Carlos/Arquivo pessoal/Reprodução
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A relação de Erasmo com o esporte começou quando ele tinha 16 anos

Erasmo Carlos/Arquivo pessoal/Reprodução
Cenário

A disciplina com a malhação e a dieta são características destacadas por todos os atletas entrevistados. Conforme analisa Alexandre, “ser uma pessoa regrada te torna uma pessoa mais humana e sensível, tanto em relação aos outros, quanto consigo mesmo.

Além disso, na perspectiva de Bruno, o comprometimento em relação à alimentação aumenta o valor da comida para a pessoa. “Quando se come de uma forma regrada, o momento de comer algo mais calórico se torna mais especial. Sem regras, a pessoa deixa de degustar a comida”, considera.

Diferente de outros esportes, atletas de fisiculturismo não costumam participar de todas as competições do ano. O diretor de arbitragem da IFBBDF explica que, por conta do desgaste e das diferentes categorias, o número de inscritos é variável ao longo do ano. Mas, avaliando em média, Pimenta conclui que 400 fisiculturistas competem anualmente.

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