Poderosa e cheia de energia, a água cura e é importante para o corpo

Brasília vai sediar, pela primeira vez, o Fórum Mundial da Água. O evento, que está em sua oitava edição, vai discutir como usar de forma sustentável essa substância essencial para a vida da maior parte dos organismos vivos.

Além dos aspectos de infraestrutura, no evento haverá espaço para debater a importância da água na saúde do ser humano. Representantes de diversas áreas da ciência discutirão o poder dessas moléculas no tratamento de doenças e o papel espiritual delas.

Em 2006, por exemplo, o fotógrafo e cientista Masaru Emoto fez um experimento para provar que os pensamentos positivos são capazes de cristalizar a água de diferentes formas. Ao falar com algumas amostras e as expor a vários estilos musicais, o japonês obteve resultados surpreendentes: as porções submetidas a sentimentos otimistas congelaram em cristais perfeitos, enquanto as xingadas, não.

Para quem acredita em uma abordagem mais espiritual da vida, o estudo de Emoto tem relação direta com a saúde: uma vez que o corpo humano é composto majoritariamente por água, pensamentos negativos cristalizariam o líquido de forma errada e daí surgiriam as doenças.

Essa ideia não é comprovada cientificamente, mas o fato é que a água tem muito a ver com bem-estar e bom funcionamento do corpo. Um organismo hidratado, com uma ingestão de, pelo menos, dois litros do líquido por dia, funciona melhor: a pele fica mais elástica, o ritmo intestinal aprimora e os rins atuam de forma eficiente para eliminar toxinas.

Além disso, a água está relacionada ao transporte de substâncias, por fazer parte da composição do plasma sanguíneo, à lubrificação das articulações do sistema nervoso e dos olhos, às reações que acontecem em meio aquoso e ao controle de temperatura.

“Água é importante para tudo”, ensina o gastroenterologista do Hospital Santa Lúcia Norte, Hermes Aguiar Júnior. “O sistema gastrointestinal é uma grande membrana de absorção do líquido: quando chegam dois litros ao cólon, por exemplo, só 200ml são eliminados nas fezes”, conta o médico. Em quantidade suficiente, a água ajuda na formação do bolo fecal e evita doenças relacionadas ao esforço da defecação, como hemorroida.

Se a medicina ocidental ainda não aposta na água como ingrediente de cura para doenças, a oriental usa o líquido para tratar problemas há muito tempo. Na Ayurveda, conhecimento desenvolvido na Índia há mais de 7 mil anos, ela é fundamental. Segundo a médica Rosana Takako Ide, o composto constitui todo o conceito da sabedoria e está dentro de duas constituições psicofísicas.

“Cada corpo tem um padrão e é dividido em três doshas: vata (ar e espaço), Pitta (fogo e água) e Kapha (terra e água). O composto consegue diminuir a rigidez da terra, te fazendo mais flexível, neutralizar o excesso de fogo e a expansão. Se o paciente tem predominância de Vata no organismo, precisará de ainda água – o ar e o espaço secam”, explica a médica.

Algumas doenças também estão ligadas à secura e ao envelhecimento. Com o passar dos anos, a pele, as articulações e o organismo ressecam. O corpo vai murchando. Rosana afirma ser possível frear esse desenvolvimento com a ingestão de água. “Se for de boa qualidade, ajuda a curar enfermidades e a manter as pessoas saudáveis”, explica. Com acompanhamento de especialistas, você poderá conhecer a quantidade ideal para o seu tipo físico.

Além do fator saúde, Rosana considera a água feminina, doçura, gentileza e aconchego.

A água “de qualidade” indicada pelo Ayurveda é o líquido mais natural possível, direto da fonte, sem manipulação nem presença de agrotóxicos ou metais pesados. “É a melhor forma de hidratação. Durante as refeições, aconselhamos ‘dividir’ o estômago em quatro partes. Metade será preenchida por comida, um quarto por líquidos (de preferência, em temperatura ambiente ou morna) e o restante deve permanecer vazio. Nunca beba água gelada, pois prejudica a digestão”, explica Aderson Moreira da Rocha, médico e presidente da Associação brasileira de Ayurveda.

Tratando o corpo com água
O Aigai, em São Paulo, vencedor do concurso de melhor spa do Brasil, aposta no líquido como parte do ritual de relaxamento. Lá, é oferecido o Hammam, uma sala aquecida com vapor d’água, onde o visitante deita em um bloco de pedra, passa por uma esfoliação e, ao final, desfruta um tradicional banho de mangueira. Já no Banho Horizontal, vários jatos com temperatura e pressão diferentes ativam pontos vitais do corpo.

“Queríamos criar um lugar que funcionasse como refúgio. A tradução de spa é salus per aquam [saúde por água]. A água é considerada uma fonte poderosa de energia”, explica Fernanda de Freitas Pinazo Samawys, proprietária do Aigai. Segundo ela, só o fato de tomar um banho quente já relaxa a musculatura, desacelera o metabolismo e acalma. Passar por isso enquanto jatos estimulam os pontos certos, funciona ainda melhor. “Tudo isso melhora o desenvolvimento interno do organismo”, afirma.