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No “parto de lótus”, bebê permanece ligado à placenta após nascimento. Método levanta polêmicas

A ao site Mom.me, mãe contou que manteve seu filho ligado à placenta durante seis dias, até que ele se soltasse naturalmente do cordão umbilical

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O relato de uma mãe ao site de maternidade Mom.me trouxe à tona um assunto não tão novo assim, mas que tem causado um certo rebuliço entre mães e médicos. No texto, Adele Allen conta que, nos dois partos, do primeiro filho, agora com 5 anos, e no da segunda bebê, de 9 meses, optou por um procedimento chamado “parto de lótus”, em que o cordão umbilical permanece ligado ao bebê e à placenta, do lado de fora do útero, até que se soltem naturalmente.

No caso da caçula de Adele, esse processo durou seis dias, mas pode chegar a dez, segundo o próprio site. Os benefícios, diz a mãe, são parecidos com os do corte tardio do cordão, em que opta-se por cortá-lo alguns minutos depois do parto, quando ele para de pulsar. Isso daria ao bebê a vantagem de receber entre 30% e 50% mais sangue e nutrientes da placenta através do cordão.

Reprodução/ Mom.me

Quando eu vejo vídeos de bebês nascendo e tendo seus cordões cortados, eu fico muito triste de que nosso sistema médico sinta tanta urgência em aplicar traumas desnecessários ao recém-nascido, que geralmente dão gritos de perfurar os tímpanos no momento do corte do cordão. Meus bebês foram muito pacíficos quando nasceram e só choraram para indicar as primeiras respirações enquanto os pulmões tomavam o papel da placenta.

Adele Allen

Reprodução/ Mom.me

Manter a placenta limpa e “cheirosa” foi uma missão. Para evitar o mau cheiro enquanto ela ainda estava ligada à bebê, Adele costumava cobri-la com uma camada de sal grosso, pétalas de rosas, embalá-la em tecidos e acomodá-la em uma bolsa térmica, que mantinha tudo “limpo e arejado”.

Os obstetras, no entanto, não têm demonstrado tanto entusiasmo assim com a prática, no mesmo site, em uma publicação mais antiga que explica o que é o tal “parto de lótus”, o médico Pat O’Brien, do Royal College of Obstetricians and Gynecologists, diz que manter a placenta ligada ao bebê depois do parto representa um risco enorme de infecção. “Se você quiser escolher um ambiente que encoraja a cultura de bactérias provavelmente você não poderia fazer melhor do que manter a placenta depois do parto. Depois do nascimento, não há mais circulação na placenta, então ela é simplesmente tecido morto, cheio de sangue”, avisa.

Antônio Barros de Oliveira é enfermeiro obstetra da Casa de Parto de São Sebastião, adepto do parto humanizado, e também acredita que, depois que a pulsação no cordão cessa naturalmente, o que acontece cerca de cinco minutos depois do parto, não há muito sentido em manter a placenta, já que a passagem de nutrientes e sangue também é interrompida nessa momento, segundo ele.

“O que a gente faz é o chamado clampeamento tardio (corte do cordão), porque você mantém a oxigenação e a circulação fetal o máximo de tempo possível”, ele diz. Além disso, quando há incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê, estender essa troca sanguínea pode ser perigoso.

A obstetrícia não é uma matemática exata. Cada caso é um caso, cada parto é diferente, não existe um bebê igual ao outro.

Antônio Barros de Oliveira

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