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Namastreta: descubra os riscos associados à meditação

Você não leu errado: a prática até então inofensiva de respirar fundo e “limpar” a mente pode causar transtornos de personalidade

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Portrait of a man sitting in the middle of a path meditating, Ireland
1 de 1 Portrait of a man sitting in the middle of a path meditating, Ireland - Foto: Getty Images

Há milênios, diversas áreas do conhecimento se propõem a estudar como a meditação influencia na qualidade de vida dos adeptos à prática. Descobriram que ela pode melhorar o sono e a concentração, combater o estresse e ansiedade e resultar em muitos outros benefícios para a saúde. A corrida para difundir o estilo de vida mindfulness, no entanto, impediu que informações sobre os riscos associados à meditação viessem à tona. 

Você não leu errado. A prática contemplativa pode ter efeitos colaterais e só agora a comunidade científica debruçou-se sobre o tema na tentativa de identificá-los e compreendê-los. 

Um estudo recente da Universidade Brown (nos Estados Unidos), uma das melhores do mundo, acompanhou mais de 70 voluntários e anotou sintomas que eles tiveram durante um período da vida em que meditavam frequentemente.

Todos relataram algum tipo de condição psicológica fora do comum. Oitenta e dois por cento sentiram medo ou paranoia, 62% tiveram alterações no sono, 42% viram alucinações e 47% disseram que reviveram memórias traumáticas. Parece que mexer com o estado de consciência pode ter consequências inesperadas.

Em 2014, uma pesquisa da Universidade do Leste de Londres constatou que 20% de um grupo de 30 meditadores havia tido experiências dissociativas por causa da prática.

Ao investigar os motivos, os cientistas notaram que muitos deles haviam feito meditações avançadas sem conhecimento algum dos métodos – e nem de si mesmos.  “Você apenas sente que não existe e que não há nada realmente dentro de você. É niilista, aterrorizante”, descreveu um dos voluntários aos pesquisadores. 

Transtorno de despersonalização

Um dos transtornos do qual a comunidade científica já têm conhecimento e trabalha para verificar se, de fato, está associada à meditação é o transtorno de despersonalização. 

Descrito na última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a Bíblia da psiquiatria, a despersonalização consiste em “experiências de irrealidade, distanciamento ou de ser um observador externo dos próprios pensamentos, sensações ou ações. O indivíduo pode sentir como se estivesse entre nuvens, em um sonho ou em uma bolha.”

O que pensam os cientistas

Grande parte dos pesquisadores, porém, não acredita que sentir mal-estar durante a meditação seja um problema e possa afetar a saúde das pessoas. Isso porque qualquer método que se propõe a mergulhos profundos nos pensamentos pode trazer à tona sensações desconfortáveis, até mesmo as idas semanais à terapia. 

No livro O colapso é o Despertar, o psiquiatra Russell Razzaque conta que já teve uma experiência semelhante, mas afirma que a agonia da despersonalização pode ser encarada como um despertar existencial, e não como um colapso nervoso.

“Me senti descendo para um estado meditativo profundo. Viajei pelas sensações do meu corpo e dos pensamentos para um estado em que eu nada sentia, como se fosse o útero de tudo. Eu era tudo e nada ao mesmo tempo”, descreveu.

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