“As pessoas estão intoxicando seus corpos”. Médico ensina a prevenir doenças na velhice
Conversamos com o famoso cardiologista e nutrólogo Lair Ribeiro para saber quais são os cuidados principais para envelhecer sem ficar doente
atualizado
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Há algum tempo as pessoas estão mais preocupadas em manter uma alimentação saudável, realizar atividades físicas, beber muita água e levar uma vida mais leve. E, de acordo com o cardiologista e nutrólogo Dr. Lair Ribeiro, estamos no caminho certo.
O médico, autor de 38 livros, sendo 15 best-sellers, 26 traduzidos para outros idiomas e disponíveis em mais de 40 países, vem para Brasília para participar do I Congresso da Farmacotécnica em Medicina Preventiva – CONFARMED, onde vai falar sobre câncer, destoxificação, atualização hormonal, sistema imune, otimização cerebral e Alzheimer.
Em entrevista ao Metrópoles, ele falou sobre a importância de se alimentar bem para prevenir doenças e quais alimentos influenciarão positivamente ou negativamente a saúde na terceira idade.
O que mudou na forma de envelhecer das pessoas?
As pessoas estão vivendo mais tempo, mas também passam mais tempo doentes. Se comparados com os nossos ancestrais, a exposição à poluição mudou, as cidades estão bem mais poluídas. Nosso organismo não é preparado para a poluição, nosso genoma não foi feito para isso, os homens das cavernas não conviviam com tanta poluição. Muitos cremes hidratantes têm petróleo, muitas pastas têm excesso de flúor, as pessoas estão intoxicando seus corpos. O brasileiro de 65 anos toma em média cinco remédios por dia. Vai viver mais que o pai viveu, mas com menos saúde. A longevidade aumentou, mas a saúde diminuiu.
Existe uma forma de envelhecer sem ficar doente?
Ninguém quer parar de enxergar, ninguém quer esquecer o filho, perder os movimentos. Mas, para isso é preciso cuidar de várias coisas, principalmente da saúde. Primeiro, atividade física é fundamental, se ficar sentado muito tempo vai perdendo a musculatura. Uma pessoa precisa dar, no mínimo,10 mil passos por dia para não ser considerada sedentária.
Em algumas lojas especializadas é possível comprar um aparelho chamado pedômetro – custa uns R$ 35, coloca na cintura quando acorda e ele conta seus passos do dia. Quanto mais sedentário, mais prematuro é o envelhecimento. Não precisa entrar na academia, vale andar na rua, dentro de casa.
Que tipo de alimento devemos privilegiar?
É preciso pensar a alimentação e a qualidade nutricional. Os alimentos já chegam na mesa contaminados e mais de 50% do carrinho de compras não é alimento, é produto alimentício, processados, com conservante, tóxicos. A suplementação de vitaminas minerais tornou-se necessária, pois o solo brasileiro ficou pobre. Por exemplo, o plantador de tomate planta todo ano e no mesmo local, sempre colocando adubo. O tomate precisa de selênio, só que a terra não tem mais selênio, por causa da monocultura. Ele vai falar que tem selênio, mas a realidade é que não tem e o selênio é responsável por mais de 300 reações positivas do corpo.
Qual é a influência dos hormônios nesse processo?
Os hormônios vão caindo com o envelhecimento e nas mulheres, além de determinar o fim dos ciclos reprodutivos, também produz uma série de sintomas desagradáveis. O jeito é atrasar por via hormonal, mas não pode ser qualquer hormônio repositor, tem que ser os bioidênticos.
Os remédios vendidos em farmácia para reposição são progestina, molécula similar à progesterona, mas não igual. Ele é derivado da urina de éguas prenhas com ação hormonal. É uma substância natural, mas não é bioidêntica, porque refere-se aos hormônios produzidos pelas éguas e não por seres humanos.
Por isso ocorrem problemas comuns na reposição hormonal comum, como câncer e doenças cardiovasculares. Os hormônios bioidênticos são iguais aos que temos no corpo e, apesar de pouco conhecidos no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa já são bem conhecidos.
Qual é a idade certa para começar essa reposição hormonal?
Geralmente, por volta dos 50 anos, mas vai depender muito de pessoa para pessoa. O importante é que, na hora de começar a reposição hormonal, procure por hormônios bioidênticos, pois, como já falei, são iguais aos hormônios do corpo.
Quais elementos colaboram para o bom envelhecimento e por que?
O melhor alimento do mundo é o leite materno. Se pudesse vender no mercado, seria maravilhoso. Na Europa inclusive fazem isso, no mercado negro, claro. O colostro – presente no leite materno, é rejuvenescedor e dá força para o bebê. Na minha opinião,depois vem o ovo. Falam que ele aumenta o colesterol, mas é balela. O ovo frito aumenta o colesterol, assim como qualquer alimento frito, está relacionado com a fritura.
O ovo poché vai baixar o colesterol, pois tudo que a vida precisa está no ovo. O óleo de coco também é muito bom, tem ácidos láurico, mirístico e caprílico, é de cadeia média que mata fungos, bactérias, vírus, muito interessante para a saúde. O azeite de oliva prensado a frio, mas deve ser extra-virgem e vir envazado em vidro preto, nunca em latas de alumínio. Quinoa, curry, cúrcuma. Per capita, a Índia é o lugar que tem menos incidência de Alzheimer e eles consome muita cúrcuma.
Quais alimentos as pessoas mais velhas precisam evitar?
Não se pode misturar gordura com açúcar. Na verdade, quanto menos açúcar melhor. Nos últimos 20, 30 anos aumentou-se muito o consumo de carboidrato. Somos o país, per capita, que mais consome açúcar por pessoa. É um problema muito sério. O ideal é a dieta paleolítica, comer exatamente como nossos antepassados comiam. Quando o corpo precisa de açúcar, ele faz. Não precisamos ingerir.
Qual é a idade para começar a cuidar da saúde cerebral?
Agora, hoje, não interessa sua idade. A osteoporose é uma doença que pode começar a ser desenvolvida aos 15 anos, quando geralmente se inicia o uso da pílula anticoncepcional e vai se manifestar depois.
Serviço
I Congresso da Farmacotécnica em Medicina Preventiva – CONFARMED
Data: Sábado (20/02) das 8h às 18h; e domingo (21/02) das 8h30 às 17h
Local: Auditório José de Paiva Netto, 1º andar do ParlaMundi – Templo da Boa Vontade (SGAS 915)
Inscrições e mais informações: (61) 3346-7984