Jovens com escoliose conquistam fãs no TikTok ao desmistificar a doença
As jovens contam aos seguidores como é a vida de alguém com a deformação na coluna
atualizado
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As reclamações de dores na coluna aumentaram com a pandemia do novo coronavírus, provavelmente por conta da adesão ao trabalho a distância. Porém, o mal-estar pode estar atrelado a problemas mais complexos, como a escoliose.
A deformidade na coluna vertebral atinge de 2% a 3% da população mundial, segundo dados da Fundação Nacional para a Escoliose, dos Estados Unidos. Na internet, um movimento curioso tem ganhado força: jovens contam suas histórias e vivências com a doença e fazem sucesso no TikTok.
Aos 15 anos, Natália Medeiros conquistou seguidores ao aparecer em vídeos utilizando o colete ortopédico. Com ele, faz coreografias populares e responde dúvidas sobre seu quadro clínico. O desconhecimento sobre o assunto a tornou referência entre seus 37,5 mil seguidores na rede social. A produção de conteúdo para o TikTok começou de forma despretensiosa, apenas por diversão.
“É uma ótima plataforma para conscientizar as pessoas. Meu objetivo é esse”, diz Natalia, moradora de Indaiatuba, no interior de São Paulo. O lema da jovem é a frase “seguindo em linha torta”, que faz menção à escoliose e à perseverança.
A estudante e atleta de natação descobriu a doença aos 13 anos, durante uma aula de pilates. A professora percebeu a diferença de altura entre os ombros de Nathália. Pouco tempo depois, ela foi diagnosticada com escoliose com duas curvas.
@natmedeiross
Desde então, a estudante recebe acompanhamento regular e realiza atividades físicas específicas para tratamento da doença em casa, além da natação. Usar o colete não é e nunca foi um problema para Natalia, apesar de chamar mais atenção do que outros acessórios de uso médico, como óculos de grau e aparelho ortodôntico. Segundo ela, o colete não a atrapalha no cotidiano e melhora (e muito!) a qualidade de vida de quem tem escoliose.
Cirurgia
Em casos mais graves de escoliose, a pessoa pode ser submetida a cirurgia de correção da coluna. A estudante Gabrielly Elias, de 18 anos, passou por essa situação aos 13 anos, após uma professora de biologia perceber um “calombo” em suas costas. O inchaço já havia sido notado pela mãe, meses antes, mas não foi averiguado por conta da falta de informação sobre esse quadro.
A descoberta foi um marco na vida de Gabrielly, que nunca tinha passado por procedimentos cirúrgicos e não sentia dor na região. A operação foi invasiva e deixou uma cicatriz de ponta a ponta nas costas da estudante, além de 26 pinos e duas placas de titânio na coluna.
“Foi um choque muito grande. Todos os médicos que eu ia me diziam que eu tinha que operar o mais rápido possível, o quanto antes”, conta a moradora de Americana, também no interior de São Paulo.
Ambas defendem que as informações sobre a doença são pouco divulgadas nos canais de comunicação. Por esse motivo, muitas pessoas a descobrem tardiamente, quando os danos já são irreversíveis.
Em seu perfil no TikTok, Gabrielly conta tudo sobre a doença e costuma tirar dúvidas de seus seguidores, mais de 73,8 mil.
“Deveria haver uma conscientização maior sobre o que é a escoliose. Ela é muito perigosa, principalmente na fase de crescimento, e pode ser permanente se não for reparado nesse momento”, explica Gabrielly.
@gabyeliaas respondi as maiores dúvidas de vocês depois da saga da escoliose #fyp #foryou #escoliose
População
Assim como as duas jovens, mais de 6 milhões de brasileiros possuem curvas na coluna sem motivo aparente, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O problema recebe o nome de escoliose idiopática adolescente e é mais comum em adolescentes do sexo feminino. As outras causas para a deformidade da coluna, que pode ser acompanhada de rotação das vértebras, ocorrem por conta de problemas tanto na formação dos ossos da coluna vertebral quanto de ordem neurológica.