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Joseph Saltoun, mestre da Cabala, diz: “Essa geração quer sabedoria”

O rabino canadense vem a Brasília no final do mês para o 2º Congresso Brasileiro de Kabbalah e conversou com o Metrópoles

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A Cabala (lê-se Cabalá) ou Kabbalah é um conhecimento milenar, mas apenas ganhou fama há poucos anos. Essa popularização se deve em grande parte à cantora Madonna, uma das seguidoras mais apaixonadas do movimento. Desde 2008, ela divide os seus holofotes para ajudar a popularizar as palavras cabalistas. O universo de luxo da diva pop, entretanto, não combinam com a fala devagar e a sabedoria do rabino Joseph Saltoun.

O canadense é escritor e estudioso espiritual e um dos principais guias do estudo da Cabala do tempo moderno. Viaja o mundo para compartilhar conhecimento e desmistificar os aspectos do movimento. O primeiro deles? Não é uma religião. Os cabalistas trabalham com sabedorias espirituais que oferecem uma ponte para lidar com os problemas do dia a dia e pode ser seguida por pessoas de qualquer crença. “É ligado ao lado filosófico, teológico de todas as religiões, mas também está conectado à ciência, psicologia e ao desejo do ser humano de absorver conhecimento”, tenta explicar.

Rabino Joseph Saultoun/DivulgaçãoNos dias 26 e 27 de agosto, rabino vem a Brasília para o 2º Congresso Brasileiro de Kaballah. Durante o fim de semana, os seguidores irão aprender sobre a mulher na Kabbalah, limpeza mental, meditação e vários outros temas. O encontro é organizado pelo Instituto Meron, que é liderado por Saltoun. Ele conversou com o Metrópoles para explicar mais sobre a tradição mística.

Como surgiu a Cabala?
Esse é nosso desafio, porque ela não nasceu no sentido do tempo. Ao longo da história da humanidade, apareceram muitas pessoas que canalizaram ou transmitiram essa sabedoria. Nas civilizações mais antigas, como no Egito Antigo, a cabala já existia. Ela aparecia no formato de astronomia, ciência, medicina. Hoje, os arqueólogos se surpreendem com as escavações e o conhecimento dessas celebrações e perguntam de onde veio essa sabedoria. Nós falamos que veio de dimensões extrafísicas, atemporais.

Em cada geração aparecem pessoas iluminadas, elevadas, que canalizam e transmitem esse conhecimento em forma de palavras, parábolas, ou transmitindo energia cósmica.

Rabino Joseph Saltoun

Como essa sabedoria ajuda as pessoas?
O ser humano é curioso por sua origem, seu propósito de vida. A Cabala oferece muitas respostas para ajudar a entender e a compreender sua missão, o sentido da vida. Fala sobre morte e reencarnação, explicando que a nossa essência é energética. Não some, não desaparece, ela se transforma. A prática da Cabala é para nos ajudar a transformar energia ruim, em pura. Nesse processo de autotransformação, aprendemos como interagir com o universo, com a natureza. Às vezes estamos estagnados por preconceitos, pensamentos, e isso atrapalha a evolução espiritual, emocional e psíquica.

A Cabala é um conhecimento milenar. Como ela se molda aos tempos modernos?
O nosso maior desafio é esse. O americano fala que tempo é dinheiro, a Cabala fala que é vida. Fazemos uma série de meditações e treinamentos mentais e espirituais para, de uma certa forma, expandir os minutos na nossa vida. Estamos vivendo mais em comparação aos dois séculos anteriores, mas precisamos pensar em termos de quantidade e de qualidade. Hoje temos mais tempo em quantidade, mas menos em qualidade. A Cabala quer oferecer essa dimensão de qualidade.

Como o homem se adapta à atualidade?
Todo mundo hoje quer ser mais criativo, produtivo, ultrapassar obstáculos, ter menos medo. A vida oferece desafios para crescer, evoluir, experimentar, estudar, mas nossa maneira de interpretar esses desafios é meio distorcida. Vemos o desafio como problema, como maldição, como algo negativo. A Cabala ajuda a entrar na raiz da mente — como um chip eletrônico com vírus, que não funciona bem, interpreta a vida de forma ruim. Ajudamos a reprogramá-lo e enxergar a vida de forma produtiva e criativa.

Se fala muito que a Cabala só podia ser ensinada a um grupo limitado de pessoas e há algum tempo começou uma popularização. É verdade?
Estamos em uma campanha nos últimos 40 anos tentando desmistificar os aspectos da Cabala. Eu represento uma linhagem de milhares de anos que queria espalhar e ensinar esse conhecimento. Mas o público nem sempre esteve aberto para receber e assimilar. Não é sempre que se reage de forma positiva a novidades. Os cabalistas perceberam esse medo do novo e por isso tinham receio de abrir a porta. Hoje, o homem moderno está mais aberto, tem menos preconceitos, menos medo, menos fé cega e hoje está aberto para aprender. O conhecimento liberta da escravidão da ignorância.

A Cabala ficou “famosa” pela grande adesão de celebridades. Por que o senhor considera que a prática atrai esse tipo de pessoa?
Uma celebridade é uma pessoa. O rico ainda tem problemas emocionais, de amor, de carinho. É um ser humano como qualquer outro. A Cabala atende essas necessidades humanas básicas e intrínsecas muito no fundo do seu coração, da sua alma. Existe uma “profecia” no livro da Cabala, Zohar, que descreve nossa época, nossa geração, nosso mundo, e fala que nós vamos procurar a sabedoria da verdade. O que nós estamos vendo, essa abertura em todas as religiões, povos, países, sexos, é uma realização de uma profecia.

O que significa a pulseira vermelha?
Não somos uma religião, mas uma parte da Bíblia fala sobre o momento em que os israelitas entraram com Josué para conquistar a terra prometida. A primeira cidade era Jericó. Uma mulher de lá salvou os espiões enviados por ele. Em troca, pediu proteção quando a cidade fosse invadida. Como sinal de quem devia ser poupado, ela amarrou uma fita ou um xale vermelho. Segundo a Cabala, o vermelho atrai energia, por isso a fita vermelha nos protege contra mal-olhado, olho gordo e pensamentos de inveja.

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